¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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quarta-feira, maio 04, 2011
 
FRANÇA RECUA ANTE
A PROIBIÇÃO DO VÉU



Mês passado, eu comentava que não seria fácil aos franceses interditar o uso do véu. Uma semana após a interdição, um amigo me enviava uma foto de duas muçulmanas cobertas por abayas e nikabs no sofisticado restaurante Fouquet, no Champs Elysées. Dois fantasmas de preto em meio ao colorido de Paris. Se não conseguem interditar o véu no Fouquet, duvido que o consigam na Goutte d’Or, por exemplo. Ou naqueles outros bairros periféricos, infestados de muçulmanos.

A meu ver, é lei que não vai pegar. Um leitor me perguntava: mas existem na França leis que não pegam? Creio que não. Mas uma vez sempre é a primeira. Y a las pruebas me remito. Uma nota de serviço do diretor da Segurança Pública, datada de hoje e transmitida a todos os comissariados da França fixa com detalhes as diretrizes que devem prevalecer na aplicação da interdição em vigor sobre o território nacional depois do 11 de abril passado.

Para começar, as forças de segurança deverão apreciar com discernimento o contexto geral do controle. O Nouvel Obs traduz: melhor renunciar a interpelar do que provocar uma revolta.

Continuando: antes de interpelar, os policiais devem verificar a identidade da pessoa a ser controlada. Ela deve então tirar seu véu. Em caso de recusa, os funcionários devem explicar à contraventoras ela pode ser conduzida às dependências da polícia. Mas a nota precisa: é conveniente, na ocasião desta explicação, fazer prova de persuasão, de modo a só recorrer a esta faculdade em último recurso. Tradução do Nouvel Obs: conduzir manu militari uma mulher velada é fortemente desaconselhado.

Adelante: as forças de segurança interior não têm o poder de fazer retirar a vestimenta que esconde o rosto. Ou seja: arrancar a burka de uma mulher velada é formalmente proibido.

Na hipótese em que a contraventora recuse obstinadamente a justificar sua identidade, os oficiais da polícia judiciária são incitados a entrar em contato com o procurador da República, para estabelecer a conduta a seguir. O Nouvel traduz: não demonstrar iniciativa, como por exemplo elevar o tom de voz ou prolongar o encontro com a contraventora além do razoável.

Tradução minha: o véu continua proibido em locais públicos. Mas a polícia nada pode fazer para proibi-lo. Mais uma vez o Brasil se impõe no concerto das nações. As leis que não vingam chegaram finalmente à França.