¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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domingo, novembro 16, 2008
 
NEGROS CULTUAM UM
SENHOR DE ESCRAVOS



Numa atitude eminentemente racista, os ativistas negros conseguiram pespegar mais um feriado a este país tão pródigo em folganças, o dia da Consciência Negra, data que evoca a morte do novel herói nacional, Zumbi dos Palmares, tido como líder da luta contra a escravidão. O objetivo da nova data é claro: relegar ao esquecimento o 13 de maio de 1888, quando a princesa Isabel assinou a Lei Áurea, que extinguiu a escravidão no Brasil. Onde se viu uma branca – e ainda mais européia – ser a responsável pelo fim da escravidão dos negros?

Já em 1823, José Bonifácio de Andrada e Silva propunha que o Brasil, como os Estados Unidos, substituísse os escravos por imigrantes europeus. Sete anos depois, o governo brasileiro assinou tratado imposto pela Inglaterra, transformado em lei que obrigava a extinção do trabalho escravo no prazo de 15 anos. Embora o tráfico negreiro continuasse, em 1851, o chefe do Gabinete Ministerial, senador Euzebio de Queiroz Mattozo da Câmara, ordenou à polícia que localizasse negros importados ilegalmente e prendesse os negreiros e fazendeiros infratores, cessando o tráfico de escravos.

Em 28 de setembro de 1871, o visconde do Rio Branco, do Partido Conservador, promulga uma primeira lei abolicionista, a Lei do Ventre Livre. Tinha poucos efeitos práticos, mas já era mais um passo para o fim da escravatura. Os filhos de escravos nascidos a partir daquela data eram livres, embora permanecessem sob a tutela de seus proprietários até os 21 anos. Ao apresentar a lei, o visconde do Rio Branco considerava a escravidão como uma instituição injuriosa, que prejudicava a imagem externa do país.

A Sociedade Brasileira contra a Escravidão, inaugurada em 7 de setembro de 1880, foi criada não por um negro, mas por um aristocrata da mais pura cepa branca, Joaquim Nabuco. Outro dos fundadores da instituição, José do Patrocínio, era filho de padre – com uma negra alforriada, é verdade – mas passou sua infância como liberto, cursou Faculdade de Medicina, foi jornalista e escritor de prestígio. Castro Alves, outro vigoroso defensor da abolição da escravatura, era branco, filho de médico e freqüentou escolas de elite, tendo sido colega de Rui Barbosa.

A abolição da escravatura no Brasil foi obra de brancos e não de negros. Os negros da época sequer tinham voz para tanto. Ora, nestes dias em que a luta racial substituiu a velha e desprestigiada luta de classes, os negros não conseguem atribuir a brancos o fim da escravidão. Foram então buscar nos confins da História uma figura nebulosa, mais envolta em lenda que na realidade, de cuja existência só se tem oito escassos registros históricos.

O que se sabe, isto sim, é que o suposto herói da libertação dos escravos também tinha seus escravos. Escrevi isto há uns bons cinco anos, em artigo publicado nos Estados Unidos, para escândalo dessa nova raça acadêmica que por lá viceja, os afrobrazilianists. Recebi centenas de mails de protesto. Ora, sempre foi de conhecimento de historiadores que os quilombos reproduziam os modelos de escravidão das tribos africanas e mais ainda: escravizavam brancas raptadas das cidades. Da mesma forma, sempre se soube que se os europeus traficavam escravos, estes escravos eram comprados de chefes tribais na África.

Assim sendo, é com satisfação que leio na Veja desta semana, reportagem intitulada “O Enigma de Zumbi”. Segundo o repórter Leandro Narloch, estudos recentes sobre o herói da luta contra a escravidão mostram que ele próprio pode ter sido dono de escravos no quilombo dos Palmares.

“Os novos estudos sobre Palmares concluem que o quilombo, situado onde hoje é o estado de Alagoas, não era um paraíso de liberdade, não lutava contra o sistema de escravidão nem era tão isolado da sociedade colonial quanto se pensava. O retrato que emerge de Zumbi é o de um rei guerreiro que, como muitos líderes africanos do século XVII, tinha um séquito de escravos para uso próprio. "É uma mistificação dizer que havia igualdade em Palmares", afirma o historiador Ronaldo Vainfas, professor da Universidade Federal Fluminense e autor do Dicionário do Brasil Colonial. "Zumbi e os grandes generais do quilombo lutavam contra a escravidão de si próprios, mas também possuíam escravos", ele completa. Não faz muito sentido falar em igualdade e liberdade numa sociedade do século XVII porque, nessa época, esses conceitos não estavam consolidados entre os europeus. Nas culturas africanas, eram impensáveis. Desde a Antiguidade e principalmente depois da conquista árabe no norte da África, a partir do século VII, os africanos vendiam escravos em grandes caravanas que cruzavam o Deserto do Saara. Na época de Zumbi, a região do Congo e de Angola, de onde veio a maioria dos escravos de Palmares, tinha reis venerados como se fossem divinos. Muitos desses monarcas se aliavam aos portugueses e enriqueciam com a venda de súditos destinados à escravidão.

Brilhante monumento encontraram os agitprops negros para cultuar! É claro que hoje mesmo já devem estar chegando irados e-mails à redação da revista, denunciando-a como racista. As esquerdas costumam manipular a História a seu gosto para transformar celerados em heróis. O mundo comunista internacional já reverenciou como libertadores assassinos tremendos como Lênin, Stalin, Mao, Pol Pot, Fidel Castro, Che Guevara. Este, aliás, já virou santo. Na Bolívia, é cultuado como San Ernesto de la Higuera. Logo após a morte do terrorista, começaram a surgir velas e flores na desativada lavanderia do hospital, onde seu corpo foi apresentado ao público. Hoje, o local é ponto de peregrinação dos devotos de San Ernesto.

Aqui no Brasil, antes mesmo de lembrarem Zumbi, as esquerdas quiseram entronizar como herói um cruel bandoleiro nordestino, o “capitão” Virgulino Ferreira da Silva, mais conhecido como Lampião. Na Europa, hoje, não é raro encontrar-se quem veja em um reles bandido um paladino na luta em favor dos pobres. Outro herói que se tentou criar foi o desastrado e testarudo apparatchik comunista, Luís Carlos Prestes, o assassino de Elza Fernandes e responsável pela Intentona de 35, onde dezenas de oficiais e soldados foram assassinados pelas costas na calada da noite. Diga-se de passagem, o atual ministro da Justiça, Tarso Genro, é um de seus fiéis devotos.

Isto sem falar na recente extração de novos campeões da liberdade, como São Marighella, São Carlos Lamarca, Santa Dilma Roussef. Mas Zumbi tem pernas curtas. Não será fácil, por mais que se minta, coroar com auréola de libertador dos negros quem foi senhor de escravos.