¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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quarta-feira, julho 04, 2012
 
GUILDA REAGE


Minhas considerações sobre os gigolôs das angústias humanas geraram não poucas reações. Me escreve Thiago:

Sou fisioterapeuta, trabalho com equoterapia, cobro a maioria dos atendimentos, tenho agenda lotada, fila de espera e médicos que continuam indicando. Na internet qualquer pessoa tem o direito de escrever o que quiser, mas deveria ter o "dever" de se informar sobre o assunto.

Bom, Thiago, o João de Deus, em Abadiânia, tem agenda bem mais lotada. Se o critério é clientela, Edir Macedo, Valdemiro Santiago e Silas Malafaia atendem muito mais crentes. Quando você afirma que na internet qualquer pessoa tem o direito de escrever o que quiser, parece estar lamentando os dias em que não havia internet e nos jornais só se podia escrever o que o editor permitia. Viva a internet!

Escreve Karla:

Lamentável ler um texto tão ácido e sem referências seguras sobre assunto que se pretendia comentar. Bem, pelo que me informei o sr. Janer é jornalista e não fez seu dever de casa direitinho. Não checou as informações das (sic!) quais publicou. Primeiro, trata a terapia em questão - a equoterapia - como algo recente no mundo. Já neste ponto não dá para considerar as informações que se seguem. Segundo, não tem nenhuma noção sobre o que é um processo terapêutico e os diversos dispositivos utilizados.
Não darei de graça as informações que o sr. Janer deveria ter lido antes de escrever este texto, mas vai uma dica: leia as recomendações de Hipócrates para o tratamento da insônia e transtornos alimentares, a partir daí é só seguir as pistas e entenderá o que é equoterapia nos dias de hoje.


Hipocrátes é aquele médico grego que desenvolveu, quatro séculos a.C., a teoria dos quatro humores, não é verdade, Karla? Muito atual.

Para Joana, qualquer tipo de terapia é válida, desde que cumpra sua função: promover o bem estar humano. Dentro de TODAS as profissões existem os profissionais bons e ruins, éticos ou de má conduta e desta forma a generalização não é pertinente.

Em janeiro de 2004, Joana, a ex-prefeita de São Paulo, Marta Suplicy, sancionou lei que permite a oferta, na rede de saúde, de "terapias naturais" não reconhecidas pelo Conselho Federal de Medicina, como aromaterapia e cromoterapia, fitoterapia (tratamento com plantas), terapia floral, geoterapia (terapia com terra, argila, barro), e até a iridiologia.

A vigarice tornou-se oficial e arrisca ser regulamentada. Há um projeto no Congresso Nacional que pretende regulamentar a profissão de terapeuta naturista, entendida como um “profissional da área de saúde, que se utiliza dos recursos primordiais da natureza e do fluxo de energia vital que permeia e anima o ser humano com a finalidade de manter ou restabelecer a saúde do indivíduo”.

A profissão seria exercida por profissionais devidamente qualificados em cursos de Terapias Naturais, em nível médio ou de graduação, reconhecidos por órgãos competentes ou portadores de certificados ou diplomas de curso congêneres por instituições estrangeiras, revalidados na forma da legislação brasileira em vigor. Ou seja, mais uma universidade formadora de vigaristas está prestes a surgir no Brasil.

Nada de espantar, em país em que a Universidade de Brasília (UNB) mantém um curso de Astrologia. Promovido pelo Núcleo de Estudos dos Fenômenos Paranormais, o curso se dedica ainda a outros temas do gênero, como ufologia e conscientologia, seja lá o que isto quer dizer. As lições de astrologia duram quatro meses. Os estudantes, a maioria com diploma universitário, vêm das mais diversas áreas - da psicologia à física.

Comentei na ocasião que com a regulamentação da vigarice, sobra mercado também para o magistério da vigarice. Do jeito em que marcha esta mania de regulamentações, qualquer dia teremos a profissão de instalador de feng shui, de preparador de despachos nas encruzilhadas, de especialista em florais de Bach, pajés e feiticeiras.

Ruth Ávila acrescenta:

Terapia para menstruação não ouvi falar, porém já há para TPM.

Pois, Ruth, minhas avós nunca tiveram TPM. Minha mãe, minha irmã e minha mulher muito menos. Minha filha já tem.

Celso ironiza:

Uma pessoa egocêntrica como o Sr. Janer deve acreditar que o mundo se baseia em sua "vasta e linda" experiência de vida...Quanta pretensão...
Nem vou perder o tempo com este senhor tentando mostrar os benefícios desta prática, se existem bons e maus profissionais, não é uma exclusividade da equoterapia, mas de todos os ramos da atividade humana, onde as pessoas são o diferencial. O exemplo maior é que o jornalismo também tem realizado grandes contribições para a sociedade, mas em contra-ponto tem sido utilizado por maus profissionais para falarem de coisas que não entendem, mas que dão "IBOPE".


Minha "vasta e linda" experiência de vida não é de se jogar fora. Sofri duros percalços ao longo de minha existência, perdi meus pais, perdi amigas e minha mulher querida, e jamais recorri aos gigolôs das angústias humanas. Sempre busquei em mim mesmo as forças necessárias para reerguer-me.

Recentemente, fui acometido de dois cânceres de garganta, um em 2009 e outro ano este ano. Nas duas ocasiões, uma fisiatra me perguntou: você tem apoio terapêutico? Só o que faltava! Meus cânceres, tratamento médico à parte, eu os enfrento. Não será nenhum terapeuta que vai consolar-me de seqüelas.