¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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sexta-feira, dezembro 09, 2011
 
RECÓRTER TUCANOPAPISTA
HIDRÓFOBO DA VEJA MENTE


Desagradável voltar ao assunto, mas voltar se impõe. Leitor me envia texto do recórter tucanopapísta hidrófobo da Veja, onde ele escreve:

"Comecei a chamar Lula de “O Apedeuta” para irritar mesmo, para provocar. Quantas foram as ironias feitas com FHC porque ele era um professor?"

Não, não foi por isto que este senhor passou a chamar Lula de Apedeuta. Passou a chamá-lo porque é meu fiel leitor. O recórter tucanopapísta hidrófobo mente. Quem utilizou pela primeira vez esta expressão para designar Lula fui eu. E isso há mais de nove anos. Transcrevo trecho de crônica que publiquei em 17 de abril de 2006:

O sumo analfabeto, com o apoio da Igreja Católica e da universidade, acabou sendo eleito. No ano mesmo de sua eleição, em crônica intitulada Eu sou o que sou, publicada no Baguete Diário, jornal eletrônico de Porto Alegre (29/03/2002), pareceu-me oportuno qualificá-lo como apedeuta: "Até hoje as esquerdas são pródigas em contar piadas sobre a falta de cultura de Costa e Silva. Mas Costa e Silva fez Escola Militar, cujo acesso não é para qualquer apedeuta".

Em 19 de agosto do mesmo ano, no mesmo jornal, na crônica intitulada O neoaparatchik,voltei ao tema: "Existe uma raça de apedeutas que se sentem muito eruditos quando usam proparoxítonas ou quadrissílabos. No debate organizado pela Folha de São Paulo, na segunda feira-passada, ele se superou. Lá pelas tantas, arrotou erudição: 'Entretanto, há coisas a serem feitas concomitantemente'. Embriagado pelo próprio verbo, feliz pelo heptassílabo, perguntou ao interlocutor: 'Gostou do concomitantemente?'"

Em 17 de março de 2003, no artigo "Armadilha para negros", publicado no Midiasemmascara, escrevi: "O atual presidente da República está longe de ser o primeiro apedeuta a assumir o poder neste país. Câmara e Senado estão repletos de analfabetos jurídicos, que nada entendem da confecção de leis nem sabem sequer distinguir lei maior de lei menor". Na tradução do artigo para o inglês, publicada na revista Brazzil, de Los Angeles, o tradutor teve um feliz achado: First Ignoramus.

Em "Fala, ó metamorfose ambulante", publicado também no Midiasemmascara, em 20 de setembro de 2004, lá está: "Durante solenidade em Brasília, o Supremo Apedeuta disse que 'o ser humano não tem que ter medo de ser uma eterna metamorfose ambulante', fazendo referência a um dos sublimes autores que embasam sua erudição". Na Brazzil, a expressão foi traduzida como Supreme Ignoramus. Se alguém se der ao trabalho de pesquisar nos arquivos do MSM, verá que, de 2003 para cá, escrevi pelo menos 21 crônicas, onde uso as expressões apedeuta ou Supremo Apedeuta.

Em suma, para meu prazer, a expressão foi fazendo fortuna na mídia eletrônica. Tanto o Supremo Apedeuta como o Supreme Ignoramus. Nada lisonjeia tanto um jornalista como ver seus achados correndo mundo. Outro dia, lendo ao azar a revista Primeira Leitura, vi que um jornalista tucano chapa-branca a empregava várias vezes. Maravilha, pensei, minha trouvaille já é de conhecimento dos partidos de oposição. Ocorre que, conversando com outros jornalistas, fiquei sabendo que o autor do artigo está reivindicando a autoria da expressão.

Alto lá, senhor Reinaldo Azevedo. Supremo Apedeuta é cria minha, e isto qualquer pesquisa rápida no Google pode comprovar. Use e abuse da expressão, quantas vezes quiser, divulgue-a aos quatro ventos, isto só me faz feliz. Mas não pretenda tê-la criado. Isto é muito feio para um jornalista. Ou, para usarmos uma palavra da moda, é antiético. E não fica bem para o porta-voz de um partido que pretende dar um banho de ética no partido que se dizia dono da ética tomar atitudes assim antiéticas.

O Supremo Apedeuta é meu.


Que jornalistas assumam a expressão só me alegra. Daí que um reles chupim, que vive de recortar trabalhos alheios, pretenda ter sido o primeiro a empregá-la, é um desaforo. Não é de hoje que este parasita se fundamenta em meu blog, sem citá-lo. Abaixo, outra de suas apropriações indébitas.