¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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segunda-feira, janeiro 31, 2011
 
DEFENSOR INCONDICIONAL DE CUBA
TEM SEU FILME CENSURADO EM CUBA



A presidente Dilma Rousseff citou ontem, na Argentina, o regime de Cuba como exemplo de sua posição em relação aos direitos humanos. Questionada sobre a ditadura, disse que se deve protestar "contra todas as falhas que existam em relação aos direitos humanos em Cuba".

Ó, como são gentis os petistas! A ditadura cubana não comete crimes. Tem suas falhas, é claro. O Tarso Genro, por exemplo, jamais falou em crimes do stalinismo. No máximo, desvios do stalinismo. Você jamais ouvirá da boca de um petista a palavra crime, quando a discussão for sobre comunismo.

Falar nisso, a Folha de São Paulo publicou ontem artigo do repórter americano Patrick Symmes, sobre como viver 30 dias na ilha com o salário de um jornalista cubano, isto é, 15 dólares. Sem falar que deixou de lado as despesas de aluguel de um imóvel vagabundo.

Segundo Symmes, a ração padronizada de produtos básicos consiste, por pessoa, em dois quilos de açúcar refinado, meio quilo de açúcar bruto, meio quilo de grãos, um pedaço de peixe, três pãezinhos.

Riram muito quando perguntei se recebiam carne de vaca. "Frango", disse a mulher, mas isso provocou uivos de protesto: "Qual foi a última vez que recebemos frango?", o marido questionou.

"Pois então, é verdade", ela disse. "Já faz alguns meses". A ração de proteína é distribuída a cada 15 dias e consiste numa carne moída de misteriosa composição, que inclui uma bela proporção de pasta de soja (se a carne for suína, a mistura recebe o falso nome de "picadillo"; se for frango, é conhecida como "puello com suerte", ou frango com sorte).

A ração basta para o equivalente a quatro hambúrgueres. Por mês, mas até aquele momento, em janeiro de 2010, cada um só havia recebido um peixe - em geral,uma cavala seca e oleosa. E há os ovos. A mais confiável das fontes de proteínas, eles são conhecidos como "salva-vidas".

Antigamente, a ração era de um ovo por dia; depois, um ovo a cada dois dias; agora, é de um ovo a cada três dias. Eu teria dez deles como ração para o mês seguinte.A opinião geral é de que a ração mensal hoje só dá para 12 dias de comida.

A minha viagem serviria para que eu fizesse o meu próprio cálculo: como alguém pode sobreviver durante um mês com comida para apenas 12 dias?


Resumindo: em um mês, Symmes perdeu quatro quilos.

Eu havia perdido primeiro dois, depois três, por fim quatro quilos. Mas estômago e mente se ajustaram com facilidade assustadora. Meus gastos totais com comida foram de US$15,08 ao longo do mês. (...) Minha última manhã: sem desjejum, para complementar o jantar que não tive na noite anterior. Usei a moeda que ganhei de uma prostituta para apanhar um ônibus até perto do aeroporto. Tive de caminhar os 45 minutos finais até o terminal; quase desmaiei no caminho.

No entanto, se um dia você conversar com uma assistente social petista – com perdão pelo pleonasmo – ela vai jurar de mãos juntas que em Cuba ninguém passa fome e todos gozam de excelente saúde. Ora, desde quando pode existir população saudável em um país em que o salário de um jornalista pode comprar, em um mês, o suficiente para viver doze dias?

Comentei, ano passado, um filme muito safado, Sicko, do agitprop ianque Michael Moore. O filme é de 2007 e se pretende documentário. No fundo, uma defesa inverossímil da medicina cubana. Moore começa expondo os altos custos da medicina americana, no que não vai nada de novo. Depois se transporta para o Canadá, França e Inglaterra, onde a saúde é subsidiada pelo Estado. Mostra americanos felizes morando em Paris e Londres, como se estivessem no paraíso. No Canadá, há até mesmo americanas casando com canadenses, por um seguro saúde.

O “documentarista” é tão fiel aos fatos que chega a mostrar um cidadão que se fere em Londres, no momento em que atravessa uma rua plantando bananeira e logo após suas démarches junto aos serviços de saúde. Documentarista bom é isso mesmo, pega a história desde o início. Moore estava no exato instante do acidente, para depois acompanhar a história toda. Mas o filme não tem por objetivo mostrar as excelências dos serviços de saúde da Europa. E sim dos de Cuba, o paraíso do Caribe.

Moore descobre que em Guantánamo os prisioneiros lá encarcerados têm assistência médica total e gratuita. E reúne vários americanos em dois barcos, três deles com seqüelas decorrentes do socorro às vítimas do atentado às torres gêmeas. Aproxima-se da prisão, pelo mar, e pede internação de seus passageiros na prisão americana. Como se Guantánamo fosse um hospital público. Na verdade, Moore fala apenas para seu câmera. Fala de longe, em pleno mar, sem ao menos usar um megafone. Claro que não recebe resposta alguma.

O agitprop pega então sua turma e dirige-se ao paraíso. Em Cuba, como se fosse a coisa mais normal do mundo chegar a um país para receber tratamento médico, todos são bem recebidos em um hospital de primeira linha. Com cuidados personalizados. Voltam curados para casa. Sem pagar nada ou quase nada. Por remédios que custam U$ 120 nos Estados Unidos, os americanos pagam 0,5 cents em Havana. Por tratamentos que custam de 7 mil a 15 mil dólares, pagam zero dólar em Cuba. Porque é assim? – pergunta o cineasta à Aleida Guevara, filha de um dos mais operosos assassinos do continente. “Porque nós podemos e vocês não” – responde Aleida.

Resposta definitiva. Incontestável. Ingênuos no Brasil é o que não falta para acreditar que a saúde é um direito de todo cidadão na Disneylândia das esquerdas. Mas o cineasta se revelou mais castrista do que os Castro. O jornal espanhol El País, em sua edição de ontem, trouxe à tona um informe confidencial de 2008, no qual uma delegação americana na ilha descrevia uma paisagem desoladora da saúde.

Segundo o relatório, as autoridades cubanas proibiram Sicko, por subversivo. Embora o filme trate de desacreditar a política sanitária nos Estados Unidos, salientando as excelências do sistema cubano, o regime sabe que o filme é um mito e não quis arriscar-se a uma reação violenta das pessoas, quando os cubanos vissem instalações que não estão disponíveis para a maioria deles. Quando os cubanos da delegação americana viram o filme, alguns se incomodaram tanto com a descarada distorção do sistema de saúde em Cuba que “se foram da sala”.

No entanto, o filme de Moore fez fortuna no Ocidente. Haja panacas neste nosso mundinho.

domingo, janeiro 30, 2011
 
FINLÂNDIA E IRLANDA SE DOBRAM
A OBSCURANTISMO DO CRESCENTE



Em fevereiro de 2006, comentei a pretensão de países muçulmanos que queriam criar uma cláusula contra a blasfêmia nos estatutos do novo Conselho de Direitos Humanos da ONU. Os 57 países que integram a OIC (Organização da Conferência Islâmica) pediram a inclusão de um parágrafo para "prevenir casos de intolerância, discriminação, incitação ao ódio e à violência, gerados por ações contra religiões e crenças".

A blasfêmia, de pecado, infração que diz respeito a teólogos, passaria a ser crime punido pela legislação. Os muçulmanos, cujo calendário começou em 622 da era cristã, queriam nada mais nada menos que arrastar a Europa de volta à Idade Média, onde discussões sobre o destino do prepúcio de Cristo podiam levar um homem à fogueira.

Em fevereiro de 2009, os muçulmanos conseguiram oficializar esta volta à Idade Média. Naquele mês, o Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas (ONU) aprovou uma resolução que condena a difamação religiosa e passa a considerar o ato como uma violação aos direitos humanos. O documento também pede que governos adotem leis protegendo as religiões de ataques.

Que é ataque a uma religião? Será ataque afirmar que Jeová era um deus genocida, que ordenava aos judeus exterminar as tribos que habitavam a Cananéia? Será ataque afirmar que Maomé era um pastor analfabeto que expandiu o Islã a ferro e fogo? Que era um pedófilo que assumiu como sua mulher uma menina de nove anos? Escrever sobre história passou a ser crime.

Na Finlândia já é. De uma boa amiga que mora em Vaasa, recebo notícias de Jussi Halla Aho, membro do Helsinki City Council e um dos pioneiros no país a falar contra a imigração 'humanitaria', principalmente muçulmana. Em 2009, ele foi processado pelo Estado por blasfêmia e por incitar contra uma etnia ou raça.

- Essas leis violadas por ele são novas – diz minha correspondente - e foram feitas pra aplacar os ânimos dos cabeças de toalha, claro. Não me lembro exatamente que textos do blog se enquadraram nessas leis, mas lembro que ele chamou o profeta Mohammed de pedófilo. Em outro texto, em resposta a uma esquerdinha idiota que disse que bebedeiras e brigas são características genéticas dos finlandeses, ele escreveu que então viver de seguro social e assaltar pessoas nas ruas são características genéticas do somalis. Após o julgamento, ele foi condenado por blasfêmia, e multado em cerca de 300 euros. De incitação contra uma etnia ou raça, ele foi absolvido. Só que agora o promotor, um dos maiores puxa-sacos dos muçulmanos no país, vai apelar para o Supremo Tribunal. Vamos ver no que dá.

A Finlândia rendeu-se definitivamente ao lobby muçulmano, que teve o aval da ONU em 2009. Mas console-se, caríssima. Na Irlanda, o jogo é mais duro. A partir do início do ano passado, todo irlandês que pronuncie uma blasfêmia arrisca-se a uma multa que pode chegar aos 25 mil euros. Desconheço legislação que puna alguém tão rudemente por pronunciar algumas palavras. É a Europa seguindo as recomendações da ONU.

Uma Lei da Difamação entende a blasfêmia como "uma expressão tremendamente abusiva ou insultuosa em relação a um assunto considerado sagrado por qualquer religião, causando indignação perante um número substancial de seguidores dessa religião".

Evidentemente, só haverá punições quando as blasfêmias se referirem ao Islã. Já que o velho deus cristão vem sendo insultado há séculos. Proibir insultos a Jeová seria proibir a edição de monumentos como Nietzsche ou Voltaire.

Na Irlanda, o discurso que a deputada Ayaan Hirsi Ali, do Parlamento holandês, pronunciou em Berlim, lhe valeria não poucos dissabores jurídicos.

Eu penso que o profeta Maomé errou em subordinar as mulheres aos homens.
Eu penso que o profeta Maomé errou ao decretar que é preciso assassinar os homossexuais.
Eu penso que o profeta Maomé errou ao dizer que é preciso matar os apóstatas.
Ele errou ao dizer que os adúlteros devem ser chicoteados e lapidados, e que os ladrões devem ter as mãos cortadas.
Ele errou ao dizer que os que morrem por Alá irão ao paraíso.
Ele errou ao pretender que uma sociedade justa possa ser construída sobre essas idéias.


Disse a deputada algo errado? Do ponto de vista do Ocidente, está coberta de razão. Mas agora dizer verdades constitui crime. A Irlanda e a Finlândia estão ignorando solenemente o acórdão Handyside, de 1976, reconhecido pela Corte Européia de Direitos do Homem. Que declara:

“A liberdade de expressão vale não apenas para as informações ou idéias acolhidas com favor, mas também para aquelas que ferem, chocam ou inquietam o Estado ou uma fração qualquer da população. Assim o querem o pluralismo, a tolerância e o espírito de abertura, sem o qual não existe sociedade democrática”.

O que a ONU propôs – e que algum países europeus começam a aceitar - é uma Idade Média total. Se na Idade Média eram proibidos apenas os livros e autores que contestavam a Igreja de Roma, a entidade agora quer a proibição de qualquer livro ou autor que conteste toda e qualquer religião.

Lenta e inexoravelmente, a Europa vai se dobrando de joelhos ao obscurantismo do Crescente.

sábado, janeiro 29, 2011
 
PSICANALISTA ABSOLVE
CRIMINOSO, DESDE QUE
O CRIME SEJA REPETIDO



Existe uma tendência nas esquerdas contemporâneas de absolver todo e qualquer crime. Crime não é crime. É doença. Logo, criminoso não é um criminoso que precisa ser punido. É um doente que precisa ser tratado. De onde vem esta perversão, confesso que não sei. Arrisco palpites. Talvez da longa convivência com a Igreja Católica, que não lida com o conceito de crime. E sim com o de pecado. Para quem peca, basta uma confissão e um ato de contrição e estamos quites com a sociedade e com as vítimas. Padres pedófilos não são criminosos, mas homens doentes que devem ser tratados e são merecedores de perdão. Você pode ter matado sua mãe. Mas se manifestar seu arrependimento ante um sacerdote, está livre de qualquer sanção.

