¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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terça-feira, setembro 18, 2012
 
ISLÃ CENSURA ÓPERA



Certamente ninguém mais lembra, mas em 2007, o Islã proibiu uma ópera na Alemanha. A direção da Ópera de Berlim cancelou quatro apresentações de Idomeneo, de Mozart, previstas para setembro daquele ano, por medo aos muçulmanos. Esta ópera foi montada em Berlim, em 29 de janeiro de 1781. Diga-se de passagem, foi apresentada em 2006, no Rio de Janeiro, por ocasião da comemoração dos 250 anos do nascimento de Mozart.

Não que este tenha ferido os brios dos sarracenos. Ocorre que na versão do diretor Hans Neuenfels, o rei Idomeneo tira de um saco e põe sobre quatro cadeiras as cabeças decepadas de Netuno, Buda, Cristo e Maomé. Segundo o diretor, a cena reflete "a tentativa do protagonista de se libertar da ditadura dos deuses". Ora, se em Don Giovanni o adulto Mozart jogou seu herói aos infernos para não chocar a conservadora Viena, não seria o jovem Mozart quem decapitaria quatro deuses.

Em verdade, foi uma provocação do diretor. Por um lado, Buda, Cristo e Maomé não são personagens da ópera. Por outro, Netuno nela não é decapitado. Seja como for, os encenadores de óperas sempre se sentiram tentados a recriá-las. A casa anunciou que a obra seria substituída por As Bodas de Fígaro e La Traviata.

Há dois aspectos na história: de um lado, um diretor em busca de manchetes, que faz uma provocação gratuita aos muçulmanos, justo em um momento em que os ânimos entre o Ocidente e Islã andam mais do que excitados. Por outro, Berlim se dobra à arrogância árabe. Mais um pouco, e a Europa terá de examinar se o Rapto no Serralho não fere a delicada sensibilidade muçulmana. Quem sabe A Italiana na Argélia, de Rossini, não contém alguma conotação politicamente incorreta.

De qualquer forma, com a cabeça de Maomé foi poupada também a do Cristo. O Vaticano, penhorado, agradece ao terror muçulmano.