¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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sábado, março 01, 2008
 
CATÓLICA ENRUSTIDA



Os homens fazem enxertos para conseguir melhores sementes, cruzam gado para conseguir melhores espécimes. E toda vez que se fala em eugenia em relação à espécie humana, pensa-se logo em Hitler e nazistas. Mas Winston Churchill era a favor da eugenia. Em uma antiga reportagem de Veja, há dez anos atrás, lemos que Suécia, Noruega, Finlândia, Dinamarca, Suíça e Áustria esterilizaram discretamente, durante décadas, cidadãos qualificados de "baixa qualidade racial".

Só entre 1935 e 1976, a Suécia esterilizou pelo menos 62.000 pessoas, em sua maioria mulheres. Todos seriam "voluntários" na letra da lei, mas os depoimentos contam história diferente. Vamos às histórias narradas pela revista.

"Maria Nordin, hoje com 72 anos, teve os ovários removidos aos 17. "Quando fui para a escola, tinha problemas de vista. Não enxergava a lousa, mas não tinha dinheiro para comprar óculos. Concluíram que eu tinha dificuldade para aprender e me mandaram para a escola de excepcionais", contou ela ao jornal Dagens Nyheter, que denunciou o assunto em reportagem especial de enorme repercussão. Para sair, já moça, exigiram que aceitasse a esterilização. "Assinei o papel, porque sabia que só assim sairia dali", disse Maria, a única dos cerca de 25.000 sobreviventes a aparecer para contar seu drama. Mesmo sem nome nem sobrenome, contudo, os casos citados no jornal são estarrecedores. Um menino foi esterilizado porque o julgaram "sexualmente precoce". Uma moça, por já ter três filhos e levar "vida ruim: é suja, usa esmalte vermelho e tem mau hálito". Tudo dentro da lei, que servia a três propósitos declarados: impedir a "degeneração da raça", "proteger" os portadores de "genes fracos" e, por último, poupar dinheiro. O Estado do bem-estar social, que começava a se instalar e a produzir resultados tão bons em tantas áreas, não queria ter de gastar recursos com quem considerava incapaz".

A esterilização para limpeza da raça estendeu-se à Dinamarca, Noruega e Finlândia, Áustria e Bélgica. A Suécia criou em 1921 um Instituto de Biologia Racial e foi seguida pelos Estados Unidos, onde 60 mil pessoas foram esterilizadas a força. Mas até aqui há uma ação impositiva, que fere a liberdade de escolha do indivíduo.

Em entrevista à Veja desta semana, Mayana Zatz afirma ser “um absurdo manipular um embrião para que a criança nasça com olhos azuis, por exemplo. Sou totalmente contra". Ora, se fazemos enxertos para melhorar sementes, se cruzamos gado para melhor os espécimes, por que seria absurdo manipular embriões para que crianças nasçam com olhos azuis?

Se tomamos todos os cuidados pré-natais para que uma criança nasça forte e sadia, por que não tomarmos providências para que uma criança nasça com olhos azuis, se esta for a cor do olhos que queríamos ver em nossos filhos? Manipular um embrião para que uma criança nasça com olhos azuis - ou verdes, ou castanhos - em pouco ou nada difere de manipular um embrião para que uma criança nasça com dois braços e duas pernas.

A cronista de Veja está se revelando uma católica enrustida, dessas que acham que o homem não pode interferir nos desígnios divinos.