Não bastasse essa filosofia barata de esquerda ver doença quando se trata de crime, a psicanálise – ou pelo menos um psicanalista – vê no crime uma manifestação de talento. Terça-feira passada, um menor de 14 anos foi apreendido pela 17ª vez, depois de ser detido ao volante de um carro furtado em Cidade Ademar. Sendo menor, não vai para a cadeia. Mas para a Casa, novo nome adotado pela antiga Febem, depois que Febem virou pejorativo. Antes tínhamos febenzinhos. Quando os menores internados na Casa passarem a ser conhecidos por casinhas, não tem problema. Troca-se mais uma vez o nome da fundação.

Mas há quem discorde desta medida brutal das autoridades. Para o presidente da Comissão da Criança e do Adolescente da OAB, Ricardo Cabezón, o menino não poderia ter sido levado à Fundação Casa porque o caso não atende a previsão legal de grave ameaça ou descumprimento de medidas socioeducativas. "Isso representa uma vergonha para a Justiça. Passados cinco anos não conseguem resolver o problema de uma criança. Esse garoto precisa de um acompanhamento psicológico muito próximo para canalizar essa hiperatividade e afastá-lo do crime."

Especialista em adolescentes em conflito com a lei, o psicanalista Jorge Broide diz que o garoto tem um talento que precisa ser aproveitado e pode ser transformado numa coisa útil para ele e para a sociedade. A obsessão por carros, por exemplo, pode revelar uma capacidade inata por mecânica ou competições de corrida, diz Broide.

Em entrevista à Folha de São Paulo, o psicanalista evoca seu guru: “Uma das questões mais importantes abordadas por Freud foi a compulsão pela repetição. É preciso saber o que esse garoto vive e o que está querendo dizer com isso. Inconscientemente ele manifesta um problema na vida que nem ele sabe o que é”.

Onde a justiça errou? – pergunta o repórter – partindo da conclusão tácita de que é um erro internar na Casa um criminoso. Responde o psicanalista:

- Isso não é visto como um talento. A posição do Estado é repressiva, apreendeu 17 vezes e não adiantou nada. A Justiça falha ao não ver o talento desse menino. É mais fácil criminalizar.

Traduzindo: se o Estado prende um criminoso 17 vezes e não adianta nada, o melhor que se tem a fazer é reconhecer no criminoso algum talento e encaminhá-lo a uma profissão compatível com sua especialidade. Quantos talentos foram perdidos com a política repressiva do Estado! Quantas vocações para açougueiro ou sushiman foram desperdiçadas só porque o malvado Estado põe na cadeia quem esfaqueia a própria mãe.

Quantos séculos serão necessários para a sociedade redimir-se da injustiça contra Chico Picadinho, o capixaba que esquartejou duas mulheres? Seu erro terá sido esquartejar apenas duas. Se manifestasse sua compulsão pela repetição, na ótica do psicanalista Broide, estaria simplesmente manifestando um problema na vida que nem ele sabia o que fosse.

É espantoso ver um jornal como a Folha conferindo foros de autoridade a palpiteiros que legalmente sequer existem como profissionais. Pois psicanálise não é profissão reconhecida por lei. Dr. Broide aproveita o azo para valorizar a profissão que não existe:

- É preciso fazer uma escuta psicanalítica para saber o que ele quer dizer e potencializar esse talento que ele tem. Essa compulsão é uma coisa incontrolável. Essa aptidão pode se transformar numa coisa útil para ele e para a sociedade.

Se é incontrolável, então tá! É profundamente injusto punir criminosos que têm propensões incontroláveis. Quem sabe estamos matando, no menor reincidente, um futuro ministro dos Transportes.

Longa vida à psicanálise. Os criminosos, penhorados, agradecem.

sexta-feira, janeiro 28, 2011
 
VELHO COMUNISTA JUDEU
SE SENTE EM CASA NO
CONTINENTE PUÑETERO



Escrevia há pouco que o marxismo – se é que estou bem informado – já estava morto. Leitores me enviaram programas de cursos de universidades brasileiras que, em vez de dissecar o cadáver, celebravam a múmia. Pior ainda, universidades privadas. O capital celebrando a filosofia inimiga.

Vanderlei Vazelesk me envia notícias de outro evento universitário, realizado em 2008, pela Fundação Padre Albino (Catanduva-SP) , o Congresso Brasileiro de Marxismo e Direito.

Em 30 de agosto de 2008, nas dependências do Curso de Direito das Faculdades Integradas Padre Albino, “campus” I, Catanduva-SP, deu-se o Congresso Brasileiro de Marxismo e Direito. Com organização dos professores Alysson Leandro Barbate Mascaro, Coordenador do Curso de Direito, e Camilo Onoda Luiz Caldas, Coordenador de Trabalho de Curso e de Pesquisa do Curso de Direito, o congresso contou, ainda, com a presença do professor Márcio Bilharinho Naves, professor da UNICAMP, e um dos mais ilustres juristas marxistas do Brasil.

O Curso de Direito das Faculdades Integradas Padre Albino tem se destacado no cenário pedagógico nacional por conta da veiculação de debates relevantes à questão cidadã e democrática brasileira. Mas não somente: atividades de extensão, com benefícios para a comunidade catanduvense, pesquisas científicas de relevante interesse local, debates semanais com grupos de alunos têm feito da faculdade de direito um centro de referência do pensamento crítico e progressista no Estado de São Paulo.

Iniciando-se os trabalhos, deram-se duas Conferências Magnas. A primeira, logo às 9 horas da manhã de sábado, contou com as contagiantes palavras do professor Alysson Mascaro, discorrendo sobre o panorama no marxismo jurídico e suas perspectivas para o século XXI. O professor Alysson é graduado em Direito, Doutor e Livre-Docente em Filosofia e Teoria Geral do Direito pela Universidade de São Paulo. Trata-se, inclusive, de um dos mais jovens doutores e livre-docentes por aquela prestigiada universidade. Atualmente é Professor da Faculdade de Direito do Largo São Francisco (USP), Professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie e Coordenador de Graduação do Curso de Direito das Faculdades Integradas Padre Albino.

Em seguida, a segunda Conferência Magna fora promovida pelo professor Márcio Naves. Explanando sobre o direito no pensamento de Karl Marx, o público calou-se diante de figura tão modesta nos gestos, todavia dotada de um profundo domínio do marxismo e sua perspectiva jurídica. Pesquisador do marxismo jurídico desde a década de 70, o professor Márcio Naves possui graduação em Direito pela Universidade de São Paulo, mestrado em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e doutorado em Filosofia pela Universidade Estadual de Campinas. No momento, é docente do Departamento de Sociologia do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP.

Após as conferências magnas, o professor Camilo Onoda Luis Caldas, teceu suas considerações sobre democracia, cidadania e revolução na perspectiva do marxismo jurídico. Alunos, convidados e comunidade catanduvense entusiasmaram-se com as contradições sociais apontadas pelo jovem professor. O professor Camilo também graduado e mestre em Direito pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, e em Filosofia pela Universidade de São Paulo (USP), lecionando no Curso de Direito das Faculdades Integradas da Fundação Padre Albino e na Universidade São Judas Tadeu, é também editor da Revista Direito e Sociedade e colunista político.

Ainda pelo período matutino, adentrou-se no marxismo jurídico soviético.


Etc, etc, etc. Por aí vai. Não vou me alongar na transcrição do catecismo. Ainda há pouco, eu dizia que a universidade brasileira é a vanguarda do obscurantismo. Não é de hoje. O marxismo foi introduzido no Brasil pela universidade mais antiga do país e que se pretende a melhor entre as demais, a USP. Se a melhor entre as demais começa sua existência, lá nos anos 30, propalando as virtudes de uma filosofia totalitária, podemos ter uma pálida idéia do que oferecem as demais universidades.

Estou falando, é claro, das ditas Ciências Humanas. Pois não é fácil vender marxismo em cursos de medicina, engenharia ou matemática. Não por acaso, a doutrina morta no século passado viceja ainda com gosto nos cursos de direito, filosofia, sociologia, letras, jornalismo.

Os países que sofreram o comunismo já enterraram Marx com gosto. Restam alguns saudosistas de Stalin na Rússia, é verdade. Mas os monumentos ao Paizinho dos Povos foram demolidos onde existiam. As homenagens a Lênin, também. A Europa de cá, que não sofreu a opressão do marxismo, reagiu com lerdeza ao desmoronamento da URSS. Até Fidel Castro e Che Guevara já foram jogados na famosa lata de lixo da História.

Restou a América Latina. Este “continente puñetero”, como dizia Alejo Carpentier (ou talvez Roa Bastos, agora não lembro). Le fonds de l'air est rouge - diziam os bobalhões de 68 em Paris. Chez nous, mais de quatro décadas depois, o fundo do ar continua vermelho. Não por acaso, uma velha cortesã européia, Eric Hobsbawm, declarou recentemente ao The Guardian, que “ideologicamente, hoje me sinto mais em casa na América Latina. É o único lugar no mundo em que as pessoas fazem política e falam dela na velha linguagem - a dos séculos 19 e 20, de socialismo, comunismo e marxismo”.

Em pleno século XXI, após a queda do muro, o desmoronamento da União Soviética e a derrocada do comunismo, o historiador judeu gaba-se de uma filosofia totalitária do século XIX. Desprestigiado na Europa, usa a mesma estratégia dos grupos de rock, que não conseguem mais faturar no Velho Continente e buscam grana no continente puñetero.

Árvore que nasce torta, não tem jeito, morre torta. O grande problema da universidade brasileira é essa velharada comunista que ainda não morreu e não consegue admitir que seus livros, teses e ensaios viraram lixo. É muito difícil, para um velho, admitir que sua vida sempre se pautou pelo erro. Melhor manter a bicicleta andando e transmitir o erro às gerações futuras.

Normal que um velho comunista, cuja filosofia demonstrou ser um fracasso, se sinta bem neste continente.

quinta-feira, janeiro 27, 2011
 
SOBRE MINHAS VIAGENS,
TEOLOGIA E O VIL METAL



Nunca fui imigrante, caro. Não invadi países pobres da Europa. Pelo contrário, sempre busquei os países ricos. Sem falar que não invadi país nenhum. Na Suécia, onde estudei língua sueca e cinema, entrei pela porta da frente e saí pela porta da frente. Desta estada, resultou um livro sobre a Suécia – o primeiro a ser escrito por um jornalista brasileiro - e três traduções de autores suecos, inéditos no Brasil.

Na França, fui convidado pelo ministério da Cultura para fazer um doutorado na Université de la Sorbonne Nouvelle. Recebi uma generosa bolsa do governo francês, com duração de quatro anos, coisa que nunca me foi concedida em meu país. Mais ainda: metade de meu aluguel era pago pelo Estado, sem que sequer eu requeresse tal benefício. Era concedido a todo estrangeiro que tivesse família e estivesse em situação legal no país.

Não invadi a Espanha. Recebi bolsa do Instituto de Cooperación Iberoamericana (ICI), para estudar língua e literatura espanholas em Madri. Não invadi a Alemanha. Fui convidado pela Inter Nationes para duas viagens culturais pelo país e, pelo Senado de Berlim, para a cobertura da Berlinale. Não invadi a Tunísia. Fui convidado pela Mairie de Tunis para a cobertura do Festival de Cartago. Na antiga Iugoslávia, fui hóspede de uma adorável macedônia. Muito mais países visitei na Europa. Nunca os invadi. Sempre neles estive a convite ou com meu dinheiro.

Jamais fiz trabalho braçal na Europa. Durante os quatro anos que vivi em Paris, escrevi crônicas diárias para a Cia. Jornalística Caldas Júnior, de Porto Alegre, elaborei minha tese e traduzi quase toda a obra ficcional de Ernesto Sábato. “Limpei” muito prato, é verdade. Nos bons restaurantes de Paris, Berlim, Viena, Roma e Madri, Dubrovnik e Skopje.

O fato de Ratzinger ter manifestado suas condolências às vítimas de abusos sexuais não o exime da comprovada conivência com os crimes de pedofilia. Lula fazia o mesmo. Enquanto denunciava em público a corrupção, em privado afagava sua camarilha de corruptos. Nada de novo sob o sol, como diz o Koelet. Sim, o “famigerado Janer Cristaldo” chama Bento XVI e João Paulo II de defensores de pedófilos. Chama e comprova.

Sim, afirmei que o canibal Jeffrey Dahmer praticou um gesto que está nos fundamentos da cultura cristã. Mais ainda, é exercido diariamente em todos os países do Ocidente.

