¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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quinta-feira, março 30, 2006
 
CENSURA NO CONTINENTE TODO?


Caro Janer

Parabéns pelo artigo sobre a censura do filme "Adeus, Lênin". Eu cogitava a compra deste filme, e ainda bem que a evitei ao máximo (motivos financeiros), pois assim pude evitar gastar dinheiro em uma cópia vítima da censura do politicamente-correto ignóbil e hipócrita.
Lastimável que alguém decida o que é melhor pro filme, além do direto.

E gostaria de avisá-lo sobre algo que encontrei e parece muito suspeito: há menção de duas versões do filme, desta forma:

"Runtime: 121 min / Argentina:112 min"
http://www.imdb.com/title/tt0301357/

Coincidência que Che também fosse justamente Argentino. Ou não é apenas coincidência? Aviso também que procuro editar uma informação de edição alternativa neste mesmo site para avisar da censura brasileira.

Obrigado pelos bons textos, e continue com o bom trabalho.

Carlos Augusto

quarta-feira, março 29, 2006
 


COMO LER JORNAIS


Meu último ensaio já está nas boas bancas da WEB:

http://www.ebooksbrasil.org/nacionais/index.html

Se o leitor quiser um formato que dispensa soft leitor:

http://www.ebooksbrasil.org/nacionais/ebooklibris.html

O livro é uma reorganização de textos críticos (crônicas e ensaios), que analisam os bastidores e entrelinhas da imprensa nacional e internacional nos últimos vinte anos, como também fatos do mundo das Letras. Assim, para quem acompanha minha atividade jornalística, esta coletânea poderá ter um ar de déjà-vu. Para quem não acompanhou, uma oportunidade de entender como fazem os jornais para enganar o leitor.

terça-feira, março 28, 2006
 
ZELO EXTRAORDINÁRIO


Zelosos funcionários da Caixa Econômica Federal descobriram uma grave anomalia na conta corrente de um de seus clientes: o caseiro Francenildo dos Santos Costa tinha uma vultosa movimentação de 25 mil reais. Assustados com tal montante, os funcionários passaram o extrato da conta de Francenildo ao presidente do banco, Jorge Matoso. O presidente, estarrecido com as cifras milionárias do extrato, decidiu acordar o próprio ministro da Fazenda, o impoluto Antonio Palocci, para entregar-lhe o extrato. "Cumprindo meus deveres funcionais e sem que isso de forma alguma representasse quebra indevida de sigilo, comuniquei o fato à autoridade superior à qual a Caixa encontra-se vinculada".

Obviamente havia algo de errado na economia da nação. A conta corrente do "simples caseiro" - como disse o Supremo Apedeuta - tinha 5.000 reais a mais que a mais modesta propina do mais barato deputado do PT, o Professor Luizinho. A nação estava em perigo. O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, mobilizou a Polícia Federal para investigar o que parecia ser um caso gravíssimo de lavagem de dinheiro.

Só com homens assim probos, sempre vigilantes às tentativas de pérfidos caseiros de desestabilizar a economia da nação, poderemos construir um país melhor. Deposite seus dinheiros na Caixa Econômica Federal, esse banco de rigor implacável, cujos diretores não se constrangem em acordar um ministro no meio da noite para denunciar a menor irregularidade em contas correntes.

Durma tranqüilo. A nação está em boas mãos.

segunda-feira, março 27, 2006
 

UMA DAS CENAS
CENSURADAS
EM "ADEUS, LÊNIN"

 
IRONIAS DA VIDA


O PT conseguiu o que há horas as oposições tentam e não conseguem: derrubar o ministro petista da Fazenda. Longa vida ao PT. Falta derrubar mais um.

domingo, março 26, 2006
 
CHE RESSUSCITA DO LIXO


Em fevereiro de 2004, comentei Adeus, Lênin, este belo filme de Wolfgang Becker, raridade nestes dias de salas inundadas por bestsellers para consumo de pobres de espírito. O drama gira em torno de uma cidadã da antiga Berlim Oriental, que caiu em coma um pouco antes da queda do Muro. Só sai do coma alguns meses depois, quando Berlim é uma cidade só. Para evitar que a mãe tenha algum infarto com a nova realidade, seu filho remonta o apartamento com os trastes da era socialista, que nesta altura já haviam sido jogados a um depósito. Toma o cuidado de fechar janelas e eliminar rádio e televisão. Dada a insistência da mãe em ter um aparelho de TV, o rapaz passa a produzir noticiários com um amigo cineasta, no melhor estilo da finada Alemanha Oriental. Ele produz uma RDA que não mais existe, para consumo da mãe em convalescença.

Um rápido detalhe, talvez despercebido aos olhos de muitos, mexeu comigo na ocasião: entre os trastes da era antiga, que o filho recupera de um depósito de objetos inúteis para manter a mãe na ilusão de que nada havia mudado, está um pôster do Che Guevara. No filme de Becker, que reproduz uma Alemanha de 1991, Che é ícone jogado ao lixo. Neste nosso país incrível, justo naqueles dias em que eu escrevia a crônica - isto é, treze anos após a queda do Muro - estava sendo ultimado Diários da Motocicleta, de Walter Salles, idílico panegírico ao assassino que tem no currículo, entre outros feitos, ter tornado Cuba um dos países mais pobres do continente, que só não é o mais o pobre porque ainda existe o Haiti.

Vi e revi o filme mais duas ou três vezes. Num destes sábados, dia 18 passado, encontrei-o na programação do Telecine. Vou deliciar-me de novo, pensei, com este irônico relato da derrocada da barbárie. Quando acabou o filme, senti uma lacuna em meu prazer. Não havia visto o momento em que o pôster do Che é retirado do lixo. Imaginei que talvez tivesse ido à cozinha ou ao banheiro e perdido a cena. Decidi então rever meu passado recente. Eu havia visto o filho retirando da parede a foto de Honecker, quando o campeão de tiro na nuca renuncia. Havia visto o rapaz repondo na estante um livro de Anna Seghers. Até ali não havia levantado do sofá. A cena do pôster teria de estar antes da chegada da mãe ao apartamento. Não estava. O episódio fora cortado.

Denunciei o fato neste blog e recebi mensagens de pessoas que também não haviam visto a cena. Leitores incrédulos preferiram rever o filme, que seria reprisado na madrugada de terça-feira, dia 21. Sentei-me de novo ante a telinha e confirmei: a cena de fato fora cortada. Quando a mãe volta, em rápidos fotogramas vê-se o pôster reposto na parede de cabeceira da cama. Che ressurge do lixo, mas a cena em que foi retirado do lixo nos foi subtraída. É como se sempre estivesse estado naquela parede e jamais tivesse sido jogado ao lixo. A direção do Telecine - escrevi então - deve ter julgado a imagem por demais chocante para o público brasileiro.

