¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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quinta-feira, outubro 01, 2009
 
REPÓRTERES PROSTITUÍDOS
GIRAM BOLSINHAS EM PEQUIM
A CONVITE DO GOVERNO CHINÊS



Leio hoje no Estadão reportagem de Cristiano Dias, enviado especial a Pequim:

A China celebrou na manhã desta quinta-feira, 1, os 60 anos da Revolução Comunista com a demonstração de seu novo poderio militar, em um show midiático concebido para impressionar tanto o público doméstico quanto internacional. A parada teve a participação de 5.000 soldados, 540 tanques e 150 aviões de combate. Dezenas de mísseis terrestres, marítimos e aéreos foram exibidos sobre os veículos. Das armas apresentadas, 90% eram exibidas em público pela primeira vez.

Transmitido por inúmeras câmeras de TV em uma manhã ensolarada, o espetáculo começou com a entrada triunfal do presidente Hu Jintao em carro aberto na avenida em frente à praça Tiananmen e a Cidade Proibida. Em um dos inúmeros simbolismos que marcaram a festa, Hu vestia o mesmo modelo de terno chinês celebrizado por Sun Yat-sen, o herói da revolução republicana de 1911, e por Mao Tsé-tung.

(...) Abaixo de Hu estava o retrato de Mao que desde os anos 70 marca a entrada da Cidade Proibida. Em frente a ele, no centro da praça, havia um retrato de Sun Yat-sen. Nas pinturas, ambos usam o mesmo modelo de terno ostentado por Hu ontem. O presidente lembrou a Revolução de 1949 e afirmou que a "China socialista hoje marcha em direção à modernização e abraço o mundo e o futuro".


E por aí vai. Referência alguma à revolução que massacrou 65 milhões de chineses. Ao regime que, entre 1958 e 1961, no Grande Salto para a Frente, fez 28 milhões de chineses morrerem de fome. Ao pé da reportagem, uma nota: O repórter Cristiano Dias viajou a convite do governo chinês.

Leio na Folha de São Paulo, reportagem de Luís Ferrari, enviado especial a Pequim:

Exatamente uma semana depois de o presidente da China, Hu Jintao, ter defendido perante seus pares no Conselho de Segurança da ONU "drásticos e substantivos" cortes nos seus arsenais nucleares, Pequim assistiria, na manhã de hoje (noite de ontem no Brasil) a uma parada militar em homenagem aos 60 anos da Revolução Comunista. No evento, estava prevista a exibição de 108 mísseis - alguns deles nunca expostos publicamente-, incluindo armamentos de alcance intercontinental capazes de transportar ogivas nucleares.

Em comunicado no domingo, Yu Jixun, vice-comandante-chefe do escritório incumbido de organizar a parada militar, detalhou alguns dos armamentos que apareceriam no desfile. Ele declarou que os mísseis intercontinentais com capacidade nuclear são destacados símbolos da capacidade defensiva da China.

(...) Li Jinzhang, 1 dos 4 vice-chanceleres da China, reiterou o discurso de Hu contra a proliferação nuclear. "Em um contexto histórico muito especial, a China fabricou armas nucleares. Mas nossa política é clara.
De todos os países que as possuem, fomos o primeiro a declarar que não usaremos sem que sejamos atacados primeiro e que nos comprometamos a não usá-las contra países que não as possuem", frisou.

(...) Todos os livros escolares de história enfatizam o chamado "século de humilhação" que a China sofreu a partir da primeira Guerra do Ópio (1839-1842) até a chegada dos comunistas ao poder (1949). A narrativa oficial é que a China foi invadida e saqueada por potências estrangeiras por ser pacífica e não contar com um forte Exército.


E por aí vai. Referência alguma à revolução que massacrou 65 milhões de chineses. Ao regime que, entre 1958 e 1961, no Grande Salto para a Frente, fez 28 milhões de chineses morrerem de fome. Ao pé da reportagem, uma nota: O repórter Luís Ferrari viajou a convite do governo chinês.

Tanto o Estadão como a Folha de São Paulo se pretendem jornais defensores da liberdade e da livre expressão do pensamento. O Estadão, nos últimos dois meses, se lamuria da censura a que foi submetido por um juizeco a serviço da máfia dos Sarney, para não publicar os desmandos de um filhote da máfia dos Sarney.

Mas nenhum dos dois jornais se peja ao aceitar convite, para seus correspondentes, de uma das mais longas e cruéis ditaduras do século passado. Que persiste até hoje, é bom dizer. Mao, o ditador que mais pessoas matou no mundo, continua sendo herói para os mandaletes que hoje detém o poder. Os correspondentes convidados pela ditadura chinesa não dizem um pio sobre a tirania que ainda hoje persiste.

Triste ver a grande imprensa nacional prostituída por medíocres mordomias a repórteres prostituídos girando bolsinhas na China. E os jornais ainda se queixam da perda de credibilidade. Como não perder credibilidade, quando seus repórteres se vendem por pequenas mordomias?