No Deuteronômio, um dos principais livros da Bíblia, a hipótese é aventada como ameaça: “Então, na angústia do assédio com que o teu inimigo te apertar, irás comer o fruto de teu ventre: a carne dos filhos e filhas que Javé teu Deus te houver dado”. Em Jeremias, enciumado com os cultos a Baal, Javé anuncia os dias em que o vale de Ben-Enom se chamará Vale da Matança: “Eu farei que eles devorem a carne de seus filhos e a carne de suas filhas: eles se devorarão mutuamente na angústia e na necessidade com que os oprimem seus inimigos e aqueles que atentam contra a sua vida”.

Nos cinco poemas das Lamentações, livro atribuído a Jeremias, cujo tema central é a destruição de Jerusalém, volta o tema recorrente: “As mãos de mulheres compassivas fazem cozer seus filhos; eles serviram-lhes de alimento na ruína da filha de meu povo”.

Em Ezequiel, contemporâneo mais jovem de Jeremias, que denuncia a perversidade de Jerusalém e proclama a iminência de seu assédio e destruição, Javé volta a lembrar: “Farei no meio de ti o que nunca fiz e como não tornarei a fazer, isto por causa de todas tuas abominações. Por esta razão os pais devorarão os filhos, no meio de ti, e os filhos devorarão os pais”.

De fato, o canibalismo só ocorre no Segundo Reis. A fome impera durante o cerco de Samaria, quando uma mulher diz à outra: “Entrega teu filho, para que o comamos hoje, que amanhã comeremos o meu”. A primeira mãe cozinha seu filho e o divide com a segunda e, no dia seguinte, lhe pede: “Entrega teu filho para o comermos”. Mas a outra foge ao trato e esconde o filho.

Maldição no Antigo Testamento, no Novo o canibalismo se torna virtude. Durante a Santa Ceia, Cristo oferece seu corpo e seu sangue para que os participantes entrem em contato com o sacrifício, comendo do sacrificado. É o que os católicos romanos chamam de transubstanciação. Todo católico, quando comunga, não está bebendo o vinho ou comendo o pão como símbolos do corpo de Cristo. Está, de fato, bebendo o sangue e comendo a carne do Cristo.

No sacramento do altar, depois da consagração, não há senão o corpo e o sangue de Cristo. A doutrina da igreja Católica é clara. Segundo Santo Ambrósio, “antes da benção há uma espécie que, depois da consagração, se transforma no corpo de Cristo”. Santo Hilário confirma: “sobre a verdade concernente ao corpo e sangue de Cristo, não há lugar para dúvidas. Pois, conforme a afirmação mesma do Senhor e nossa fé, a sua carne é verdadeiramente comida e o seu sangue verdadeiramente bebido. Assim como Cristo é verdadeiramente filho de Deus, assim a carne que recebemos é verdadeiramente carne de Cristo, e a bebida é verdadeiramente seu sangue”.

São Tomás, na Suma Teológica, encerra a discussão, com uma ressalva: “que o corpo e sangue de Cristo estão verdadeiramente no sacramento do altar, não podemos aprendê-lo nem pelos sentidos nem pelo intelecto; mas só pela fé, que se apoia na autoridade divina”.

O Doutor Angélico vê na eucaristia a suprema celebração da amizade: “E porque é próprio por excelência à amizade, conviver com os amigos, Cristo nos prometeu como prêmio sua presença corporal. Por isso ele próprio disse: O que come minha carne e bebe meu sangue, esse fica em mim e eu nele. Logo, este sacramento é o máximo sinal da caridade e o sublevamento de nossa esperança pela união tão familiar de Cristo conosco”. E quem achar que a Eucaristia é um símbolo do corpo e carne de Cristo é herege. Muita gente foi para a fogueira por pensar assim.

O caso de Davi e Jônatas pode admitir interpretações. Mas o rei foi claro: “Angustiado estou por ti, meu irmão Jônatas; muito querido me eras! Maravilhoso me era o teu amor, ultrapassando o amor de mulheres”. E isso que Davi tinha não poucas mulheres. Em II Samuel - 5:13, lemos: “E tomou Davi mais concubinas e mulheres de Jerusalém, depois que viera, de Hebrom; e nasceram a Davi mais filhos e filhas”.

Quando Davi deixa dez concubinas para guardarem sua casa, seu filho Absalão, para afrontar o pai, viola as dez concubinas perante os olhos de todo Israel. Nesta ambiência moral, ser homossexual é o de menos. Não vejo porque tanto escândalo da parte dos católicos quando se atribui ao sábio rei Davi esta atitude. Gesto bem mais imoral e condenável foi Davi ter mandado Urias para a morte. Ainda há quem pretenda defender Davi da inócua fama de ser homossexual, mas faz vistas grossas ao fato de ter mandado assassinar um de seus generais, para ficar com sua mulher, Betsabá.

Sim, saí do Mídia sem Máscara por ter sido censurado. Em função de um artigo sem maiores implicações religiosas, onde eu afirmava que Cristo havia nascido em Nazaré, não em Belém. O pretexto foi esse, mas ao que tudo indica o conflito surgiu de outra crônica, na qual eu discutia a opinião dos teólogos sobre a crucial questão do destino do prepúcio de Cristo, se havia ficado na terra ou subido aos céus. Hoje o MSM, para captar publicidade do Google, divulga sites que negam a divindade do Cristo.

Pecunia non olet. Dinheiro não tem cheiro. Se pagar bem, que mal tem?

 
SITE CATÓLICO CONDENA
ESTE CRONISTA HERÉTICO



Blogueiro brasileiro Janer Cristaldo sofre por ver Bento XVI com cada vez mais poderes

http://vaticano-on-line.blogspot.com/


O blogueiro brasileiro Janer Cristaldo manipula, distorce e mente o tempo todo na frágil mídia brasileira. Cristaldo é, na verdade, um fugitivo da miséria brasileira imigrante. Fracassado depois de invadir países pobres da Europa age como Europeu mesmo sabendo que não passa de um latino de quinta categoria. Como não teve competência para fugir, foi invadir logo Paris, que vergonha...

O incompetente Janer não conseguiu sobressair no Brasil , por isso tenta desesperadamente encontrar culpados para seus fracassos pessoais e, com a ajuda de idiotas úteis tão ignorantes quanto ele, tem conseguido empobrecer ainda mais o meio virtual. Vamos entender esse complexo de inferioridade que escraviza este latino ignorante sulista que de tão velho fede morto.

Vamos observar como este trabalhador braçal brasileiro invejoso consegue conciliar o seu tempo que é dividido entre fazer textos de quinta e lavar vaso europeu. E se julga culto!

A imprensa, em agosto de 1991, transmitiu a notícia de que Jeffrey Dahmer, "canibal" norte-americano, estava sendo julgado por um tribunal em Milwaukee. Ao comentar o fato, a reportagem, da autoria de Janer Cristaldo, na Folha de São Paulo afirmava que "na verdade Jeffrey Dahmer nada fez senão praticar um gesto que está nos fundamentos da cultura cristã. Mas ainda: é praticado diariamente em todos os países do Ocidente"...hehe, que ridículo!

Para fundamentar esta afirmação, vêm citados exemplos do Antigo Testamento, como se encontram em 2Rs 6,28s; Lm 2,20; Ez 5,10; Jr 19,9 e nos relatos do Evangelho que apresentam a Santíssima Eucaristia como Sacramento do Corpo e do Sangue do Senhor Jesus (cf. Mt 26, 26-28 e paralelos). A notícia jornalística impressiona não pelo acume de perspectiva do repórter, mas pela capacidade de deformar fatos e textos do passado a fim de causar sensacionalismo no público leitor! Isso me lembra os membros das redes terroristas islâmicas que interpretam erroneamente o Alcorão para justificar seus homens-bomba, sem nunca explicar o que os inocentes que são mortos e feridos nas explosões têm com isso.

O jornalista Janer Cristaldo, na 'Folha de São Paulo', diz-se ateu e vem escrevendo artigos sobre a interpretação da Bíblia que têm causado estranheza. Vêm ao caso especialmente dois dos mesmos, datados respectivamente de 17/3/1992 ("Bíblia relata vários casos de amor entre homens") e 5/4/1992 ("Dogmáticos se julgam únicos donos da Bíblia"), em que atribui ao rei Davi relacionamento homossexual com Jônatas e sugere que a recusa de homossexualismo é "anacronismo do Terceiro Mundo, ao lado do socialismo e da inflação".

Renan Félix, em seu texto "Davi e Jônatas: uma amizade que incomoda" comprova verdadeiramente o rídículo que é a interpretação errada que se faz acerca da ligação entre os dois amigos.

Acontece, em determinada época, uma oscilação entre liberalismo e conservadorismo no site 'Mídia Sem Máscara', é o que provoca a saída de Janer Cristaldo. Ele é um articulista que desde o início do acompanhamento do site se destacou por ter opiniões bastante divergentes dos demais não do ponto de vista da gestão estatal e das inclinações políticas, mas da liberdade individual que preza acima de tudo e vai justamente fundamentar sua opção política. Há uma incoerência no seu liberalismo, que não se limita à idéia do Estado menor: passa pelo direito ao aborto, por uma não-ingerência religiosa, pela defesa do voto não-obrigatório. Essas questões de ordem moral, em especial a menção corriqueira a seu ateísmo, geram controvérsia junto aos leitores do 'Mídia Sem Máscara' e passam cada vez mais a incomodar os outros articulistas do site, num desconforto explícito nos diversos momentos em que de fato se estabelece um debate interno. A tensão finalmente ocasiona o desligamento do famigerado autor do site.

Cristaldo teria sido censurado e um artigo seu vetado pela editoria do site sem maiores esclarecimentos e por isso optou por se desligar dele. Ficou conhecido mais por xingar o Presidente Lula durante durante as eleições presidenciais de 2006.

Agora, o famigerado Janer Cristaldo chama a Bento XVI e João Paulo II de "defensores de pedófilos". O bom julgador julga os outros por si próprio!

Somente para ajudar o 'famigerado', citamos abaixo o Link mais forte que poderíamos encontrar: "ABUSO DE MENORES. A RESPOSTA DA IGREJA". Nele encontramos, nada mais, nada menos que:

1) Um vídeo reproduzindo o Discurso do Papa às vítimas de abusos e às suas famílias.
2) As modificações introduzidas nas 'Normae de gravioribus delictis' [com 5 Documentos].
3) Os Documentos pontifícios referentes ao tema, com nada menos que 19 Registros, como Cartas Pastorais, Vídeos e Declarações.
4) Os 22 chamados "Documentos de Apoio".
5) Um 'Glossário de Termos', fornecido para auxiliar o leigo na compreensão dos conceitos, principalmente de natureza canônica.
#Os Textos se apresentam quase sempre em Alemão, Espanhol, Francês, Inglês, Italiano, Latim e Português.

Eis o Endereço Eletrônico: www.vatican.va/resources/index_po.htm

quarta-feira, janeiro 26, 2011
 
SITE CRISTÃO DIVULGA
RELIGIÃO QUE NEGA A
DIVINDADE DO CRISTO



O Midiasemmascara é um site no mínimo paradoxal. Dirigido por um astrólogo que se pretende cristão, daqueles que quando se refere a Deus fala em Altíssimo, faz uma defesa incondicional do lado mais conservador da Igreja de Roma. Pelo menos enquanto dinheiro não falar mais alto. Para financiar sabe-se lá o quê - o exílio na Virgínia do santo homem se viu ameaçado de morte por suas histéricas denúncias no pasquim? - o site abriu seu espaço para publicidade do Google. Do que decorrem curiosas contradições. Aiatolices do Aiatolavo.

Em sua edição desta semana, o MSM publica uma lúcida entrevista com o psicólogo dinamarquês Nicolai Sennels, autor do livro Entre os criminosos muçulmanos. A experiência de um psicólogo em Copenhague. É a chispa da ferradura quando bate na calçada. Verdade que a entrevista foi publicada com um com pouco de atraso, é de dezembro de 2009. Longo é o caminho dos desmiolados até o entendimento.

Mas não sejamos implicantes. Antes tarde do que nunca. Melhor uma lucidez tardia do que a eterna estupidez. O insólito de tudo isto vem na publicidade do Google, situada à esquerda do artigo. Temos um link para

Casamento Muçulmano

Encontre a pessoa perfeita na e-Harmony. Cadestre-se Grátis!
eHarmony.com.br/Muculmanos

Não que eu esteja querendo casar-me com alguma daquelas embuçadas. Mas, por curiosidade, cliquei no link. Onde encontrei um formulário para inscrição, para eventual candidatura a alguma huri. Claro que não fui adiante. Mas suponho que o site ofereça pelo menos quatro consortes, como o Islã admite. Todas devidamente desprovidas de clitóris, para que não ocorra o risco de terem algum prazer na relação com os crentes. Alvíssaras! O catolicíssimo MSM, ao que tudo indica, aderiu à poligamia.