Leitores que também curtiam o filme me alertaram: haviam-no visto em DVD e nada da cena do pôster no lixo. Para conferir, peguei um DVD na locadora. De fato, o filme estava censurado no próprio DVD. Quem julgou a imagem por demais chocante para o público brasileiro foi a distribuidora. Mas pode o Telecine distribuir um filme mutilado, só para agradar as viúvas do socialismo? A meu ver, tem a obrigação de reprisar, para o público brasileiro, o filme sem cortes.

Em pleno ano da graça de 2006, dezessete anos após a queda do Muro, quinze anos após a dissolução da União Soviética, temos ainda stalinistas de plantão preservando a imagem de um bandoleiro internacional a serviço do comunismo. Da mesma forma que Stalin mutilava fotos, para impor aos povos sua falsificação da História, mais de meio século depois da morte de Stalin temos neste Brasil censores mutilando filmes para salvar a imagem de Guevara. Se o filho da militante produzia uma RDA inexistente para manter sua mãe na ilusão de um mundo socialista, os distribuidores de Adeus, Lênin produzem um filme distinto do filme original, para manter o mito idílico de um apparatchik de gatilho fácil e sem escrúpulos.

Não por acaso, na Bolívia, Guevara é cultuado como San Ernesto de la Higuera. La Higuera é a aldeia onde Che foi preso. Um monumento ao assassino e um memorial na antiga escola são as principais atrações turísticas da área. Depois do filme de Walter Salles, a aldeia passou a fazer parte da "Ruta del Che". Eficaz intermediário entre Deus e os seres humanos, o novo santo já tem operado milagres.

Associada a causas nobres, a imagem do Che pode circular. Na terça-feira passada, 21 de março, está presente na primeira página da Folha de São Paulo, numa foto de alunos de uma escola municipal em Itaquera, São Paulo. Discreto, como convém aos santos, Che está no canto inferior direito da foto, na capa de um caderno escolar. A reportagem sequer fala do guerrilheiro. Apenas denuncia o fato de que a escola está situada acima do forno da padaria de um supermercado. O Che, você engole sem perceber.

Dois dias depois, na quinta-feira, no mesmo jornal, em página interna, uma homenagem mais evidente. Em uma foto de indígenas equatorianos protestando contra as negociações para um tratado de comércio com os EUA, lá está de novo o Che, glorioso, sobressaindo da foto, como que liderando o protesto. Como se o homem que levou um país à miséria econômica tivesse qualquer autoridade para liderar protestos contra tratados comerciais.

Já não basta termos de ver na televisão uma deputada dançando para saudar a vitória da corrupção, já não basta vermos o Estado petista assestando toda sua máquina contra um pobre caseiro, temos ainda de consumir gato por lebre e engolir as mentiras piedosas de stalinistas instalados em distribuidoras de filmes. Nestes dias, quem quiser ver o filme na íntegra, terá de viajar a Paris, Berlim ou Roma. Enfim, a países onde Che já teve o destino que sempre mereceu, a famosa lata de lixo da História. Como fazíamos na época da ditadura militar. Quem podia, viajava à Europa para ver bom cinema. Quem não podia ir à Europa, ia a Montevidéu ou Buenos Aires. Neste sentido, os cidadãos de Santana do Livramento eram privilegiados, bastava atravessar a Calle Internacional e assistir ao filme em Rivera.

Não por acaso, um filme como La Palombella Rossa, de Nanni Moretti, jamais passou no Brasil. Estava muito perto da queda do Muro, as chagas das viúvas ainda continuavam abertas. East Side Story, produção alemã de 1997, dirigida por Dana Ranga, cineasta romena que vive em Berlim, saudado pela imprensa americana como um dos melhores da década, passou quase clandestinamente em uma sala no Rio, outra em São Paulo. A crítica, nem um pio.

Hoje, a censura é mais sutil. O filme passa. Mas que nenhuma blasfêmia seja feita aos sagrados ícones do hagiológio das esquerdas.

sexta-feira, março 24, 2006
 
A PALAVRA PROIBIDA


"Nesse período de crise, houve erros de todos os lados. O governo cometeu erros, meu partido cometeu erros, eu certamente cometi erros e todos nós temos que pagar pelos erros que cometemos, mas não se pode transformar o debate político em uma crise sem fim" disse o ministro da Fazenda, Antonio Palocci.

Crimes? Nem pensar.

 
COMO SER JORNALISTA E
DEPOIS APRENDER A ESCREVER



Curso de Português no Sindicato dos Jornalistas de Porto Alegre

O curso de português, com conteúdos gramaticais, noções de interpretação de texto e de redação, ministrado pelo professor Landro Oviedo, está com inscrições abertas e será realizado aos sábados, de 8 de abril a 3 de junho, excetuando-se os feriadões, pela manhã, das 9h às 12h, e à tarde das 13h às 16h30min, na sede do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do RS - Rua dos Andradas, 1270, 13° andar, centro de Porto Alegre. Podem participar Jornalistas e demais interessados. Os Jornalistas sindicalizados têm desconto especial.

Ou seja, primeiro forme-se em jornalismo. Mais tarde, sempre haverá tempo para aprender a redigir.

quarta-feira, março 22, 2006
 
MAIL DO CALIL

Caro Janer,

Primeiramente, parabéns pelo teu novo artigo. Muito bem colocadas suas opiniões a respeito de separar o joio do trigo no mercado literário. Sobre a pequena propina que as livrarias cobram para evidenciarem um livro nas vitrines, também não é novidade para mim.

Trabalhei por três anos em uma editora, eu era o editor de uma revista de informática, e conheço bem a guerra que é tentar expor sua mercadoria em prateleiras. Na época, um de nossos maiores clientes era o Carrefour, e foi necessário destinar o que eles chamam de "verba de marketing" para que nossas revistas fossem colocadas em gôndolas próximas aos caixas. Se não pagássemos, era provável que as revistas fossem para as prateleiras normais e os funcionários as cobrissem com revistas concorrentes.

Também lhe envio este e-mail para agradecer a citação do meu blog em seu artigo - confesso que não esperava, fiquei surpreso ao ler. Acho que só hoje meu blog deve ter tido mais visitantes do que em todos os dois anos que está no ar. Novamente, muito obrigado.

