¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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sexta-feira, agosto 12, 2011
 
O PARAÍSO DO AMOR


Não existe paraíso na terra, mas a Suécia é sua mais perfeita aproximação.
Bertil Ohlsson, diretor da Administração do Mercado de Trabalho

Como continuar falando em paraíso aos estudantes, quando eles crêem que o paraíso já existe na Suécia?
Queixas de um sacerdote francês

Voltemos atrás no tempo... um longo tempo atrás. Houve uma vez uma terra cheia de densas florestas e pequenos, ocasionais, obscuros lagos. Lá nevava, pesada e persistentemente. Os dias eram tão longos como a noite e todos tremiam de frio. A adorável loura sueca tremia solitária, melancólica e deprimida. O forte, generoso
viking também tremia, preocupado e infeliz, cheio de profundos pensamentos. Ambos sentiam a falta de algo, mas não sabiam o quê. Até que um dia, quando finalmente o sol rompeu as nuvens, tiveram uma brilhante idéia.

Assim nasceu o amor sueco e tornou-se extremamente popular. Logo todas as amoráveis louras e os fortes, generosos vikings se amavam. Até os ursos polares tornaram-se mansos e perambulavam amistosamente pelos caminhos. O amor espalhou-se como fogo e penetrou no âmago de cada ser, nas fábricas e nos campos. E em seu amor, os felizes suecos produziam mais e mais, como se faz quando se ama. Finalmente acabaram adquirindo — quase — o mais alto padrão de vida do mundo.

Em verdade, o amor tornou-se tão importante para os suecos —diz-se — que eles inventaram a neutralidade enquanto os outros povos lutavam e pareciam gostar disso. Assim tinham mais tempo para o amor. À medida que a nova idéia tomava corpo, os habitantes fugiam para o campo, a natureza e os animais. Infelizmente, o sistema de trânsito também rendeu-se ao amor sueco e tornou tudo confuso(primeiro dirigia-se pela esquerda, depois pela direita, e por isso a Suécia é freqüentemente chamada de o País do Meio Termo).

O amor espalhou-se até os mais importantes campos da atividade humana, como o comer. O smörgasbord logo se tornou o prato predileto do povo, quase uma obsessão. Neste ponto, os cientistas começaram a interessar-se pelo fenômeno. O amor foi analisado minuciosamente, e muitos foram considerados mestres por seus conhecimentos do assunto. Homens de negócios ficaram felizes ao perceber o que o amor significava como exportação. Logo após, o país inteiro foi devastado por fervorosos observadores estrangeiros, e jornalistas dos quatro cantos do mundo transmitiam as boas novas do incomparável amor sueco e seu soberbo modelo.

Enquanto isso, as adoráveis suecas e os robustos vikings viviam de um modo admirável como sempre o haviam feito. Para celebrar sua brilhante descoberta, reuniam-se cada Midsommar na luminosidade irreal do Sol da Meia-Noite, em intermináveis festas de amor, dançando, rindo e bebendo. E assim, este pequeno país, acima do círculo polar Ártico, com suas densas florestas e sombrios lagos e longas noites e frios invernos e densa neve e brancas noites estivais, tornou-se um verdadeiro Paraíso do Amor.

Assim diz-se, pelo menos.

PS - Meu ensaio sobre a Suécia, O Paraíso Sexual Democrata, está em http://pt.scribd.com/doc/46142761/Janer-Cristaldo-O-Paraiso-Sexual-Democrata