Mas o melhor vem mais adiante, Um outro link remete os infiéis à conversão ao Islã:

O que é o Islã?

Sobre o Islã e como se converter (ajuda a vivo pelo chat)
www.IslamReligion.com/pt
http://www.islamreligion.com/pt/?gclid=CJfvr8T41aYCFQrt7QodCzRbGg

Vamos aos dois primeiros artigos anunciados pelo site:

Novos Artigos Esta Semana

A Bíblia Nega a Divindade de Jesus (parte 5 de 7): Paulo Acreditava que Jesus não era Deus (Publicado em 24 Jan 2011)
Descrição: Muitas pessoas usam os escritos de Paulo como prova que Jesus é Deus. Mas isso não é justo com Paulo, porque ele claramente acreditava que Jesus não era Deus.

Excerto:

Em sua primeira carta a Timóteo, Paulo escreveu: “Conjuro-te diante de Deus, e de Cristo Jesus, e dos anjos eleitos, que sem prevenção guardes estas coisas,...” (1 Timóteo 5:21). Está claro que o título de Deus não se aplica a Jesus Cristo, mas a outro. No capítulo seguinte, ele novamente diferencia entre Deus e Jesus quando diz: “Diante de Deus, que todas as coisas vivifica, e de Cristo Jesus, que perante Pôncio Pilatos deu o testemunho da boa confissão,...” (1 Timóteo 6:13). (Leia mais...)

A Bíblia Nega a Divindade de Jesus (parte 6 de 7): Evidência do Evangelho de João (Publicado em 24 Jan 2011)

Excerto:

O evangelho de João, o quarto evangelho, foi concluído com sua forma presente setenta anos após Jesus ser elevado aos céus. Esse evangelho em sua forma final diz mais uma coisa sobre Jesus que era desconhecida dos três evangelhos anteriores – que Jesus era o Verbo de Deus. João quer dizer que Jesus foi o agente através do qual Deus criou tudo. Isso com frequência é mal interpretado como significando que Jesus era o próprio Deus. Mas João estava dizendo, como Paulo já havia dito, que Jesus foi a primeira criatura de Deus. No Apocalipse na Bíblia, encontramos que Jesus é: “o começo da criação de Deus” (Apocalipse 3:14; ver também 1 Coríntios 8:6 e Colossenses 1:15).

Quem diz que o Verbo de Deus é uma pessoa distinta de Deus deve também admitir que o Verbo foi criado, porque o Verbo fala na Bíblia: “O Senhor me criou como a primeira das suas obras...” (Provérbios 8:22).

Esse evangelho, entretanto, ensina claramente que Jesus não é Deus. Se não continuasse esse ensinamento, contradiria os outros três evangelhos e também as cartas de Paulo que claramente estabelecem que Jesus não é Deus. Encontramos aqui que Jesus não era coigual com o Pai, porque Jesus disse: “... o Pai é maior que eu.” (João 14:28).


Como diziam os romanos, pecunia non olet. Dinheiro não tem cheiro. Pagando bem, que mal tem?

terça-feira, janeiro 25, 2011
 
SENADO ESPANHOL ADERE A
NACIONALISMOS TACANHOS



Que no Parlamento europeu se falem 23 línguas se entende. Se em 1958 lá se falavam as quatro línguas dos seis países fundadores, (alemão, francês, italiano e holandês), a Comunidade Européia inchou. Em 1973, foram acrescentados o inglês, o dinamarquês e o irlandês. Em 1981, foi a vez do grego, espanhol e o português. Em 1986, o finlandês, em 1995, o sueco. Em 2004, o estoniano, o húngaro, o letão, o lituano, o maltês, o polaco, o checo, o eslovaco e o esloveno. Desde janeiro de 2007, com a adesão da Romênia e da Bulgária, a União Européia conta oficialmente com 23 línguas. Até aí, muito compreensível.

Difícil de entender é a decisão do Senado espanhol, que autorizou debates nas cinco línguas distintas do país, com intérpretes convertendo suas palavras em um idioma que todos falam perfeitamente: o espanhol castelhano. É o que nos diz o jornal britânico The Guardian. Para os críticos, a iniciativa de permitir que os senadores falem em catalão, galego, valenciano e basco converteu a Casa em uma torre de Babel. De acordo com a mídia espanhola, os 25 intérpretes necessários para converter as diferentes línguas em castelhano custam ao Senado € 12 mil por dia (R$ 27 mil), ou € 350 mil por ano (R$ 795 mil).

O primeiro a fazer uso da prerrogativa na semana passada – segundo o Guardian - foi o socialista Ramon Aleu, que falou em catalão. Sua decisão obrigou outros senadores a colocar seus fones de ouvido e ouvir intérpretes convertendo suas palavras no castelhano que o próprio Aleu usara em discursos anteriores.

Comentei este absurdo há exatamente um ano, quando estava em gestação. Nada tenho a dizer de novo. Foi coisa do Partido Socialista no poder, que votou com os nacionalistas das comunidades autônomas para que todas as línguas oficiais – o castelhano, o catalão, o basco, o galego e o valenciano – fossem faladas na segunda câmara do Parlamento. O serviço de interpretação simultânea a ser posto em prática seria semelhante àquele das Nações Unidas ou do Parlamento europeu.

Se você for a Barcelona ou ilhas Canárias, vai ouvir muito catalão. Mas todos entendem e falam o espanhol. Diga-se o mesmo do galego ou valenciano. Estive em Santiago e Valencia e me comuniquei em espanhol com todo mundo. Mantive longa correspondência com uma galega. Como queria conhecer o idioma, tive de pedir a ela que me escrevesse em galego. Pois normalmente escrevia em espanhol. Desconheço o país basco, mas suponho que por lá ninguém não fale o espanhol. Ou seja, os cidadãos de todas as comunidades da Espanha se entendem na mesma língua.

Só os senadores não. Ou melhor, se entendem. Não há nenhum que desconheça o espanhol. Em nome de nacionalismos tacanhos, fingem agora que não entendem a língua-mãe e fazem teatro falando línguas regionais.

Há três décadas, eu aplaudiria a idéia com entusiasmo. O que só demonstra que longa é a jornada até a sensatez. Na época, eu considerava que cada língua que morre empobrece a humanidade. Hoje, penso que língua só é língua se tem atrás de si um exército, uma marinha e uma força aérea. Se não os tiver, é dialeto. Os nacionalismos estão minando a Espanha. A começar pelo basco. Corre à boca pequena que, quando o bom Deus quis castigar o demônio, condenou-o a estudar basco sete anos.

Continuando com o catalão. Se o basco sempre foi a língua corrente nas vascongadas, o catalão era apenas uma língua a mais na Catalunha. Todo catalão falava espanhol. Com a morte de Franco, ocorreu na região um surto de afonsocelsismo – fenômeno que não é só brasileiro, mas universal – e a Generalitat decidiu que o catalão passava a ser a língua oficial da comunidade. Se entre espanhol e basco há uma distância intransponível, entre espanhol e catalão a distância é mais curta, mas mesmo assim difícil de ser transporta. Pessoalmente, se leio catalão, consigo entender. Quando eles falam, já não entendo mais nada.

A oficialização do catalão foi uma exigência mais ou menos ditatorial da Generalitat, o sistema institucional em que se organiza politicamente o autogoverno da Catalunha. Se você for a Barcelona, verá que todo mundo fala espanhol. Já o catalão, é imposto no ensino e nas comunicações oficiais com o Estado. O que faz a fortuna dos tradutores. Um documento da Generalitat enviado a Madri tem de ser traduzido ao espanhol. Quando Madri responde, nova tradução ao catalão. Multiplique agora isto por cinco. No ensino, o espanhol tem as mesmas horas consagradas ao inglês. A escola está formando, na marra, novas gerações que já não conseguem falar com seus pais.

Dividir para reinar, esta parece ser a divisa dos socialistas espanhóis. Durante séculos, a Espanha se entendeu muito bem com o espanhol. Tornar oficiais mais quatro línguas – das quais duas pelo menos, o catalão e o basco, já gozam desse status – significa tornar mais complicada a vida de todo cidadão. Senadores portarão aparelhos de tradução para se entenderem em uma câmara onde todo mundo fala a mesma língua.

Que cada região da Espanha queira falar sua língua, nada contra. Daí a complicar a vida no Congresso vai uma longa distância. Mas socialismo é isso mesmo. Para que facilitar quando se pode complicar?

segunda-feira, janeiro 24, 2011
 
PIERRE MICHEL PUBLICA
DICTIONNAIRE MIRBEAU



Octave Mirbeau é um dos mais singulares escritores do século XIX. Pouco conhecido no Brasil, dele tivemos notícias através de Buñuel, com seu filme de 1964, Diario de una Camarera, baseado na novela do escritor francês, Journal d’une Femme de Chambre. Meu contato com Mirbeau ocorreu em Lisboa, quando comprei em um antiquário da Baixa o perturbador O Jardim dos Suplícios. Em Ponche Verde, registrei esta leitura:

Escrito em estilo soberbo, de suas páginas exalava um odor lúgubre de flores podres. No fundo, o livro era uma ode à vida, mas isto só se revelava ao leitor após uma extensa apologia da morte e, para o espírito enfermo de Cristiano, apresentava-se como um desses medicamentos que eliminam não só a doença como também o paciente. Curiosamente, aquela viagem que acabava em um jardim oriental de torturas, começava em um navio.

“Chegar a qualquer sítio é morrer”, dizia um dos personagens, e Cristiano, lá no fundo, sem mesmo sequer ousar formular o pensamento, se deixava enamorar pela recíproca. Por outro lado, certas observações de Clara, o mais sinistro personagem feminino que jamais conhecera, acabavam lhe conferindo um mínimo de auto-estima, por si e pelos sentimentos que o minavam: “Quando se é alegre é porque não se ama... O amor é uma coisa grave, triste e profunda...” Clara, em meio a ratos podres, cães afogados, pedaços de bezerros e cavalos, passeando por um mercado chinês, “aspirava a podridão com avidez, como se fosse um perfume”.

Amor e morte, para aquele personagem que só na realidade mesmo poderia existir, já que dificilmente um cérebro humano, por enfermo que estivesse, o conceberia a partir do nada, amor e morte eram palavras sinônimas, e a podridão era a eterna ressurreição da vida. Outras opiniões de Clara, Cristiano as lia com uma piscadela cúmplice: era na luxúria que todas as faculdades cerebrais do homem se revelavam e se aguçavam. No entanto, desde que vira aquela argentina caída do céu, seu sexo cessara suas exigências. Espantava-se consigo mesmo ao descobrir que seu maior desejo era passear com ela pelas pontes, ouvi-la cantar, olhar peixinhos voadores.

Clara passeando excitada no jardim das torturas: “Na nossa sinistra Europa, que há tempo ignora o que é a beleza, tortura-se secretamente no fundo das prisões ou nas praças públicas, entre uma multidão de ébrios ignóbeis... Aqui é no meio das flores que se erguem os instrumentos de tortura e morte, os cadafalsos, as forcas e as cruzes”. O carrasco explicando a Clara seu ofício: “A arte, milady, consiste em saber matar segundo ritos de beleza que nós, chineses, somos os únicos a conhecer o segredo divino. Saber matar! Nada é mais raro, e tudo reside nisso. Saber matar! Significa trabalhar a carne humana como um escultor a argila ou um bocado de marfim... Obter o máximo, todas as capacidades de sofrimento que ela encerra no fundo de suas trevas e mistérios... É preciso ciência, variedade, elegância, imaginação... Enfim, gênio!”

E o verdugo-esteta concluía que o esnobismo ocidental, com seus couraçados, canhões de tiro rápido e explosivos tornavam a morte coletiva, administrativa, burocrática... “Enfim, todas as sujeiras do vosso progresso destroem, pouco a pouco, as nossas belas tradições do passado”. O suplício do rato: um rato faminto que era posto em um vaso com um pequeno orifício, fixado às nádegas de um condenado. Com um ferro em brasa assustava-se o rato para que buscasse uma saída e o animal acaba por encontrá-la, abrindo passagem com unhas e dentes.

Clara excitada ante o relato do verdugo. O suplício do sino: em meio a um jardim paradisíaco, ornado de pavões, faisões, galos da Malásia, um sino imenso sob o qual era atado um homem, até morrer com suas vibrações. Clara radiante. De onde Mirbeau arrancara, de que inferno ainda não concebido pela mente humana, de onde saíra aquele relato infame? — perguntava-se Cristiano. E os miasmas daquele poema negro lhe inundavam o espírito já asfixiado por uma rarefeita vontade de viver.