Um grande abraço, Janer, e espero manter um contato mais freqüente.

Emílio Calil
www.emiliocalil.kit.net

 
BISTRÔ DO LIVRO



Janer, gostei particularmente das suas postagens sobre as livrarias. Amo os bons livros. Em 2002 e 2003, trabalhei como vendedor numa livraria em Ipanema. Era um restaurante/livraria; a parte da livraria era de propriedade de um apaixonado pela literatura, o Irã Salomão. Comecei lá quando as obras ainda não haviam terminado, o que me deu o prazer de montar a livraria com meu chefe.

A livraria era daquelas em que tanto o dono quanto os funcionários não precisavam de computador para saber se tinha tal livro ou onde tal livro estava. Afinal, nós é que escolhíamos os livros, os catalogávamos no banco de dados do computador (que servia principalmente pra fazer controle de estoque) e os guardávamos nas prateleiras. O acervo da livraria era de cerca de dez mil livros, se não me engano.

Você falou que o livreiro de sua confiança não tem certos best-sellers. Lembro-me de que o Irã não queria Paulo Coelho na sua loja, mas que eu defendi a compra de suas obras. Acho que PC não é o melhor escritor do mundo, mas o fato de ser tão vendido, em tantos países, faz com que eu pense que é impossível ignorá-lo. O que não seria o caso do livro da Bruna Surfistinha ou dos livros da Zíbia Gasparetto, por exemplo. De qualquer modo, lá nunca foram vendidos livros de auto-ajuda.

O meu maior prazer acontecia quando alguém entrava na livraria, pedia um livro raro por aqui - por exemplo, El Liberalismo Viejo y Nuevo, de José Guilherme Merquior, edição do Fondo Económico de Cultura - e, pronto, em dez segundos o livro estava em suas mãos. Eu me divertia com o olhar incrédulo de alguns bons leitores, que freqüentemente se tornavam clientes fiéis.

Trago recordações marcantes de quando trabalhei naquela livraria. Não me esqueço de quando o Fernando Sabino entrou no salão, já curvado da idade, pouco antes de sua morte, e ficou feliz vendo tantos livros seus, um ao lado do outro, ocupando uma prateleira inteira na área de literatura brasileira; não me esqueço de quando achei que o Bruno Tolentino estava visitando o lugar, mas considerei que seria incômodo perguntar se ele era mesmo quem eu achava que era, já que estava acompanhado; guardo com carinho tantas conversas e tantos livros autografados por seus autores, famosos ou desconhecidos.

Janer, eu não sabia que nas grandes livrarias se cobra por um local mais atraente para os livros. De fato, posso atestar que os livros mais expostos são muito mais vendidos; mas na livraria do Irã, o Bistrô do Livro, nunca houve espaço vendido.

A propósito, a livraria dava prejuízo e fechou.

Gustavo Bertoche

 
EXÓTICO PAÍS...



... este nosso, cuja suprema corte de Justiça dá liminar para calar e mentir para quem tem de falar e concede liminar calando quem quer falar sem mentir.

 
PERDA DE TEMPO


Janer, perdi meu tempo indo na Bienal do Livro no Anhembi. Logo na entrada dei de cara com uma "paciata" - dentro do pavilhão, mesmo, em meio aos stands - de um grupo evangélico em uníssono: - Jesus, Jesus, Jesus, é o único salvador!

Mais adiante, no stand da Siciliano, estava uma multidão em fila para conseguir um autógrafo da escritora - ops, hospedeira de defuntos escritores - Zíbia Gaspareto, o ícone da literatura espírita.

Vamos adiante! No stand da Cia das Letras, eis que está lá o maior escritor "pay per write" de orelhas por encomenda: o fabuloso Cony.

Não bastansse tudo isso, ao sair do Anhembi, encontrei esse monumento, até fotografei e te envio a foto anexa. Uma homenagem aos estudantes mortos na praça da Paz Celestial. No monumento está grafado: "em defesa da democracia e do socialismo".

Bom, para combater o mau humor que na hora residia em mim, só mesmo uma piada desse tipo. Mas quem disse que era piada? Voilà... é só mais uma mentira consagrada!

Abraço e sexta estamos baixando por aí...

Diogo Chiuso

terça-feira, março 21, 2006
 
CASA DE FERREIRO



Em mensagem para o MSM, a propósito de minha última crônica, a leitora Cleonice Freitas escreve:

"Há algum tempo tenho tentado, sem sucesso, comprar nas grandes livrarias de Porto Alegre, livros de Santo Tomás de Aquino e de Aristóteles. A resposta é sempre a mesma: somente por encomenda. Como pode livrarias do porte de uma Sulina, Siciliano, Cultura não manterem este autores em prateleira? A solução foi encomendá-los pela Internet".

O espantoso em tudo isso é que a Suma Teológica é edição da Sulina. Não seria de duvidar que os próprios funcionários da Sulina não saibam disto.

 
DVD

Mail de mais um espectador atento:

Caro Janer,

Não quero defender a Globosat, mas a versão que vi em DVD também não tinha esta cena. A distribuidora deve ter lançado uma versão para agradar os amigos do apedeuta.

Daniel Carlos Nava

 
CENSURADO


20/03/2006 21:08

Bah!
Verdade, Janer, cortaram deliberadamente o filme! É razoável imaginar que esse não é um caso isolado. Que diabos, isso merece ao menos um email pro Telecine (ou pra Globosat, ou seja lá quem fez a censura)! Não podem alegar extrema violência, nem cenas de putaria, então resta apenas controle ideológico.
Chamei meu pai pra ver comigo, ele também já havia assistido ao filme, e se não tivesse visto com os próprios olhos não sei se acreditaria também. Também pudera.

Carlos

 
STALIN VIVE, E COMO!



Adeus, Lênin foi reprisado hoje às 00h30m no Telecine. Voltei a revê-lo para conferir a inacreditável censura da cena em que um pôster do Che é retirado do lixo. Resolvi conferir porque até eu mesmo já duvidava do que havia escrito.

São 00h56. O apartamento já está reconstituído. Já reaparece o pôster no quarto da militante que voltou do coma. Faltou a cena em que o filho o retira do lixo.

segunda-feira, março 20, 2006
 
AINDA "ADEUS, LÊNIN"

Janer,

Pensei que só eu tinha reparado na cena cortada da reprise de "Adeus, Lênin". Me chamaram de conspiracionista quando notei isso e falei pro pessoal que estava assistindo comigo que aquilo poderia ser algum tipo de censura. Na verdade pode até ter sido exagero meu, mas pelo menos mais alguém percebeu... não estou ficando maluco.

