¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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domingo, novembro 09, 2008
 
INIMIGOS DO BEM-ESTAR DA HUMANIDADE
QUEREM PROIBIR AQUECIMENTO DE BARES



Os ecochatos são certamente uma das piores seqüelas oriundas da morte do comunismo. Como já não se pode combater o Ocidente e o capitalismo em nome de ideais proletários, a nova bandeira é a salvação do planeta. Mas o alvo continua o mesmo, os confortos que o mundo capitalista produziu.

Nas últimas duas ou três décadas, surgiu na França e outros países europeus uma forma inteligente de combater o frio nos invernos. Em suas terrasses, cafés e restaurantes instalaram estufas elétricas ou a gás, que protegem o cliente da intempérie, mesmo que este esteja do lado de fora do café. Pode estar nevando além do toldo do bar. Mas embaixo do toldo, sob os chamados braseros, faz calor. Aliás, estas estufas já surgiram há alguns anos aqui em São Paulo. É uma maneira de se estar na rua, em pleno inverno, sem sentir frio.

Os braseros tiveram uma grande expansão na França a partir do ano passado, quando fumar tornou-se proibido em qualquer ambiente fechado. A solução encontrada foi instalar mais estufas nas terrasses, para não perder a clientela fumante. Ora, para a infame raça das esquerdas, pessoas felizes constituem um insulto. Três deputados verdes depositaram no Parlamento um projeto de lei visando interditar o aquecimento das terrasses, símbolo – para estes estraga-prazeres – de “um desperdício ocidental estúpido”. A idéia não é nova. Em fevereiro passado, três outros deputados europeus haviam pedido à Comissão Européia que estabelecesse um calendário de retirada do mercado de todos os materiais energívoros, particularmente os famosos braseros que floresciam na frente dos cafés nos invernos. Como se o ser humano pudesse viver sem consumir energia.

Os inimigos do bem-estar da humanidade alegam que o rendimento energético destes equipamentos é forçosamente mau, já que o essencial do calor produzido serve para aquecer a rua. Como se aquecer uma rua fosse pecado. Argumentam que um aquecedor à gás queima um quilo de propano por hora e lança, no mesmo tempo, três quilos de dióxido de carbono na atmosfera. Como se alguma fonte energética não produzisse resíduos. As idéias de jerico, que tanto nos assolam, estão ameaçando o conforto dos europeus. Mais um pouco e os ecochatos pedirão a interdição dos fornos à lenha, afinal são fatores de desflorestamento.

No fundo, uma tentativa de satanização de tudo que é bom e confortável. Os verdes já fazem terrorismo contra as pessoas que usam casacos de pele. Como se a humanidade pudesse ter sobrevivido aos rigores do clima sem usar a pele de animais. Pretendem proibir os prazeres do foie gras. Isso sem falar nos celerados que julgam todo consumo de carne animal um crime. Como se a humanidade pudesse ter chegado até aqui sem consumir carne animal.

“Nós já nos submetemos ao jogo aceitando a proibição de fumar em lugares públicos” – diz Didier Chenet, presidente do Sindicato de Hoteleiros e Restauradores. – “Mas agora chega. Querem nos impedir de trabalhar”. Para Bernard Quartier, presidente da Federação Nacional de Bares e Brasseries, “estão matando nossos comércios. Os bistrôs já sofreram demais. A medida é ridícula e inapropriada”.

Para os novos apparatchiks do meio-ambiente, a humanidade ideal deveria comer verduras em recintos gelados, preferentemente com água de torneira. O pior é que as péssimas idéias viajam com a velocidade de moeda ruim. Dentro de pouco, inevitáveis como o amanhecer, teremos no Brasil idiotas propondo o fim do aquecimento nos bares.

Os ecochatos pregam, nada mais nada menos, a volta da temperatura das cavernas. Coisa que o homem havia conjurado, desde a construção das cidades.