De Angers, França, recebo notícias do professor Pierre Michel, divulgador infatigável de Mirbeau, responsável pela edição dos Cahiers Mirbeau, cujo número 18 deve vir a público em março. Para quem quiser conhecer melhor o escritor francês, Pierre Michel nos brinda com o monumental Dictionnaire Mirbeau (1200 páginas), que deve ser publicado pela Age d’Homme, mas já tem acesso livre e gratuito em http://mirbeau.asso.fr/dictionnaire .

Merci, Michel, et à un de ces quatres!

domingo, janeiro 23, 2011
 
PAPA DEFENSOR DE PEDÓFILOS
QUER CANONIZAR OUTRO PAPA
DEFENSOR DE PEDÓFILOS



O papa Bento XVI, acobertador de pedófilos, afirmou há pouco que as autoridades do governo, a sociedade e as instituições italianas devem recuperar suas raízes morais. "A vocação singular que a cidade de Roma exige hoje de vocês, autoridades de governo, é que ofereçam um bom exemplo da positiva e útil interação entre seu saudável status leigo e a fé cristã", disse a policiais de Roma. Como se o Vaticano, hoje, tivesse alguma autoridade para reprovar a conduta moral de quem quer que seja.

A crítica do papa é endereçada a Silvio Berlusconi, que teria pago pelos serviços de Ruby, uma prostituta marroquina. Ainda há pouco, uma outra prostituta de luxo, Nadia Macri, disse à TV italiana RAI ter recebido 5.000 euros do premiê para participar de uma orgia no dia 24 de abril do ano passado. Ruby teria participado da "festa" e recebido a mesma quantia.

Em Antrosano, pequeno povoado dos Abruzios, o pároco Aldo Antonelli convocou uma greve de missas, em protesto pela “cumplicidade da hierarquia católica com a política suja”. Dom Antonelli não se referia à cumplicidade do Vaticano com os crimes de pedofilia, mas sua leniência com as orgias de Berlusconi. Ao qual pode se reprovar muita coisa, menos pagar mal às moças que lhe oferecem seus préstimos.

Nos primórdios da Igreja, havia uma grande dificuldade para declarar santo algum crente. Pouco se sabia sobre ele. Hoje, a dificuldade é inversa: sabe-se demais sobre o candidato a santo. Bento XVI está lutando pela beatificação de seu antecessor, João Paulo II. Vamos aos fatos.

Segundo The New York Times, o cardeal Joseph Ratzinger – hoje papa Bento XVI, é bom lembrar - não fez nada para impedir em 1980 que um padre acusado de pedofilia retomasse o sacerdócio em uma outra paróquia na Alemanha. No final de 1979 em Essen, Alemanha, o padre Peter Hullermann foi suspenso após várias queixas de pais que o acusavam de pedofilia. Uma avaliação psiquiátrica ressaltou seus instintos pedófilos.

Algumas semanas depois, em janeiro de 1980, Ratzinger, que era na época arcebispo de Munique, dirigiu uma reunião durante a qual a transferência do padre de Essen para Munique foi aprovada. O futuro pontífice recebeu alguns dias depois uma nota na qual foi informado de que o padre Hullermann havia retomado o serviço pastoral.

Em 1986, o mesmo padre foi declarado culpado de ter agredido sexualmente meninos em uma outra paróquia de Munique, após a transferência para a cidade bávara. Semana passada, novas acusações de pedofilia vieram à tona, envolvendo o início e o fim de seu sacerdócio. Segundo o jornal, "este caso é particularmente interessante porque ele revela que na época o cardeal Ratzinger estava em posição de lançar de processos contra o padre, ou pelo menos, de fazer com que não tivesse mais contato com crianças".

Nada fez. O futuro papa acobertou ainda abusos sexuais de um padre americano, Lawrence Murphy, acusado de ter abusado de 200 crianças surdas de uma escola do Wisconsin (norte dos Estados Unidos), entre 1950 e 1972. Segundo o jornal novaiorquino, o então prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé abriu mão de iniciar os trâmites contra o padre acusado de ter abusado de crianças surdas.

Vamos a seu antecessor, o Karol Wojtyla, mais conhecido como João Paulo II. Além de notório acobertador de pedófilos - sobre sua mesa haviam-se acumulado acusações de pedofilia contra milhares de sacerdotes e também queixas pelo encobrimento desses delitos por alguns prelados nos EUA, Irlanda, Itália, Áustria e inclusive na Espanha - foi o grande protetor do sacerdote mexicano Marcial Maciel, o fundador dos Legionários de Cristo.

Acusado de abusar sexualmente de mais de 20 seminaristas - incluindo os próprios filhos - Maciel teve filhos com várias mulheres e, como um outro santo moderno, o Martin Luther King, foi plagiador emérito: plagiou descaradamente o livro de cabeceira da legião, intitulado Saltério de Meus Dias, e impôs a toda a organização um quarto voto de silêncio para se proteger de denúncias. Um de seus antigos colaboradores o acusa inclusive de ter envenenado seu tio-avô, o bispo Guízar, que apoiou a bem-sucedida carreira eclesiástica do sobrinho no México dos anos 1930.

Deste santo senhor, temos fartas fotos sendo abençoado pelo papa João Paulo II, recebido em audiência especial no Vaticano. Centenas de denúncias sobre o padre Maciel chegaram à mesa de Wojtyla. O papa as desprezou. Maciel enchia praças e estádios de futebol em suas viagens pelo mundo. Era merecedor da benção papal.

Verdade que Ratzinger o expulsou do Vaticano, obrigando o padre Maciel a levar "uma vida reservada de oração e penitência, renunciando a qualquer forma de ministério público". Punição no mínimo carinhosa para um notório pedófilo.

Maciel morreu em janeiro de 2008, no México. Segundo os jornais, Maciel não só teve aventuras amorosas, como em Madri vivia uma filha sua, com nome, sobrenome e um número concreto em luxuosos apartamentos na Calle de Los Madroños. A garota, já madura, chama-se Norma Hilda e fez um pacto de silêncio em troca de uma pensão vitalícia. Quem selou o acordo e cuidou de que a rocambolesca história acabasse aí foi o secretário de Estado do Vaticano, cardeal Tarcisio Bertone, durante uma visita semioficial à Espanha. Ocorreu nos primeiros dias de fevereiro do ano passado. O dinheiro não foi obstáculo. Há décadas que em ambientes hostis o grupo de Maciel é conhecido com ironia como os Milionários de Cristo.

O cardeal Tarcisio Bertone é aquele impoluto senhor que, em fevereiro do ano passado, afirmava ser necessário que os padres pedófilos reconhecessem "suas culpas, já que das provas pode surgir a renovação interior”. Na época do abuso sexual das 200 crianças surdas em Wisconsin, Ratzinger presidia a Congregação para a Doutrina da Fé e Bertone era seu vice. Oito meses depois da denúncia, cardeal Bertoni encarregou os bispos de Wisconsin de instruir um processo canônico secreto que teria podido levar ao afastamento do padre Murphy.

Bertone, segundo o NYT, encerrou o processo depois que padre Murphy escreveu pessoalmente ao então cardeal Ratzinger que não deveria ser submetido a processo porque estava arrependido e em precárias condições de saúde: “Quero simplesmente viver aquilo que me resta na dignidade de meu sacerdócio”, escreveu o padre, já perto de sua morte, o que ocorreu em 1998.

Se estava arrependido, não precisava levar a frente o processo. Não se tratou exatamente, no caso, de uma ação entre amigos. Mas de uma ação entre cardeais. Vai, meu filho, teus pecados te são perdoados.

Volto ao santo padre Marcial Maciel. A benção que lhe foi dada por João Paulo II desrecomenda qualquer santificação. Mesmo assim, Bento XVI quer beatificá-lo. Beatificar criminosos está se tornando norma no Vaticano. João Paulo II não beatificou aquela vigarista albanesa, Agnes Bojaxhiu, mais conhecida como madre Teresa de Calcutá, vigarista de alto bordo e apoiadora de ditadores como Envers Hodja e Baby Doc?

Um papa protetor de pedófilos quer santificar seu antecessor, outro notório protetor de pedófilos. Canonização está se tornando não uma ação entre amigos, mas um conluio de vigaristas. A Santa Madre Igreja Católica Apostólica Romana tem dias insólitos pela frente. Em seu hagiológio, poderemos ver um santo abraçando um pedófilo.

sábado, janeiro 22, 2011
 
DOS LEITORES


Sobre o vigarista prêmio Nobel


Caro Janer

Tudo bem? O comentário que recebeste defendendo o Martin Luther King realmente mostra o poder que estes mitos construídos pela mídia tem sobre alguns e/ou o quanto se ganha por eles. No afã de defender o indefensável, acaba tornando a coisa ainda pior. O trecho que mais gostei da defesa foi aquele que se refere que Luther King atingiu "corações e mentes dos negros", e que isso já prova o valor do cara. Ocorre que sabendo ou não, o autor desta defesa acaba justificando toda a canalha do século passado que também hipnotizou multidões com o culto de personalidade: Stalin, Hitler, Hirohito, Mao, Ho Chi Minh, Kim Il-Sung, Kim Jong-I, etc... . Os vídeos no youtube da época de alguns destes ditadores mostram bem com quem estavam o coração e a mente da maioria das pessoas.

A pérola seguinte também não deixa por menos: "Se querem homenageá-lo, se o próprio presidente o homenageia, quem somos nós para julgá-lo sem ter participado daqueles momentos importantes?" Sei... então porque muitos não participaram da época de Mao, Stalin e Hitler não têm o direito de condenar o que se fez sob seus governos? Melhor ainda, se isto é verdade, então toda a população mais jovem - e que não viveu o regime militar no Brasil - poderá pedir a anulação das bolsas-ditaduras quando o último remanescente daquela época morrer, pois poderão alegar que não viveram naquela época. Institua-se então um novo calendário de santos - devidamente purgados pelo politicamente correto de seus desvios do passado - e nem se estude mais história. Até mais.

Emerson Schmidt



Sobre preços

Creio que não é só isso, caro Janer.

Individualizaste muito bem os impostos e a ânsia do mercado por produtos de ostentação, e essas são causas verdadeiras sim. A última se dá principalmente nesses espaços que eu chamo de espaços de afirmação, como restaurantes, butiques, joalheiras, revendas de automóveis, etc. Mas agregaria outras duas mais, que há anos eu as venho observando na sua despudorada atuação. São os juros e a monstruosa insegurança jurídica do ato empresarial entre nós. Essas são, certamente, mais donas do espetáculo, mais constantes, sistematizadas, afetando fortemente tudo, comércio e indústria, de uma forma muito discreta e silenciosa.

Sobre os juros, tu bem o sabes, o brasileiro foi amestrado lentamente, como naquela estória de cozinhar o sapo na água, a pagar juros não só altos, mas altos e até mesmo a pagá-los quando não toma o dinheiro emprestado, ou seja, quando paga à vista. Quando te dizem que uma coisa custa tanto à vista e que por esse mesmo preço te fazem em 10 vezes, isso significa que a assertiva inicial é falsa. Se insistires muito em um desconto à vista, te darão algo simbólico ou mesmo o velho “nada”.

E não adianta tu procurares a compra do mesmo produto em outro lugar e em condições diferentes. Usando um bordão, afirmo: “está tudo dominado”, pois os bancos e financeiras compraram as fábricas ou as têm nas mãos pelos mais rebuscados caminhos.

Com relação à insegurança jurídica, cabe que lembremos que num país onde tu pões para a rua um empregado que é teu inimigo, inimigo de tua empresa, inimigo de teus planos, e a Justiça do Trabalho manda que tu o reempregues, forçosamente, - não se precisa dizer mais nada. Mas não resisto: num país onde o número de regulamentos tributários é tão vasto que ninguém os domina, o que fazer. Insegurança acaba em custos, ela não tem outra rota ou outro flanco a afetar, não há o que fazer a não ser criar gorduras que signifiquem defesa contra essa coisa.

José Barcellos


Você diz que ICMS, PIS, COFINS, CSLL, IRF, etc. existem há muito... Sim, mas só para ficar no governo Lula, o somatório destes impostos foi aumentado em 20% para financiar o tal "bolsa-esmola". O ICMS, nestes últimos 20 anos, começou com 12%, e hoje tem produtos cuja alíquota é de 33%. Os nomes continuam os mesmos, mas as alíquotas... É isso que explica os preços cada vez maiores.