Sandro

 
A PROSTITUIÇÃO DO MERCADO LIVREIRO



Você gosta da boa companhia dos livros? Então já terá observado que, nas vitrines e gôndolas das grandes livrarias, não há livro que preste. Você dá de cara com os paulos coelhos da vida, dans browns, harry potters, dalais lamas, livrecos de auto-ajuda, uns explorando o cadáver de Cristo, outros explorando os cadáveres de Platão, Nietzsche ou Schopenhauer, filosofia sucateada, enfim, puro lixo literário. Livro bom, talvez escondido nas estantes e, mesmo assim, olhe lá!

Em reportagem de uma semana atrás, a Folha de São Paulo traz à tona um segredo de polichinelo: as livrarias cobram para exibir livros nas vitrines. Os preços de um pedaço de vitrine ou de uma pilha de livros em destaque variam, conforme as negociações, de 700 a 2.000 reais, dependendo do local e tempo de exposição. Duas das mais prestigiosas redes livreiras do país, a Cultura e Fnac, confirmaram ao jornal este procedimento. A Folha inclusive relaciona os preços: para as prateleiras que ficam nos corredores, 2.000 reais por dez dias de exposição. Para os cubos de livros montados em lugares estratégicos, 1.300 reais por um mês de exposição. Nas vitrines, 900 reais por quinze dias. Quais editores podem pagar tais preços? Os editores de bestsellers. Não é pois de espantar que você sempre encontre os paulos coelhos da vida, dans browns, harry potters, dalais lamas, livrecos de auto-ajuda, uns explorando o cadáver de Cristo, outros explorando os cadáveres de Platão, Nietzsche ou Schopenhauer.

"Todas, todas (as livrarias) fazem" - diz Ivo Camargo, diretor de vendas da Ediouro -. "A Siciliano faz. Fnac faz. Laselva faz. A Laselva, inclusive, tem um departamento que cuida só disso. Acho que está certo. Tem que cuidar mesmo". Ou seja, se você gosta de boa literatura, afaste-se das grandes redes do livro. Sem falar que o conceito que este tipo de livreiro tem do leitor é insultante. Ele considera que o leitor é uma besta quadrada, que compra um livro só porque este livro está bem exposto. O pior é que talvez tenha razão.

A discussão em torno à venda de livros - se é algo que possa se vender como sabonetes ou se é uma mercadoria especial - não é de hoje. Há editores e livreiros que julgam ser o livro uma mercadoria como qualquer outra. Também há os mais raros, se é que ainda existem, que consideram o livro uma mercadoria nobre. O fato é que os mercenários mandam no mercado. Eu, que sempre vivi cercado de livros, hoje tomo distância das grandes livrarias. E se, por necessidade, entro numa delas, a resposta é sempre uma só: o livro que o senhor procura, não temos no momento.

Em meus verdes anos, fui um defensor incondicional de tudo que se referisse a livro, campanhas pela leitura, feiras do livro, tardes de autógrafos. Em meus dias de jornalista em Porto Alegre, sempre incentivei a Feira do Livro, que acontecia na Praça da Alfândega quando os jacarandás começavam a florir. Abandonei Porto Alegre e, ao voltar, a feira tinha crescido. Começaram a surgir os convidados de honra, em geral autores de bestsellers, que nada tinham a ver com literatura. E quando tinham a ver, os freqüentadores da Praça não os procuravam exatamente por suas obras, mas por sua fama.

Em 95, fui convidado a fazer uma palestra na PUC gaúcha, sobre Camilo José Cela. Fui feliz a Porto Alegre, eu havia traduzido A Família de Pascual Duarte e Mazurca para Dois Mortos. O primeiro, a novela mais difundida na Espanha depois do Quixote, o segundo, um passeio pela Galícia espanhola, ao ritmo de uma estranha melodia, só ao alcance de quem curte a música das palavras. Cela, Nobel de 89, receberia um doutorado honoris causa na universidade e eu matava três ou quatro coelhos de uma só cajadada: revia meus amigos, revisitava a feira, conhecia o autor galego e fazia palestra sobre uma literatura que me fascinava.

Assim aconteceu. Mas um episódio empanou meu entusiasmo. Cela deu uma tarde de autógrafos na Feira. Formaram-se filas imensas ante o escritor, que teve de interromper os autógrafos, após duas ou três horas depois, por estar com câimbras nos dedos. Foi quando tive uma triste percepção do universo dos leitores. Aquela multidão toda, que fazia fila como russos diante de um McDonald's, nem tinha idéia de quem fosse Cela. Estavam ali para receber o autógrafo de um prêmio Nobel. A feira havia transformado um grande autor em uma celebridade qualquer. Alguns anos mais tarde, Paulo Coelho poluiu a Praça da Alfândega. De novo, filas quilométricas. Há um tipo de leitor para quem Coelho ou Cela têm o mesmo peso. São famosos e basta. Não importa o que tenham escrito. Mesmo quando compra um bom livro, este leitor nem sabe o que está comprando.

Existe também o que chamo de perversão da leitura. Conheço não poucas pessoas que lêem com sofreguidão, em grandes doses, pelo tal prazer de ler. Lêem com o mesmo entusiasmo tanto Dostoievski como Danielle Steel, e ao final da leitura são capazes de fazer tranqüilamente uma sinopse tanto de Crime e Castigo como de O Preço do Amor, não vendo diferença alguma entre uma obra e outra. Este hábito é doença das mais graves. Prazer de ler pelo prazer de ler é uma piada. Leitura é trabalho, e muitas vezes árduo. Mas falava de livros.

Leia a lista dos mais vendidos da Veja. Na liderança dos autores nacionais, ainda há pouco estavam estas sumidades das letras pátrias: Bruna Surfistinha e Danuza Leão. Na área da ficção, entre os dez mais vendidos pelo menos quatro são os Harry Potters da vida. Livros impostos ao leitor por uma publicidade agressiva, mas que nada tem a ver com boa literatura. Assim, por estas e outras razões, desde há muito mantenho distância das Bienais do livro. Não é ambiente dos melhores para um leitor exigente. Quando necessito comprar livros, busco alguma dessas livrarias pequenas, onde a bibliografia não está na memória de um disco rígido, mas na do livreiro.

Há muitos anos, passei em uma bienal. Rebanhos de criancinhas puxados por professoras, filas imensas para receber autógrafos de... Jô Soares, um calor infernal das luminárias, que não convidava ninguém a deter-se em um stand. Multidões zanzando como moscas tontas pelos corredores. Desde há muito cultivo uma filosofia, evitar qualquer coisa onde haja multidões. Naquele dia, fugi à minha filosofia. Só para voltar para casa irritado e de mãos vazias.

