¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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domingo, março 04, 2012
 
A BLOGUEIRA CUBANA


Quando comecei a trabalhar na Folha de São Paulo, em 1990, Fidel Castro ainda era presidente de Cuba. Ai do jornalista que ousasse chamá-lo de ditador. Havia discussões bizantinas na redação, sobre as sutis diferenças entre presidente e ditador, mas acabava sempre prevalecendo o presidente Fidel Castro. Na época, tanto Kadafi como Osni Mubarak também eram considerados presidentes. Hoje, os jornalistas enchem a boca com a palavra ditador, ao referir-se a estes ditadores.

Os tempos mudaram. Foi preciso cair o Muro, dissolver-se a URSS e desmoronar o comunismo para os jornalistas chamarem os bois pelo nome. Mas, objetareis, que têm a ver Kadafi ou Mubarak com comunismo? A rigor, nada. Mas se mantém uma política anti-ocidente, são potencialmente aliados dos comunistas. Ainda hoje, há muito jornalista que se pretende comunista e chama Ahmadinejad de presidente.

Os tempos mudaram, dizia. Mas não em Cuba. Em artigo para o Estadão, Yoani Sanchez – a assim chamada blogueira cubana – comenta a visita de João Paulo II a Cuba, em 1998. “Uma verdadeira avalanche de brincadeiras e histórias satíricas teve como protagonista tanto o próprio papa quanto o então presidente Fidel Castro”. Castro estava já há 38 anos no poder e, para a blogueira, ainda hoje é presidente. A imprensa tupiniquim, pelo menos, evoluiu um pouco.

Há horas venho suspeitando dessa moça, que faz oposição ao regime cubano com um blog que administra a partir de Havana, onde vive livre como um passarinho. Consta que seu blog é traduzido em 18 idiomas, o que é um feito e tanto para uma blogueira que se pretende independente. O fato de qualificar Castro como presidente, hoje, no Estadão, é significativo. Será que a moça ainda não percebeu que viveu toda sua vida numa ditadura?

Confesso não ter dados para afirmar qualquer coisa a respeito da moça. Em falta destes, transcrevo abaixo artigo que me foi enviado por mãos amigas, de Salim Lamrani, ensaísta francês, professor da Universidade de Paris-Sorbonne e da Université Paris-Est Marne-la-Vallée. Vendo pelo que comprei. Não tenho como avaliar a veracidade dos dados levantados pelo autor. Seja como for, uma entrevista de Yoani Sánchez feita por Lamrani no primeiro trimestre do ano passado, é bastante significativa. A todo momento, a blogueira se esquiva ao responder às perguntas. Com o leitor, as conclusões:

http://agencianota.blogspot.com/2012/02/entrevista-com-yoani-sanchez-por-salim.html