James Masi Dressler

 
A VANGUARDA DO OBSCURANTISMO


Escrevi ontem: “Ora, o socialismo – se é que estou bem informado – já morreu.” Ao que tudo indica, estou mal informado. Na universidade brasileira, pelo menos, continua gozando de boa saúde. De um leitor atento, recebi esta pérola:

A realização do I Congresso Internacional de Direito e Marxismo é uma parceria entre a Universidade de Caxias do Sul (UCS), a Universidade Federal Fluminense (UFF) e a Universidade de Fortaleza (UNIFOR) e está dividido em cinco eixos temáticos, estabelecidos a partir dos critérios de aderência com as linhas de pesquisa dos cursos de graduação e dos programas de pós-graduação das instituições realizadoras e da afinidade com o projeto teórico e político desenvolvido por Karl Marx, adotando-se os seguintes títulos: Direito e Economia, Direito e Democracia, Teoria da Constituição, Teoria da Justiça, Meio Ambiente.

O evento, com inscrições gratuitas, visa a proporcionar a difusão - entre alunos da graduação e pós-graduação, professores, pesquisadores, advogados e profissionais jurídicos em geral – da obra de Karl Marx e da tradição teórica e política que se formou em sua esteira, com a promoção de palestras, oficinas e produções bibliográficas no campo do marxismo, voltadas à temática do Direito Constitucional contemporâneo.

Objetivos

Divulgar a teoria marxiana entre os estudantes, professores e profissionais do Direito em geral.

Reunir pesquisadores nacionais e estrangeiros, preocupados com a conexão entre Direito e Marxismo.

Proporcionar canais de diálogo entre profissionais atuantes em diferentes áreas do Direito.

Promover a difusão de trabalhos científicos acerca dos eixos temáticos adotados.

Fomentar o debate de soluções alternativas para a problemática da falta de efetividade da Constituição.


A universidade tupiniquim não tem cura. Em pleno século XXI, não abre mão de ser a vanguarda do obscurantismo.

sexta-feira, janeiro 21, 2011
 
GATOS PINGADOS QUEREM
PRESERVAR CINEMA FALIDO



Pertenço a uma geração aficionada pelo cinema. Em meus dias de universidade, havia um intenso movimento cinematográfico em Porto Alegre. O Clube de Cinema, tocado pelo Paulo Fontoura Gastal, nos trazia filmes que normalmente não chegavam às demais cidades do país. Na meia-noite das sextas-feiras, havia sempre uma pré-estréia de um bom filme. Sessão obrigatória para intelectuais, universitários e demais cinéfilos. Sábados e domingos eram preenchidos pela discussão do filme. Não se tratava, é claro, dos Harry Potters e Avatares da vida. Mas do que então se chamava cinema de autor. Os atores eram secundários. O que importava era se o diretor era o Fellini, o Kurosawa, Peckinpah, Monicelli, Godard, Antonioni, Bergman.

Tão aficionado fui pela coisa, que rumei à Suécia. Por várias razões, é verdade, mas uma delas era estudar cinema. Comecei o curso na Stockholms Universitet. Abandonei-o quando descobri que era meramente teórico, e de lá sairia sem sequer saber como abrir uma lata de negativos. Mas não consegui desligar-me da sétima e última das artes, como dizíamos então. Em meus dias de correspondente em Paris, fiz a cobertura de dois festivais de Berlim, três de Cannes e um outro de Cartago, na Tunísia. Estava até pensando no festival de Teerã, quando Khomeiny entrou lá a ferro e fogo, condenando tanto o cinema e a música como perversões ocidentais.

Hoje, já não curto tanto cinema. É que não se fazem mais Fellinis ou Kurosawas como antes. Nem mesmo Godards ou Antonionis, se bem que estes eu dispenso. Os três grandes filmes que vi nos últimos anos foi A Festa de Babete, de Gabriel Axel, Adeus, Lênin, de Wolfgang Becker e Slogans, de Gjergj Xhuvani. E o resto é silêncio.

Assim sendo, longe de mim apoiar o fechamento de um cinema. Me refiro ao Belas Artes, daqui de São Paulo, que se caracteriza pela exibição de filmes de arte e está por fechar as portas nos próximos meses. Devia fechar no final deste janeiro, mas obteve um sursis de mais três, enquanto se decide – ou não – por seu tombamento. Já comentei o caso, em maio do ano passado. A sala era subsidiada pelo HSBC e perdeu o patrocínio. No que eu já via algo que cheirava mal. Não vejo porque um cinema, atividade comercial, deva ser financiado por um banco. Mesmo que exiba filmes de arte.

Na época, o proprietário do cinema negociou com um grupo de restaurantes para obter receita e manter as atividades. "A idéia seria o cliente acrescentar um valor na conta, que iria para um fundo de ajuda ao espaço", dizia André Sturm, sócio da sala. A iniciativa partiu de 14 restaurantes, entre outros, Le Casserole, Arabia e Ici Bistrô.

O que me pareceu um desaforo. Não assisto cinema nacional há mais de trinta anos. Uma de minhas razões – não a mais importante – é que o cinema nacional é financiado pelo contribuinte. Ora, se já paguei pela produção, não me disponho a pagar para assisti-la. Só se vierem me buscar em casa de limusine e mesmo assim não sei se iria. Não bastasse o contribuinte pagar a produção de um filme, tem agora de pagar sua exibição. A idéia me pareceu revoltante e me prometi deixar de freqüentar restaurante que me cobrasse tal esmola. Pelo jeito, o projeto não foi adiante.

Não é que um cinema de arte esteja morrendo. Os cinemas de rua estão morrendo no Brasil todo. Em meus dias de adolescência, minha cidadezinha tinha três cinemas. Hoje não tem nenhum. Santa Maria, quando vivi por lá, tinha quatro ou cinco cinemas. Apesar de ser uma cidade universitária com 250 mil habitantes, chegou a não ter nenhum. Hoje tem três, de shopping. Porto Alegre, nos anos 60, tinha mais de sessenta cinemas. Hoje tem treze, a maioria em shoppings. Acontece que cinemas de shopping não exibem filme que preste. Só blockbusters ao gosto dos freqüentadores de shoppings.

Hoje existem as telas de 40 ou mais polegadas. Numa cidade como São Paulo, é desconfortável ir ao cinema. Se você vai de carro, terá de enfrentar o trânsito e marchar com estacionamento ou flanelinhas. Sem falar no risco de ser assaltado, se sair tarde do cinema. Metrô? Há um próximo ao Belas Artes. Mas e na outra ponta? Melhor ir na locadora e apanhar um DVD. É a organização das cidades que está matando as salas de exibição. Nem salas de filmes pornô resistem. A maioria delas virou templo evangélico. Onde antes se cultuava Onan, hoje se adora Jeová. O dinheiro que financiava o pecado, hoje engorda as burras dos pastores.

O Belas Artes voltou à baila nestes dias, quando seu fechamento era iminente. Alguns gatos pingados querem que o cinema, já falido, continue de portas abertas. O Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (Conpresp) concedeu mais três meses de vida à sala, enquanto analisa seu tombamento. Mas vão tombar o quê? O prédio não tem valor histórico nenhum. Vão tombar então uma linha de programação? Isto é muito vago. Quando seu atual administrador morrer ou desistir do negócio, como se fará para manter a linha tombada? Concurso público? Ou ninguém pensou ainda em transferir o projeto do Belas Artes para outro endereço?

Se não há público para um cinema de arte em uma metrópole como São Paulo, então não há no país todo. Atividade comercial que depende do Estado é coisa do socialismo. Ora, o socialismo – se é que estou bem informado – já morreu. Tenho ouvido não poucas bobagens sobre o fim do Belas Artes. Transcrevo abaixo um dos poucos artigos sensatos sobre o assunto, que recebi de mãos amigas.

 
O CUSTO OCULTO DA NOSTALGIA

Joel Pinheiro da Fonseca


O Cine Belas-Artes, um velho cinema de São Paulo, está para fechar. É sempre uma tristeza quando algo com o qual estamos habituados e temos laços sentimentais vai embora. Por isso um grupo de amigos do velho cinema já clama pelo seu tombamento, o que eternizaria o estabelecimento falido. Uma passeata foi organizada; cem pessoas compareceram. Adesão menor que muita gincana de colégio. Mas essas cem (mais milhares cujo amor pela causa só não é menor do que o esforço de assinar petições online) fazem tanto barulho que se cogita seriamente ceder à pressão dos manifestantes.

O caso todo é involuntariamente humorístico. Até o diretor do Departamento do Patrimônio Histórico reconhece: "O caso não é nada simples porque envolve um patrimônio cultural, mas também um prédio que, em termos arquitetônicos, não tem especial valor". Em outras palavras, o caso é simples: um cinema velho e que dá prejuízo vai fechar, mas alguns gatos pingados querem proibir o inevitável por decreto.

No fundo o que está em jogo no "debate" sobre o tombamento do Cine Belas-Artes é isso: tem gente (pouca gente) que quer mantê-lo funcionando sem querer arcar com os custos. Então fazem barulho até convencer os políticos a meter o dedo, isto é, forçar os outros a pagar. O sociólogo Carlos Alberto Dória é explícito: "Por que os governos não se propuseram a ajudar no pagamento de um aluguel mais alto?". Pedir que o governo pague um aluguel mais alto significa pedir que toda a população pague para manter um cinema ao qual poucos querem ir.

É sintomático da nossa forma de governo: não ganha quem tem razão, e nem necessariamente a opinião da maioria; ganha quem faz mais barulho. Então pode bem acontecer que um punhado de indignados de internet consigam perpetuar um cinema falido sem tirar um real do bolso. Digo, um real do bolso deles, pois pode ter certeza que alguém pagará o pato desse inestimável patrimônio cultural. Ou o proprietário do terreno vai ter que se conformar com um aluguel baixo por toda a eternidade ou o dinheiro (seja para desapropriar o prédio ou para pagar um aluguel mais alto) virá dos impostos.

Alguém como o sociólogo supra-citado acredita que o Belas-Artes seja um valor absoluto, uma entidade cuja própria existência é necessária para a humanidade e sem a qual a vida não faria sentido, e que portanto justifica enormes sacrifícios (dos outros). "Será que só agora perceberam a importância do Belas Artes?" O que ele deveria ter dito é "Será que só agora perceberam a importância do Belas Artes para mim?" Não é preciso ser um relativista pós-pós-pós-moderno para ver que certas coisas importam para uns e não para outros. Toda a cultura do tombamento ergue-se sobre uma impossível comparação de valorações subjetivas. Como resolver esse impasse?

O mercado (ou seja, as transações voluntárias entre pessoas livres) oferece a maneira mais eficiente e mais justa. O dono decide acerca do que é seu. A solução óbvia dentro dessa perspectiva seria que os próprios descontentes, reconhecendo que o cinema não se paga, se oferecessem a pagar uma quantia maior pelo privilégio de freqüentá-lo; talvez fizessem uma vaquinha. Conversando com o dono do estabelecimento poderiam chegar a um valor pelo qual ele topasse renovar o contrato.

Caso o valor fosse muito alto, perceberiam que, embora valorizem o cinema, não o valorizam a ponto de sacrificar os recursos que ele necessita para se manter rentável; e nesse caso é bom que ele feche as portas, para que os recursos nele utilizados possam ir a destinações nas quais os desejos da população sejam mais bem atendidos.

O problema é que não sabemos essas destinações de antemão; muitas delas nem existem ainda, então fica difícil angariar manifestantes para a oposição. O tombamento é popular porque se apresenta como uma medida sem custos. "Você gosta do Belas-Artes? Então eternize-o." O que se preserva é bem conhecido, e o que nunca surgirá por causa do tombamento ninguém ficará sabendo. Quem disse que o valor sentimental do Belas-Artes supera aquilo do qual abriremos mão? Dado o baixo sucesso do cinema (e é por isso que ele está fechando), não será muito difícil que os recursos (inclusive o espaço físico) encontrem finalidades mais de acordo com os valores da população.

Por que os freqüentadores assíduos não aproveitam seus últimos dias para dar-lhe um terno adeus? O mundo muda. Ele teve uma bela carreira de quase 70 anos, mais do que muitos outros. Tudo nasce, cresce e morre. Algumas coisas duram mais do que outras; as pirâmides de Gizé ainda estão aí (ao contrário das demais maravilhas clássicas); a Hobby Video na qual passei felizes momentos da minha infância já se foi; é a vida. Há muitas coisas novas que surgiram desde então e que só puderam surgir porque recursos foram tirados de empreitadas velhas e deficitárias.

Por trás do tombamento há o desejo de tornar eterno uma idiossincrasia histórica que é, por natureza, temporária. É arbitrário cristalizar um estabelecimento querido num anseio vão de preservá-lo para todo o sempre, mesmo contra os desejos expressos (por meio de ações) da população que ele deveria servir. Se nossos antepassados pensassem assim, ainda moraríamos sob a taipa. O velho vai embora, surge o novo; às vezes o novo é pior - outras vezes, apesar da nostalgia que insiste em sobrevalorizar passado, é melhor. A ânsia nostálgica de se transformar tudo em peça de museu impede que novas soluções substituam as antigas.