Emilio Calil foi à Bienal. O que Calil conta em seu blog - http://www.hotrod.blogger.com.br - só me reconforta: não perdi meu tempo indo até lá. Propaganda comunista, livros religiosos e de auto-ajuda, sempre em evidência. É óbvio que, garimpando, pode-se encontrar coisa boa. A verdade é que tais feiras são um fracasso total, os próprios exibidores admitem que não faturam o suficiente para cobrir o aluguel dos stands. Para que servem então tais eventos? Ao que tudo indica, para satisfazer vaidades e desovar bestsellers. Um livro com a credencial de bem vendido na Bienal tem suas vendas aceleradas.

O mercado livreiro, desde há muito, prostituiu-se. Cá e lá, restam alguns apóstolos, que inclusive se dão ao luxo de recusar vender lixo. Quando vivia em Curitiba, tirei o chapéu para o livreiro Chaim. Naqueles dias, o livro Zélia, uma paixão - fofocas em torno à ministra Zélia Cardoso de Mello - estava vendendo como pão quente. Era lucro certo para qualquer livreiro. Menos para o Chaim: "essa porcaria não entra em minha livraria".

Seguidamente, leitores me pedem orientação para leituras. Aqui vai uma: afaste-se das feiras mercenárias. Fuja das grandes livrarias. Livro não é sabonete. Busque aquele livreiro que conhece suas exigências e é capaz de dizer: "não compra esse aí, não é bom". E afaste-se, principalmente, dos "mais vendidos". Só por milagre você vai encontrar algo que preste nessas listas.

sábado, março 18, 2006
 
STALIN VIVE!


Dediquei hoje meu fim de noite a rever Adeus, Lênin, no Telecine. É filme que vejo e revejo com prazer. Gosto particularmente de um momento, aquele em que o filho da militante comunista, quando ela volta do hospital, vai até um depósito de lixo para retirar um pôster do Che Guevara, na tentativa de reconstruir a decoração do apartamento de antes da queda do Muro. É um dos episódios mais significativos do filme, pois mostra que, se neste continente puñetero, como dizia Augusto Roa Bastos, Che ainda é glorificado, na ex-Alemanha Oriental já fora jogado às traças.

Não tive o prazer de rever este momento. Foi cortado. Pude ver o filho jogando a foto de Honecker no lixo, repondo na estante um livro de Anna Seghers. Mas o episódio do pôster do Che foi censurado. A direção do Telecine deve ter julgado a imagem por demais chocante para o público brasileiro.

quinta-feira, março 16, 2006
 
JESUS E DJAVAN



Foi lançado no Brasil um ensaio de Harold Bloom, Jesus e Javé, que promete algumas reflexões interessantes sobre o estudo das religiões. Bem entendido, ainda não o estou recomendando, afinal ainda não li. Tenho uma antiga diferença com Bloom. Em The Western Canon, ele cita Machado de Assis e não cita José Hernández, o que para mim já o torna suspeito. Em todo caso, quero dar uma olhadela em seu último livro.
Passei numa livraria do bairro e pedi:
- Vocês têm Jesus e Javé, do Bloom?
A moça foi consultar o computador e digitou: Jesus e Djavan.
- Nada disso, respondi. Quero Jesus e Javé.
Não tinha. Fui em outra livraria e pedi de novo. O atendente foi ao computador e digitou: Jesus e jovens.
Nada disso, moço. Bom, fui na terceira livraria. A moça repetiu: Jesus e Jeová?
Quase, moça. Mas ainda não é bem isso. Mas também não tinha.
Desisti. Em casa, telefonei pra meu livreiro de confiança. Que também não o tinha, mas pelo menos sabia muito bem do que se tratava.

domingo, março 12, 2006
 
AS ESQUERDAS E O ÓDIO AOS EUCALIPTOS


As esquerdas odeiam eucaliptos. Descobri isto há uns bons trinta anos. Eu vivia em Florianópolis e passeava pela ilha com uma amiga que havia descoberto o marxismo, depois de velha, em Berlim. Ao passarmos por um "caliperal", como dizem os ilhéus, ela me bombardeou com invectivas contra os eucaliptos. Que era uma árvore alienígena, que destruía a flora nativa, que destruía a agricultura, só faltou dizer que era uma árvore imperialista. Eu, que havia nascido sob frondes amigas de eucaliptos, que sinto cheiro de infância quando esmago folhas de eucalipto nas mãos, estava perplexo. Seu ódio aos eucaliptos nascera em Berlim, nos anos 70. Não por acaso, na época em que a pasta de celulose derivada do eucalipto surgira pela primeira vez em escala industrial. Em conversas ocasionais com gente de esquerda, sempre constatei esta ojeriza aos eucaliptos. Antes de a indústria da celulose tê-los descoberto, ninguém os odiava.

Duas mil mulheres de um movimento ligado ao MST, o tal de Via Campesina, comemoraram o Dia Internacional da Mulher destruindo um laboratório e um viveiro de mudas de eucaliptos da Aracruz Celulose em Barra do Ribeiro (RS). Vinte anos de pesquisa e alguns milhões de dólares foram jogados ao lixo. Último resquício aguerrido de um marxismo que já é cadáver em países desenvolvidos, o MST desde há muito tenta empurrar o País rumo às trevas dos regimes comunistas. As viúvas do comunismo alegam que o eucalipto estaria transformando o campo em um deserto verde. O oxímoro é típico de europeu, que não conhece a geografia do Sul. A pampa gaúcha, uruguaia e argentina sempre foi um deserto verde e jamais ocorreu a celerado algum destruir a pampa. Felizes os povos que desfrutam de desertos verdes.

Não por acaso, assessoravam as invasoras representantes da Noruega, Canadá e Indonésia, mais um representante do País Basco, que atende pelo basquíssimo nome de Paul Nicholson. Em Porto Alegre, planejaram a depredação hospedados no hotel Sheraton, sob as barbas do governo gaúcho, ora ocupado interinamente por um arrivista oriundo do PT, que nada fez nem nada fará para punir os apparatchicks estrangeiros. Mas que têm a ver estes senhores das antípodas com pesquisas sobre eucaliptos no Rio Grande do Sul?

