¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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domingo, dezembro 06, 2009
 
BANDEIRAS ESFARRAPADAS (I)


O Estadão está publicando textos no mínimo divertidos. Por onde começar? Vamos começar com Rodolfo Konder, 71 anos, antigo militante do Partido Comunista. Depois da queda do Muro e do desmoronamento da União Soviética, as madalenas arrependidas brotam na imprensa como cogumelos após a chuva. Em reportagem intitulada Censura é marca do autoritarismo, o velho comunossauro afirma que mordaça viceja onde não existe liberdade.

O vírus do autoritarismo está solto por aí. Aliás, nesse governo há setores que veem a imprensa com muita restrição, mas, no mundo inteiro, a censura viceja exatamente onde não há liberdade, casos de Cuba, Irã e Coréia do Norte, por exemplo", disse o jornalista, que classificou a censura ao Estado, por liminar do Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJ-DF), como "um absurdo.

Desde que foi proibido de publicar reportagens já apuradas sobre a Operação Boi Barrica, da Polícia Federal, que investigou o empresário Fernando Sarney, o filho do pai, isto é, o presidente do Senado, José Sarney, o Estadão está entrevistando personalidades que condenem a decisão de um juiz bom e barato, a soldo dos Sarney. Ocorre que está entrevistando as pessoas erradas. Konder é um velho stalinista, que não tem autoridade moral alguma para condenar censura ao que quer que seja. Em seus dias de comunista, não disse uma palavrinha sequer contra a censura à imprensa na China, União Soviética, Coréia do Norte ou Cuba. Hoje, vinte anos após a queda do Muro, está posando de campeão da liberdade.

Continua a reportagem:

Para Konder, que esteve preso com o também jornalista Wladimir Herzog - morto na tortura durante a ditadura militar -, a sociedade precisa ficar atenta a tentativas autoritárias de manietar a imprensa. "Temos de discutir o assunto sempre e denunciar toda vez que se tentar oprimir a livre expressão do pensamento, em suas várias formas", defendeu. Para ele, um dos papéis da ABI, entidade centenária do jornalismo, é exatamente o de lutar contra o arbítrio.

Até parece que Konder lutou alguma vez contra o arbítrio, nos dias em que seguia religiosamente as ordens de Moscou.