Não exijam dos outros aquilo que vocês mesmos não estão dispostos a pagar. Se houver demanda, novos cinemas cult surgirão e serão palco de novas e ricas experiências humanas, que gerarão memórias tão valiosas quanto as que hoje em dia temos do Cine Belas-Artes. Se não houver demanda suficiente, então talvez manter cinemas cult funcionando não seja uma boa idéia, e sessões de DVD em casa sejam a melhor pedida.

Em ambos os casos, o mundo seguirá seu curso e em poucos anos aquela perda incalculável mal será lembrada. Quem freqüentava o cinema um dia morrerá, e suas memórias e gostos irão junto. Seria injusto impô-los por coerção às gerações futuras. Por valiosíssimo que seja, o Cine Belas-Artes é um legado cujo peso elas não merecem carregar.

quinta-feira, janeiro 20, 2011
 
MANIA DE STATUS
ENCARECE BRASIL


Comentei outro dia o absurdo dos preços praticados no Brasil. Como vivo bastante distanciado do mundo do consumo, me ative ao que melhor conheço, preços de restaurantes aqui e no Exterior. Restauradores brasileiros alegavam o alto custo da mão de obra e do metro quadrado, como causa da carestia. Como se o metro quadrado em São Paulo fosse mais caro que o metro quadrado na Rive Gauche. Ou um garçom em Higienópolis ganhasse mais que um garçom em Manhattan. Um leitor atento me remete a um artigo da Superinteressante, de dezembro passado, assinado por Pedro Burgos e Alexandre Versignassi, “Por que tudo custa mais caro no Brasil?” Os repórteres, que conhecem bem o mercado nacional, nos trazem dados que fazem pensar.

“Estamos virando um país de contrabandistas. Natural. Veja o caso do iPad. Aqui, nos EUA ou na Europa, ele é importado. Vem da China. Em tese, deveria custar quase igual em todos os países, já que o frete sempre dá mais ou menos a mesma coisa. Mas não. A versão básica custa R$ 800 nos EUA. Aqui a previsão é que ele saia por R$ 1 800. No resto do mundo desenvolvido é raro o iPad passar de R$ 1 000. E isso vale para qualquer coisa. Numa viagem aos EUA dá para comprar um notebook que aqui custa R$ 5 500 por R$ 2 300. Ou um videogame de R$ 500 que bate em R$ 2 mil nos supermercados daqui. E os carros, então? Um Corolla zero custa R$ 28 mil. Reais. Aqui, sai por mais de R$ 60 mil. E ele é tão nacional nos EUA quanto no Brasil. A Toyota fabrica o carro nos dois países”.

A reportagem nos mostra os preços de alguns produtos, em reais, aqui e lá:

Hyundai Veracruz
EUA - R$ 48 mil
Brasil - R$ 150 mil

Playstation 3
EUA - R$ 500
Brasil - R$ 1 999

Perfume CK One 200 ml
EUA - R$ 50
Brasil - R$ 299

Carrinho de bebê Chicco
EUA - R$ 500
Brasil - R$ 1 849

Tentando uma explicação para estes preços, os autores aventam a alta incidência de impostos sobre os produtos. Enquanto o padrão global é ter um imposto específico para o consumo, aqui são seis - IPI, ICMS, ISS, Cide, IOF, Cofins. Pior ainda, os impostos incidem em cascata. “O ICMS, por exemplo, incide sobre o Cofins e o PIS. Ou seja: você paga imposto sobre imposto que já tinha sido pago lá atrás. Tudo fica mais caro”.

O que não me parece ser exatamente o caso, pois estes impostos existem desde há muito e os preços continuam subindo. Em minha opinião, os consumidores têm muita culpa nesta disparada de preços. Um dos fatores de encarecimento é a mania de status do brasileiro. Há quem pague, para exibir-se, 15 ou 16 mil reais por uma garrafa de vinho. Ora, isso é bem mais do que gastei, por cabeça, nesta minha última viagem, que durou 25 dias. Com hotéis e passagens, cabe salientar. Burgos e Versignassi também chegam lá:

“Mas sozinho o imposto não explica tudo. Outra razão importante para a disparidade de preços é a busca por status. Mercado de luxo existe desde o Egito antigo. Mas no nosso caso virou aberração. Tênis e roupas de marcas populares lá fora são artigos finos nos shoppings daqui, já que a mesma calça que custa R$ 150 lá fora sai por R$ 600 no Brasil. O Smart é um carrinho de molecada na Europa, um popular. Aqui virou um Rolex motorizado - um jeito de mostrar que você tem R$ 60 mil sobrando. O irônico é que o preço alto vira uma razão para consumir a coisa. Às vezes, a única razão. Como realmente estamos ficando mais ricos (a renda per capita cresceu 20% acima da inflação nos últimos 10 anos), a demanda por produtos de preços irreais continua forte. Os lucros que o comércio tem com eles também. E as compras lá fora idem”.

Não sou consumidor inveterado nem pertenço a essa raça que viaja para comprar. As únicas coisas que trago na volta são produtos que não encontro aqui, determinados livros, CDs e óperas. Nesta última viagem fiz uma extravagância, comprei um par de sapatos para neve. Até paquerei um iPad em Londres, mas conclui que é algo que não me faz falta.

Não é o custo da mão de obra e do metro quadrado que encarecem a restauração no Brasil, como pretendem os proprietários de restaurantes. Nem a alta incidência de imposto. O que está tornando o Brasil um dos mais caros países do mundo é essa maldita mania de status de uma nova geração de nouveaux riches, que considera que pagar caro os torna mais nobres, refinados e elegantes que os demais mortais.

quarta-feira, janeiro 19, 2011
 
SOBRE O VIGARISTA AMERICANO
PREMIADO COM O NOBEL DA PAZ



É claro que ninguém fala impunemente sobre os grandes mitos criados pela mídia, especialmente quando esse mito é negro, de esquerda e prêmio Nobel da Paz. Os primeiros chiados começam a chegar. Escreve-me um de meus interlocutores:

Janer, não adianta, tu não aprende mesmo. Recentemente foi liberado um prisioneiro negro que, após 39 anos preso, foi inocentado pelo DNA. Com ele, mais uns 50 ou mais foram soltos, alguns no corredor da morte, por provas forjadas pela polícia. Podemos imaginar que muita coisa foi inventada sobre MLK e, como um macartista ad hoc, és o primeiro a difundi-las. Sei, tem a história da tese, mas julgo que a vergonha que passou seja punição suficiente. Acho que o fato de ter atingido corações e mentes dos negros e dos americanos em geral é prova suficiente do seu valor. Se querem homenageá-lo, se o próprio presidente o homenageia, quem somos nós para julgá-lo sem ter participado daqueles momentos importantes?. Acho que é uma boa hora para ficar calado.

Não acho que seja boa hora para ficar calado, meu caro. A hora é de abrir a boca. E não é pelo fato de que um presidente homenageia um escroque que vou sentir-me obrigado a elogiá-lo. As vigarices de Martin Luther King estão amplamente comprovadas. Não que seja apenas a “história da tese”. King plagiou a vida inteira. Da Ana, minha fiel correspondente nos Estados Unidos, recebo este apanhado:

- Seu primeiro sermão como reverendo foi plagiado de uma homilia do pastor protestante Harry Emerson Fosdick, intitulada Life is What You Make It, e tal afirmação está de acordo com as palavras de um dos melhores amigos de King na época, o também reverendo Larry H. Williams.

- O primeiro livro de MLK, Stride Toward Freedom, é um compendio de plágios das mais variadas fontes, todas sem o devido crédito. Tal informação e' corroborada pelos escritores Keith D. Miller, Ira G. Zepp, Jr., and David J. Garrow, que longe de serem agentes da CIA, são, ao contrario, entusiastas admiradores do vigarista de Atlanta.

- E se isso não for o bastante como evidência, o Centro Martin Luther King para Mudanças Sociais Não-Violentas (Martin Luther King Center for Nonviolent Social Change, Inc.), de cujo staff faz parte a própria viúva de King, Coretta Scott King, publicou o livro The Papers of Martin Luther King, Jr., no qual diz-se sobre os escritos de MLK na Boston University e no Crozer Theological Seminary: "Julgados reatroativamente de acordo com critérios acadêmicos, são tragicamente manchados por diversas evidências de plágio, especialmente aqueles no campo de sua principal graduação, Teologia Sistemática."

- Ainda de acordo com o The Martin Luther King Papers, na dissertação referida acima, "apenas 49% das sentenças no capitulo sobre Tillich contém cinco ou mais palavras escritas pelo próprio Dr. King."

- O ensaio escrito por King na época em que estudava no Crozer, The Place of Reason and Experience in Finding God, foi amplamente pirateado de trabalhos do teólogo Edgar S. Brightman, autor de The Finding of God.

- Outra tese escrita por King, Contemporary Continental Theology, escrita logo após seu ingresso na Boston University, é plágio de um livro de Walter Marshall Horton.

- A tese de doutorado de King, A Comparison of the Conceptions of God in the Thinking of Paul Tillich and Harry Nelson Wieman, pela qual lhe foi conferido um PhD em Teologia, contém mais de cinqüenta frases completas plagiadas da tese de doutorado do Dr. Jack Boozer, The Place of Reason in Paul Tillich's Concept of God.

- No The Journal of American History, junho de 1991, página 87, David J. Garrow, um acadêmico esquerdista simpático a MLK, afirma que Coretta Scott King, viúva e secretária de MLK era sua cúmplice nos plágios (King's Plagiarism: Imitation, Insecurity and Transformation.

- Lendo o acima mencionado artigo de Garrow, somos levados à conclusão de que King plagiava porque havia escolhido uma carreira política na qual um PhD lhe seria útil, e na falta de talento para criar algo de sua própria lavra, usava de todos os meios possíveis, incluindo o roubo de trabalhos e méritos alheios. Por que, então, os professores de King no Crozer Seminary e Boston University, fizeram vistas grossas e garantiram-lhe seu PhD, apesar de sua óbvia falta de méritos? Garrow responde na página 89: "os trabalhos acadêmicos de King, especialmente os da Boston University se compõem basicamente de descrições de sumários e comparações de outros escritos. No entanto, seus trabalhos sempre receberam notas altas, numa clara indicação de que seus professores não esperavam muito mais dele. O editores de The Martin Luther King Jr. Papers concluem que "a omissão por parte dos professores de MLK em perceberem seus repetidos plágios são de fato impressionantes."

- Mas o pesquisador Michael Hoffman esclarece: "... na verdade, a má fé dos professores não é assim tão impressionante. King era politicamente correto, era negro e tinha ambições. Professores esquerdistas dariam com alegria um PhD a um candidato com tais atributos, pouco importando quanta fraude estivesse envolvida. Por essas mesmas razões, também não é de admirar que tenha levado mais de 40 anos para que o constante hábito de plágio por parte de King tenha finalmente se tornado público.

- Professores universitários, que na verdade compartilhavam com King sua visão de uma América racialmente misturada e marxista, ajudaram a acobertar suas fraudes durante décadas. E o acobertamento ainda persiste. No jornal New York Times, do dia 11 de outubro de 1991, página 15, aprendemos que no dia anterior um comitê de pesquisadores da Boston University havia admitido que "não há dúvidas de que Dr. King plagiou sua tese de doutorado." No entanto, esse mesmo comitê concluiu: "Decidimos afastar a idéia de que o título de doutor concedido a MLK deveria ser revogado, pois tal ação serviria a nenhum propósito."

Ou seja, mesmo diante de fraude comprovada, a instituição de ensino de 172 anos preferiu a autodesmoralização a retirar de King a honraria recebida indevidamente.

Sobre as conexões comunistas de MLK, também a documentação é farta.

Suas ligações com líderes comunistas americanos como Myles Horton e Don West, Abner Berry e James Dumbrowski, todos conhecidos membros do Partido Comunista americano. MLK se reuniu várias vezes com eles em 1957 com a intenção de juntos planejarem passeatas e badernas nos Estados do Sul do país.

Bayard Rustin, secretário pessoal de King de 1955 a 1960 era membro da Youth Communist League no New York College em Nova Iorque. Outro associado a King, reverendo Fred Shuttlesworth, era o fundador da Southern Conference Educational Fund, uma conhecida célula comunista, cujo diretor Carl Braden também era membro do comitê Fair Play for Cuba, uma organização de comunistas americanos de apoio à ditadura castrista. Rustin, após retornar de uma viagem a Moscou, ajudou King a planejar a sua mais famosa marcha a Washington em 28 de agosto de 1963. Na época, The Worker, o diário oficial do Partido Comunista americano, declarou em suas páginas que as tais marchas lideradas por King eram um projeto do Partido Comunista.