Antes da resposta, ouçamos o deputado marxista Roberto Freire, para quem o MST pode ser tudo, menos comunista. "O comunismo é filho do iluminismo, uma corrente de pensamento que acredita no progresso da ciência como forma de minorar os males da humanidade. Destruir lavouras experimentais e laboratórios científicos nada mais é do que obscurantismo".

O deputado mente descaradamente. O marxismo sempre foi inimigo da ciência e do progresso da ciência. Roberto Freire não nasceu ontem e sabe muito bem quem foi Trofime Denisovitch Lyssenko, o agrônomo que pretendeu submeter os genes ao pensamento dialético de Marx. Através de experiências truncadas com pinheiros e rutabagas, proclamou que a aparição de caracteres novos transmitidos pelo organismo à sua descendência depende do meio, isto é, que os caracteres específicos adquiridos podem ser deliberadamente transmitidos. Sua ascensão foi imediata e ele se tornou presidente da Academia de Ciências Agronômicas. A ciência se divide então entre ciência burguesa e proletária. Finalmente a genética fora liberada do império da política reacionária. Os "mencheviques idealistas" que não aprovavam os resultados foram excluídos da Academia, transferidos e mesmo deportados para a Sibéria. A menos que reconhecessem publicamente seus erros. Stalin reconheceu o embuste como verdade de Estado e os comunistas de todos os países do mundo adotaram os absurdos de Lyssenko como artigos de fé. Pena que os gens não estavam de acordo com a doutrina de Lyssenko. A agricultura soviética nos anos 40 foi pras cucuias.

Filho do iluminismo terá sido também o marxismo de Mao Tse Tung, que promoveu nos anos 60 a "grande caçada aos pardais". Segundo o Grande Timoneiro, o pardal seria o vilão das deficiências da agricultura chinesa. A brilhante mente científica de Mao ordenou a milhões de chineses que perseguissem os pardais batendo latas e tambores, para que não repousassem um segundo, o que os levou à morte por exaustão. Com o pássaro quase extinto, os insetos aproveitaram o campo livre e destruíram a lavoura. A fome se abateu sobre a China provocando a morte de milhões de chineses.

Que não venham velhos comunistas falar de filiações iluministas. O marxismo, como toda religião dogmática, sempre foi hostil à ciência. Prova disto são as constantes invasões e depredações de laboratórios e culturas transgênicas promovidas pelo MST. Métodos científicos sempre facilitarão a agricultura, exatamente o que os comunistas não querem, para não perder a bandeira.

Volto aos eucaliptos. Entre as espécies utilizadas para a produção de celulose, o eucalipto é hoje a mais rentável. Seu ciclo de crescimento é de sete anos, em contraposição às coníferas do litoral americano, que levam quase um século para amadurecer. O choupo, outra matéria-prima da celulose americana e canadense, só atinge sua altura plena após 15 anos. Se as florestas dos Estados Unidos rendem entre dois e três metros cúbicos madeira por ano, as cultivadas pela Aracruz rendem, no mesmo período, 45 metros cúbicos. Ou seja, a indústria da celulose a partir do eucalipto é extremamente competitiva.

Em outubro do ano passado, cerca de 300 índios tupiniquins e guaranis, reivindicando terras indígenas, ocuparam três fábricas da Aracruz Celulose S/A, em Aracruz, ES. Para dar apoio a justa causa índigena, um ônibus com estudantes saiu da Universidade Federal do Espírito Santo, entre eles - atenção! - dez noruegueses. Sobre a depredação do centro de pesquisas gaúcho, disse o "basco" Paul Nicholson: "As mulheres da Via Campesina se mobilizaram em Porto Alegre contra o modelo de agricultura neoliberal e da monocultura".

Vamos a alguns fatos. Segundo a FAO, a produção mundial de celulose atingiu 162 milhões de toneladas em 1999. Estados Unidos e o Canadá responderam com 52% do total produzido. A Noruega hoje exporta cerca de 90% de sua produção de celulose e papel. A Indonésia, principal exportador de celulose de fibra curta da Ásia, tem 70% de seu território coberto por florestas, num total de 143,9 milhões de hectares. Não me parece necessário ter a intuição de um Sherlock para perceber porque um "basco" chamado Paul Nicholson, mais representantes do Canadá, Noruega e Indonésia, coordenam a depredação do laboratório gaúcho. Desde há muito instituições católicas européias - Misereor e Caritas, entre outras - vêm financiando o MST para destruir a estrutura agrária do País. Agora são os cartéis do papel que injetam recursos na guerrilha católico-marxista brasileira para destruir uma indústria que representa cerca de 5% de nosso PIB e dá emprego a dois milhões de pessoas.

Segundo Aurélio Mendes Aguiar, pesquisador da Aracruz, foram destruídos no ataque dezesseis clones de alta produtividade, duas mil mudas de pesquisa que seriam testadas nos próximos quinze dias, cerca de 50 matrizes (as plantas de melhor qualidade genética, selecionadas para cruzamentos), além de um milhão de mudas comerciais. O banco de germoplasma do laboratório, biblioteca biológica onde são preservadas as sementes para uso em melhoramento, também foi destruído. "Se fôssemos realizar todos os cruzamentos de novo, levaria no mínimo cinco ou seis anos. Alguns nunca mais serão possíveis, porque as matrizes não existem mais", diz Aguiar.

Antônio Hohlfeldt, governador em exercício do Rio Grande do Sul, qualificou o ato de "provocação e bandidagem". E nisto ficamos. O pusilânime governador xinga os bandoleiros, aliás financiados por seu próprio governo e pelo governo federal, e dá por cumprido seu dever. Por este atentado contra a pesquisa científica ninguém será punido. Palavra de velho petista.

Os depredadores da Aracruz foram coerentes com a boa doutrina marxista. Abaixo a ciência! Longa vida - e muitas verbas estatais - ao obscurantismo!

sábado, março 11, 2006
 
NA FALTA DE COMUNISTAS ILUSTRES...


...no mundo das letras, a ABL foi buscar um imortal no mundo do cinema, Nelson Pereira dos Santos. Longa vida aos velhos comunossauros!

 
COTAS PARA GENERAIS


A mania de cotas está em franca progressão no Brasil. A TAM, por exemplo, já instituiu uma cota para generais em seus vôos. Depois de ter sido vaiado pelos passageiros ao fazer um avião voltar da pista para embarcar, o general Francisco Roberto de Albuquerque diz que apenas reclamou, como qualquer cidadão faria, para entrar no vôo. Ora, uma pergunta imediata se impõe: qualquer cidadão faria um avião voltar da pista?

Quanto mais as autoridades se explicam, mais se complicam. Deu nos jornais de hoje: o vice-presidente e ministro da Defesa, José Alencar, questionado se um passageiro comum teria conseguido fazer o avião voltar, ele respondeu: "Não sei, mas que [a companhia] deveria fazer o mesmo, deveria, independente de quem fosse". Estará o vice-presidente da República e ministro da Defesa sugerindo que as empresas façam voltar aviões da pista a qualquer reclamação de passageiros?

Se assim for, vai se tornar complicado voar no Brasil.

sexta-feira, março 10, 2006
 
PICARETA QUE PROCESSA PICARETA
POR PLÁGIO PLAGIOU OUTRO PICARETA


Do leitor Alexandre Andersen, recebo esta notícia da Folha Online:

10/03/2006 - 17h10
Autor que processa Dan Brown admite ter copiado outros livros

Londres, 10 mar (EFE).- Um dos autores que acusam Dan Brown de plágio em O código Da Vinci reconheceu hoje no Tribunal Superior de Justiça do Reino Unido que ele mesmo se "apropriou" de palavras de outros autores.

Richard Leigh, um dos três autores de Holy Blood, Holy Grail (publicado no Brasil com o título de O Santo Graal e a Linhagem Sagrada), prestou declaração hoje no julgamento pela suposta violação dos direitos autorais em O Código dá Vinci.

Leigh e Michael Baigent, co-autor de O Santo Graal, acusam Brown de haver copiado em sua obra a tese central de seu livro, e processaram a sua própria editora, a Random House, que também publicou o best-seller.

Na audiência de hoje, o advogado da editora, John Baldwin, deu alguns exemplos de assuntos tratados em O Santo Graal que já tinham sido explorados em obras anteriores com uma linguagem similar, e então perguntou ao litigante se não os tinha copiado de algum lugar.

"Copiado não, repetido", respondeu Leigh, assegurando que muitas das formulações de O Santo Graal eram suas, mas que havia certas figuras de linguagem que eram de uso comum.

"Se algumas frases não são minhas, é porque gostei delas o suficiente para me apropriar delas", acrescentou.

quinta-feira, março 09, 2006
 
44% DOS BRASILEIROS APÓIAM CRIMINALIDADE

Deu no portal do Estadão:

56% dos brasileiros desaprovam ações do MST
É o que mostra pesquisa encomendada pela Confederação Nacional da Agricultura

A pesquisa evidencia o efeito da doutrinação marxista nos corações e mentes do País.

quarta-feira, março 08, 2006
 
MENSAGEM DO PROMOTOR PESSI



Prezado Janer Cristaldo:

Sou Promotor de Justiça no Rio Grande do Sul e gostaria de parabenizá-lo pelo
brilhante artigo sobre a quase "abolitio criminis" ocorrida em relação aos
crimes hediondos a partir da ASNÁTICA decisão do Supremo.

Chamo a atenção para um fato que, tenho certeza, é de seu conhecimento: existem algumas boas lei no Brasil, cuja aplicação acarretaria resposta EFETIVA do
Estado aos criminosos. Entretanto, a leniência de alguns julgadores privilegia
interpretações pró-réu em detrimento da sociedade.

A Lei dos Crimes Hediondos constitui o maior exemplo do acima relatado. Tanto
que desde a sua elaboração os "DOUTOS" tentam "dar um jeito" nela.

A causa? Lavagem cerebral "politicamente correta" (no caso, bandido = vítima
da sociedade) promovida pelas Universidades, inclusive em cursos de pós-
graduação, acompanhada (com raríssimas exceções) pelos doutrinadores. Isso sem
falar na promiscuidade das Cortes Superiores e no ABSOLUTO DESPREZO de setores do Judiciário por valores como TRABALHO e LIVRE INICIATIVA, sem falar no DIREITO DE PROPRIEDADE.

Quanto pior melhor, e salve-se quem puder!!

Caso haja interesse de sua parte em aprofundar-se no estudo do tema, tomo a
liberdade de sugerir-lhe a leitura das obras CRIME E CASTIGO - REFLEXÕES
POLITICAMENTE INCORRETAS (Ricardo Dip e Volney C. Moraes) e DIREITO PENAL DA SOCIEDADE (Edilson M. Bonfim).

Fraterno abraço.

DIEGO PESSI

terça-feira, março 07, 2006
 
PICARETA PLAGIA PICARETAS


Dan Brown está sendo processado por plágio na Inglaterra.

Deu hoje na Folha online:

Baigent e Richard Leigh, dois dos três autores de Holy Blood, Holy Grail (publicado em português como O Santo Graal e a linhagem Sagrada), afirmam que Dan Brown copiou em seu romance famoso a tese central de seu livro, escrito em 1982.

Os autores, que processaram sua própria editora, Random House, que publicou também O Código da Vinci, colocam em sua obra que Jesus sobreviveu à crucificação e casou com Maria Madalena.

Segundo essa teoria, seus descendentes se casaram com reis franceses e há uma sociedade secreta na França que pretende repor essa linhagem não só no trono desse país mas também de outras nações européias.

 
DIVIDINDO ÁGUAS


Consumidor do plano básico irá subsidiar Telefone Social

Por Vinicius Longo
07 de Março de 2006

O ministro das Comunicações, Hélio Costa anunciou hoje ( 06), que nesta terça-feira o governo encaminha, em caráter de urgência, ao Congresso Nacional, um projeto de lei que visa alterar a Lei Geral de Telecomunicações (LGT). As mudanças vão permitir ao governo criar o telefone social. (...)

Na proposta encaminhada ao Congresso, o governo aceita a prática do subsídio cruzado. Um consumidor de renda mais alta pagaria mais caro por uma ligação que fizer para um telefone popular. Seria a maneira do governo financiar os custos com a implantação do telefone social.


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Ou seja: não telefone mais para essa gentalha de baixa renda. Vamos dividir logo as águas, pô!

segunda-feira, março 06, 2006
 
EM DEFESA DO DIREITO AO ESTUPRO



Hediondo, em espanhol, é aquilo que fede. Em nossa língua, a palavra adquiriu novas conotações. Além de fedorento, significa também depravado, vicioso, sórdido, repelente, imundo, pavoroso, medonho.

Em fevereiro passado, em Roma, os juízes da Suprema Corte de Cassação da Itália estabeleceram que a violação de uma jovem é menos grave se ela não for virgem. O fato provocou polêmica. De acordo com a agência Ansa, o tribunal acredita que tais vítimas, do ponto de vista sexual, têm personalidade "mais desenvolvida do que se espera de uma garota de sua idade". Ou seja, a gravidade do crime já não reside no ato do criminoso, mas na condição física da vítima. No fundo, o velho culto latino do jus prima nocte. Ou droit de cuissage, como preferiam os nobres franceses. Estuprando uma virgem, o estuprador rouba suas primícias ao futuro marido e senhor da jovem. Se ela já não é virgem, bom, já não é tão grave.