Outro associado de King, Robert Williams, apenas 20 dias após a mais importante marcha de King a Washington, viajou para a China, onde solicitou apoio de Mao para as campanhas de MLK, e esse mesmo Robert Williams mantinha uma segunda residência em Cuba, de onde transmitia três vezes por semana um programa de radio AM chamado Radio Free Dixie. Nos seus programas de rádio, Williams conclamava os negros americanos a se insurgirem violentamente contra os brancos. Nesta mesma época, Williams escreveu o livro Negros with Guns, que tinha o prefácio escrito por MLK e foi editado e publicado pelas mesmas figuras do comitê Fair Play For Cuba.

De acordo com o biógrafo e simpatizante de King, o já citado David J. Garrow, "King se definia na vida privada como marxista". Em seu livro The FBI and Martin Luther King, Jr., Garrow cita a seguinte fala de MLK durante uma reunião com seu staff: "nós estamos em uma nova era, que deverá ser a era da revolução... a estrutura inteira da vida americana tem que ser mudada... nós estamos empenhados na luta de classes".

O judeu comunista Stanly Levison foi um dos maiores financiadores de MLK. Também foi Levison quem editou e arranjou para que o primeiro livro de King, Stride Toward Freedom, fosse publicado, e King o considerava um de seus melhores amigos. A ligação estreita de King com Levison foi o que chamou a atenção do FBI.

A última noite de sua vida foi passada em um motel, onde King fez sexo com duas mulheres, enquanto batia e abusava fisicamente de uma terceira. A orgia foi gravada pela FBI e se encontra naquele arquivo que um juiz simpatizante de King proibiu de ser aberto. No entanto, alguns detalhes foram vazados em livro do ex-agente do FBI William C. Sullivan, e de acordo com o livro, MLK pode ser ouvido nas fitas gritando coisas como "eu estou fodendo em nome de Deus!" e "esta noite eu não sou negro”. As orgias sexuais com dinheiro doado para sua organização eram constantes, e as provas também são fartamente documentadas, além dos desvios de dinheiro para outros fins pessoais.

terça-feira, janeiro 18, 2011
 
MONTEIRO LOBATO E A
REFORMA ORTOGRÁFICA



Leitor atento me envia uma entrevista de Monteiro Lobato, concedida à revista Negrinha, sobre a ortografia de sua época. O texto está transcrito conforme a grafia de Lobato:

- Não é ojeriza. É o horror que eu tenho à imbecilidade humana sob qualquer forma que se apresente. Há uma lei natural que orienta a evolução de todas as linguas: a lei do menor esforço. Se eu posso dizer isto com o esforço de um quilogrametro, por que dize-lo com o esforço de dois? Essa lei norteia a evolução da lingua e foi o que fez que caissem as inuteis letras dobradas, os hh mudos, etc. A reforma ortografica veiu apenas apressar um processo em curso. Por si mesma a palavra phthysica passou a tisica, e o ph já havia sido desmontado pelo f. E assim seria em tudo. Essa grande lei do menor esforça conduz á simplificação da ortografia, jamais á complicação – e os tais acentos a torto e a direito que os reformadores oficiais impuseram á nova ortografia vêm complicar, vêm contrariar a lei da evolução! São, pois, uma coisa incientifica, tola, imbecil, cretinizante e que deve ser violentamente repelida por todas as pessoas decentes. Escrever “há” ou “êsse”, ou “ôutro”, ou “frequência”, só porque uns tais ignarissimos “alhos”, gramaticais resolveram assim, é ser covarde, bobo. Que é a lingua dum país? É a mais bela obra coletiva desse país. Ouça este pedacinho da Carolina Michaelis: “A lingua é a mais genial, original e nacional obra d’arte que uma nação cria e desenvolve. Neste desenvolve está a evolução da lingua. Uma lingua está sempre se desenvolvendo no sentido da simplificação, e a reforma ortografica foi apenas um simples apressar o passo desse desenvolvimento. Mas a criação de acentos novos, como o grave e o trema, bem como a inutil acentuação de quasi todas as palavras, não é desenvolvimento para a frente e sim complicação, involução e, portanto, coisa que só merece pau, pau e mais pau.

- Nega então a utilidade do acento?

- Está claro, homem! Pois não vê que a maior das linguas modernas, a mais rica em numero de palavras, a mais falada de todas, a de mais opulenta literatura – a lingua inglesa – não tem um só acento? E isto teve sua parte na vitoria dos povos de lingua inglesa no mundo, do mesmo modo que a excessiva acentuação da lingua francesa foi parte de vulto na decadencia e queda final da França. O tempo que os franceses gastaram em acentuar as palavras foi tempo perdido – que o inglês aproveitou para empolgar o mundo. Ora, depois dessa formidavel demonstração da coisa desastrosa que é o acento, virem os nossos gramaticos decuplicar a nossa acentuação, é coisa que eu explico só dde um modo: quinta-colunismo! Essa gente é suspeita! Essa gente quer arrastar este país a um imenso desastre futuro! Quer que tenhamos o ignominioso destino da França, a pobre vitima do excesso de acentos!

- Mas a acentuação já está imposta por lei.

- Não há lei humana que dirija uma lingua, porque lingua é um fenomeno natural, como a oferta e a procura, como o crescimento das crianças, como a senilidade, etc. Se uma lei institue a obrigatoriedade dos acentos, essa lei vai fazer companhia ás leis idiotas que tentam regular preços e mais coisas. Leis assim nascem mortas e é um dever civico ignora-las, sejam lá quais forem os paspalhões que as assinem. A lei fica aí e nós, os donos da lingua, nós, o povo, vamos fazendo o que a lei natural da simplificação manda. Trema!... Acento grave!... “Ôutro” com acento circunflexo, como se houvesse meio de alguem enganar-se na pronuncia dessa palavra!... Imbecilidade pura, meu caro. E a reação contra o grotesco acentismo já começou. Os jornais não o aceitam e os escritores mais decentes, idem. A aceitação do acento está ficando como a marca, a carateristica do carneirismo, do servilismo a tudo quanto cheira a oficial. Eu, de mim, solenemente o declaro, não sou “mé”, e portanto não admito esses acentos em coisa nenhuma que eu escreva, nem leio nada que os traga. Se alguem me escreve uma carta cheia de acentos, encosto-a. Nem leio. E se vem alguma com trema, devolvo-a, nobremente enojado...

 
A GRANDE NAÇÃO AMERICANA
HOMENAGEIA VIGARISTA-MOR



Leitora atenta me lembra comemoração que me passava despercebida:

Querido Janer, saudacoes.

Voce sabia que hoje (17) aqui nos EUA e' feriado nacional, dia de Martin Luther King? O vigarista de Atlanta tem um feriado proprio, honra ate hoje nao concedida nem mesmo aos pais fundadores como George Washington, Thomas Jefferson e Benjamin Franklin, nem a grandes presidentes como Abraham Lincoln ou herois de guerra como o general George S.Patton. Mas hoje, o vigarista, plagiador, corrupto e depravado MLK, que na verdade se chamava Michael, tem um dia dedicado a sua celebracao e adulacao na midia e instituicoes de ensino.

Nao sou, obviamente, uma defensora da segregacao racial e admiro a luta de varias pessoas para por fim a uma das maiores injusticas da Historia americana. Porem, o que se comemora hoje e' um mito, um embuste, uma farsa e isso me enche de nojo. Quando o FBI investigou MLK nos 60 por suspeita de ligacoes com comunismo e subversao, suspeitas essas fartamente comprovadas e documentadas hoje em dia, o verdadeiro homem MLK foi exposto. Mas um juiz esquerdista lacrou os documentos e determinou que tais arquivos somente deveriam ser abertos em 2027. Duvido que sejam abertos algum dia. O mito MLK interessa a muitos demagogos e gigolos racialistas que usam a luta racial para manterem seu poder e influencia, especialmente sobre sobre a populacao negra. A midia e sociedade tambem gostam do kitsch em detrimento de seriedade e realismo. Alem disso o grito de "RACISTA!" tem sido a mais eficaz chantagem usada nas ultimas decadas, e ninguem quer ser chamado de racista. A outrora grande America e' refem de um mito sustentado pela mais rasteira demagogia e radicalismo esquerdistas.

Abracos,
Ana


Mais ainda, Ana. O mais recente herói da nação se esparramou em louvações ao vigarista. Declarou ontem Barack Obama:

"Martin Luther King Jr viveu sua vida para outros, dedicando sua obra para assegurar igual oportunidade, liberdade e justiça para todos. Eu encorajo todos os americanos a observar este feriado em honra ao abnegado legado do Dr. King pelo trabalho voluntário em suas próprias comunidades e pelo tempo dedicado todos os dias para melhorar a vidas daqueles ao nosso redor”.

Luther King mereceu o prêmio Nobel da Paz – que foi também conferido a não poucos vigaristas - apesar de ter sido plagiário toda sua vida, tendo plagiado inclusive sua tese de doutorado e desviado verbas de suas campanhas em prol da igualdade racial para orgias com profissionais do sexo. Pelo jeito, os contemporâneos do santo homem passaram uma borracha em suas falcatruas e hoje o veneram como herói. Que Obama o homenageie, nada de espantar. O presidente americano arrebanhou milhões de votos reverenciando Luther King.

O que espanta é ver toda uma nação, que goza de livre imprensa e boa informação, fazendo festas a um escroque. Nestes dias que correm, nunca foi tão fácil manipular a história.

segunda-feira, janeiro 17, 2011
 
O EMBUSTE HOUAISS


Do Lourival Marques de Souza, recebi:

Saudações, Janer!

Li sua crônica sobre essa palhaçada de acordo e me senti menos só, assim digamos, em minha repulsa ao mesmo.

Você diz que Portugal não gostou do acordo e não o está respeitando, apesar de tê-lo ratificado e entrado em período de transição. Bem, a maioria da população lusa parece realmente estar procedendo assim, mas a imprensa local, em sua maioria, está sendo tão covarde quanto a nossa e adotando a nova grafia. Quando acesso o site de algum jornal de lá e vejo escrito "direto", Egito", "autoestrada", "antissocial", me dá urticárias! Além do que, fico decepcionado também com a postura do governo de lá, que já decidiu que a partir do ano letivo 2011/2010 a rede de ensino deverá alfabetizar as novas gerações de acordo com a nova grafia. Ou seja: de nada adianta a resistência da atual geração se as futuras aprenderem a escrever à la Houaiss...

Não que eu escreva de acordo com a grafia pré-acordo européia! Afinal, sou brasileiro e aprendi a seguir a grafia brasileira, óbvio. Mas é que eu adoro ler textos de lá, com suas consoantes mudas, que para mim são riquíssimas heranças etimológicas, que aqui no Brasil jamais deveríamos ter perdido.

As consoantes mudas parecem ser o X da questão em Portugal. Até hoje, os lusos têm convivido muito bem com elas, não hanendo nenhum motivo para eliminá-las. Além disso, restou uma incoerência: já que querem tanto eliminar as letras mudas, por que não eliminam também o "h" inicial??? Já pensou que coisa mais linda, escrever "omem", "orário", "ipótese", "élice", rsrsrsrs??? Aí, a justificativa que li para a preservação do "h" mudo é a da questão etimológica. Ora, mas as demais consoantes mudas também não existem por questão etimológica??? Qual é a deles, então???

Eu bem que queria ter sua certeza de que o acordo vai fracassar em Portugal, mas sei não! Parece que os lusos não têm a mesma fibra dos ingleses, que sem dúvida alguma mandariam os americanos àquele lugar se estes propusessem uma unificação ortográfica da língua inglesa. Triste ver um país milenar como Portugal curvando-se ante a malandragem de um lingüista oportunista de um país como o nosso, que só tem tamanho, mas não assusta ninguém...

Last but not least: como sabemos, o inglês tem um monte de palavras com consoantes mudas, e até hoje ninguém se preocupou em extingui-las, ou então qualquer projeto dessa natureza tem morrido na casca no mundo anglófono...

Abraços de seu leitor irremediável,

Lourival M. de Souza Jr.



De Aloísio Celeri:

Janer, sabia que o novo dicionário Houaiss também é um embuste? Enquanto o antigo tem 228 mil verbetes, o novo, feito às pressas, com a nova ortografia, só tem 146 mil. Todas as pessoas que o compraram foram enganadas, pois ambas as versões têm o mesmo nome, mas o antigo é bem maior.

Leia o que escreve o professor Cláudio Moreno. Quando alertei uma amiga que já havia comprado a versão nova, ela ficou revoltada.

Abraços

Aloísio Celeri
Ilha Solteira, SP