Marco T., 40 anos, havia estuprado em 2001 sua enteada de 14 anos. Segundo a defesa, a menina consentiu em fazer sexo oral depois de se negar a uma relação completa, exigida sob ameaça, considerando que o sexo oral seria menos arriscado. A Suprema Corte aceitou a alegação da defesa, para quem "a jovem já havia tido relações sexuais a partir dos 13 anos e, do ponto de vista sexual, já estava mais desenvolvida do que se espera de uma menina da sua idade". Assim, foi aceito o recurso do acusado pedindo uma pena mais leve.

Em vários países da Europa, particularmente nos escandinavos, está ocorrendo uma onda de estupros, geralmente cometidos por árabes e africanos, tendo como vítimas suecas, finlandesas, dinarmaquesas, francesas e italianas. Os jornais, ao noticiar o fato, ocultam não só a identidade como também a etnia e o país de origem dos criminosos. Supostamente, para não caracterizar o crime como étnico. Em verdade, obedecendo à tirania do politicamente correto e dos grupos dos tais de Direitos Humanos, que só defendem os direitos dos criminosos. Ou seja, o estupro tende a ser descriminalizado na Europa. Se não descriminalizado, pelo menos aceito como uma transgressão menor.

Há alguns anos, um cidadão sueco declarava ao vespertino Aftonbladet que não via nada de mal em estuprar uma sueca, afinal "são todas putas e sempre podem casar depois de estupradas". Tabu continuava sendo estuprar uma muçulmana, que depois seria repudiada pela própria comunidade e não teria chance alguma de encontrar marido. Claro que este cidadão "sueco" não era exatamente um sueco, mas imigrante de origem árabe com passaporte sueco. O silêncio da imprensa sueca em relação aos estupros étnicos enche de razão os muçulmanos que estão ocupando - inclusive juridicamente - a Europa.

Pela Lei dos Crimes Hediondos, de 25 de julho de 1990, o estupro passou a ser considerado crime hediondo no Brasil. Ou seja: os condenados nela incursos são obrigados a cumprir pena integralmente em regime fechado, não têm direito à anistia, nem à liberdade provisória, nem à progressão do regime. A lei também impõe essas restrições a pessoas condenadas por homicídio qualificado, latrocínio, tráfico de drogas, tortura e terrorismo, entre outros crimes.

Ou melhor, impunha. Por recente decisão do Supremo Tribunal Federal, os presos por delitos graves poderão deixar a cadeia após terem cumprido um sexto da pena em regime fechado. Segundo o promotor Eduardo Araújo da Silva, em entrevista para o Estadão, o estuprador de uma criança ficaria hoje apenas um ano na cadeia, e mais um no regime semi-aberto. O pai ou a mãe de tal criança certamente se sentirão muito confortados com a instituição da progressão penal, ao ver o animal que violou seu filho rindo de suas caras apenas doze meses após ter entrado na prisão.

A bem da verdade, o estupro já foi descriminalizado no Brasil. Ou alguém ainda não lembra do homem que podia salvar a humanidade - como foi saudado pela imprensa americana - o cacique caiapó Paulinho Paiakan? Paiakan, em cumplicidade com sua mulher Irekran, estuprou barbaramente uma menina. Enquanto o processo se arrastava, Paulinho - são simpáticos os diminutivos! - avisou: se fosse condenado, não sairia de sua reserva. Ameaçou inclusive fazer rolar o sangue dos brancos, em caso de condenação. Pois bem: foi condenado. Não fez rolar o sangue dos brancos mas continua em sua reserva, livre como um passarinho. A Polícia Federal, única autorizada a agir em reservas indígenas, com todo seu poder de fogo, não ousou lá entrar para buscar o criminoso. Paulinho zombou do Estado brasileiro, zombou da Justiça brasileira, zombou de sua vítima. E não houve sequer uma feminista que protestasse contra o crime hediondo. A menos que a nação caiapó já constitua um Estado independente do brasileiro - onde estupro não é crime - e ainda não tenhamos sido avisados.

Estamos vivendo na época dos sem-terra e dos sem-teto. Invadir prédios ou terrenos alheios virou direito inalienável dos assim chamados despossuídos. Quando José Rainha Júnior e mais quatro asseclas foram presos por terem invadido a fazenda Santa Maria, em junho de 2000, todos foram beneficiados por um habeas corpus. O ministro Paulo Medina, do Supremo Tribunal de Justiça, assim justificou seu voto: "Os pacientes são obreiros rurais integrantes do MST, que lutam e sacrificam-se por mais razoável meio de vida, onde a dignidade social somente pode ser restaurada no momento em que se fizer a verdadeira, necessária e indispensável reforma agrária no País". Ou seja, invadir é legal, digno e justo.

Urge estender tais direitos a esta sofrida estirpe dos sem-mulheres. Verdadeiros excluídos sexuais, carecem de sexo e carinhos, logo nesta infame sociedade capitalista, onde a oferta erótica nos agride em cada esquina, em cada pôster, em cada capa de revista, em cada tela de televisão. Se a Itália já minimizou a invasão do corpo das mulheres, se a imprensa européia já não denuncia os estupros étnicos, se o Brasil confere a crimes hediondos a pena adequada a um ladrão de galinhas, se a nação caiapó tem como líder um estuprador confesso ? e impune ? está na hora de deixarmos de pruridos. Descriminalizemos de vez o estupro. Como um pobre diabo, sujo e fedorento, terá acesso a esses corpos esplêndidos que a mídia oferece em bandeja, senão pela força? Que o direito ao corpo e ao sexo alheios não seja concedido apenas a um bugre, e sim estendido aos brasileiros todos.

Crime hediondo já não fede tanto. Brasileiras de norte a sul do País: sede mais complacentes com estes pobres párias sexuais, estes injustiçados excluídos da humana volúpia. Abrí generosamente vossas pernas, que mais não seja para facilitar o exercício deste direito inalienável dos sem-mulheres. Se você não é virgem, nem vai doer. Deixe de lado seus preconceitos burgueses e contribua para a construção de uma sociedade mais humana e mais justa, cuja dignidade social somente poderá ser restaurada no momento em que se fizer a verdadeira, necessária e indispensável reforma sexual no País.