¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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sexta-feira, setembro 14, 2012
 
ISLÃ USA FILME COMO PRETEXTO
PARA MANIFESTAR SEU ÓDIO E
IMPOTÊNCIA ANTE O OCIDENTE



Inocência dos muçulmanos é um filmeco produzido ano passado por um judeu americano segundo algumas fontes, cristão copta segundo outras, chamado Sam Bacile, mas que atende também por Nicola Bacily, Mark Basseley Youssef, Erwin Salameh, Ahmad Hamdy, Abanob B. Nakoula ou Nakoula Basseley Nakoula. Praticamente desconhecido nos Estados Unidos, o filme está conflagrando o mundo muçulmano. A embaixada americana na Líbia foi atacada por um grupo de duas dezenas de pessoas, que abriram fogo e invadiram o prédio com metralhadoras e granadas lançadas por foguetes. Durante o ataque, o embaixador dos EUA na Líbia, Christopher Stevens, foi morto juntamente com três outros americanos cujas identidades não foram liberadas.

No Cairo, uma multidão, estimada em várias centenas de manifestantes, que se reuniam em frente da embaixada americana, rompeu a linha de segurança, escalando a parede exterior. Os manifestantes atearam fogo na embaixada, arrancaram a bandeira americana e a substituíram por uma bandeira negra, conhecida por representar grupos associados à Al-Qaeda.

Até hoje, sexta-feira – dia sagrado para os muçulmanos - já temos doze cadáveres, segundo as redes BBC e a Al Jazeera. Pelo menos três pessoas morreram e 40 ficaram feridas em confrontos entre a polícia e manifestantes junto à Embaixada dos Estados Unidos no Sudão, outras três na Tunísia, quatro no Iêmen, um manifestante foi morto no protesto diante do consulado dos EUA no Cairo e um libanês morreu nos conflitos seguidos do incêndio provocado por 300 islamitas enfurecidos em um restaurante da rede americana Kentucky Fried Chicken (KFC) em Trípoli, norte do Líbano. Há protestos também na Jordânia, Índia, Faixa de Gaza, Indonésia, Catar, Nigéria e Afeganistão. E as matanças recém começaram.

Até os Estados Unidos estão capitulando ante a fúria islâmica. Hoje ainda, a Casa Branca pediu a retirada do vídeo do YouTube. O Google recusou. Fosse no Brasil, não faltaria juizeco querendo censurar o Google.

O filme mostra um Maomé pedófilo, bissexual e guerreiro embriagado por sangue. O diretor afirmou que o “islã é um câncer” e contou com a divulgação do filme pelo pastor Terry Jones, que há pouco tempo disse que iria pôr fogo no Alcorão. O santo homem propôs nada menos que queimar um exemplar do livro sagrado muçulmano no 11 de setembro de 2010. Os fanáticos muçulmanos, penhorados, agradeceram. Era o pretexto que lhes vinha bem para cometer seus atentados.

Que Maomé tenha sido pedófilo, não há dúvida nenhuma. Pelo menos segundo os critérios do Ocidente. Sua décima primeira e última mulher, Aicha, tinha nove anos quando foi deflorada pelo Profeta. Tais casamentos são usuais até hoje no mundo muçulmano. Segundo o xeque marroquino Mohamed Ben Abderrahman Al Maghraoui, uma menina de nove anos, “dá com freqüência melhor resultado na cama que uma jovem de vinte”. Para o Islã, o Ocidente é intolerante.

Que tenha sido bissexual, não sei. Mas que foi um guerreiro, que fez o Islã avançar a ferro e fogo, disto também não há dúvida. Na batalha de Badr, em 624 d. C., Maomé e os seus degolaram com gosto os coraixitas, tribo aliás da qual é oriundo Maomé. A batalha foi importante por ter assinalado que os liderados pelo Profeta poderiam derrotar os seus inimigos em Meca. Ou seja, negar que Maomé tenha sido pedófilo e guerreiro é negar sua biografia.

O cristianismo também fez uso imoderado da espada, desde os tempos bíblicos às cruzadas, e José – ou o Espírito Santo, conforme a ótica – também pode ser considerado pedófilo, afinal Maria teria trezes anos quando engravidou. A diferença é que, quando alguém afirma isto no Ocidente, ninguém sai a queimar embaixadas ou matar embaixadores. Há quem fale em conflito religioso. A meu ver, não é bem isso. Poucos crentes, no mundo árabe, devem ter visto o filme de Bacile.

Como raríssimos foram os muçulmanos que viram as charges de Maomé do Jyllands Posten, pequeno jornal de uma pequena cidade da Dinamarca. Doze caricaturas de Maomé foram publicadas no jornal, em 2005, e reeditadas no ano seguinte pelo norueguês Magazinet. Os muçulmanos alegaram que a religião islâmica proíbe imagens do profeta ou de Alá. Ora, iconografia sobre Maomé é o que não falta no Ocidente e inclusive no mundo árabe. Enciclopédias, livros e jornais publicaram desde sempre imagens de Maomé e só em 2006 os muçulmanos houveram por bem manifestar indignação. Hipocrisia deslavada.

Tudo não passou de um esfarrapado pretexto para agredir a Europa e o Ocidente. AS liberdades do velho continente assustam os cabeças-de-toalha. Houve protestos e confrontos em todo o mundo árabe e até mesmo na Ásia, onde tais jornalecos jamais chegaram. Os mulás os fizeram chegar lá, no magistério de suas madrassas. Da mesma forma, agora, um filme que quase ninguém viu, está servindo de pretexto para tumultos no mundo islâmico.

Não vi o filme nem o curto vídeo que anda rolando na Internet. Parece que o cineasta não foi muito honesto. O que não é razão para sair matando. O Islã parece ter medo de qualquer crítica a seus ídolos. O Ocidente há muito superior estes temores. Quem não lembra de A vida de Brian, corrosivo filme dos Monty Python, que reduzia o deus encarnado do Ocidente a pó de mico? O filme encantou as platéias de todos os países e só teve alguma restrição, que me lembre, na Noruega.

Tudo começou em 1989, quando o indiano Salman Rushdie publicou Versículos Satânicos. Neste livro, Rushdie reproduziu os versículos Gharanigh, não aceitos pelos canonistas do Corão. Trocando os queijos de bolso – ou mutatis mutandis, como preferem os juristas – é como se no Ocidente fossem publicados os evangelhos apócrifos ou gnósticos, não aceitos pela Igreja Católica, que aliás são publicados em várias línguas do Ocidente. Embora fosse indiano com nacionalidade britânica, Rushdie foi alvo de uma fatwa do aiatolá Khomeini, então todo-poderoso da “revolução” no Irã.

"Eu informo o orgulhoso povo muçulmano do mundo inteiro que o autor do livro Os Versículos Satânicos, que é contrário ao Islã, ao Profeta e ao Corão, assim como todos os implicados em sua publicação e que conhecem seu conteúdo são condenados à morte. (...) Apelo a todo muçulmano zeloso a executá-los rapidamente, onde quer que eles estejam. (...) Todo aquele que for morto nessa empreitada será considerado mártir”.

A Europa aceitou tranqüilamente a sentença do aiatolá. Em vez de isolar o Irã, o Reino Unido passou a dar proteção a Rushdie. Os demais países da comunidade se mantiveram em silêncio obsequioso. Sem atinar que não se tratava apenas de proteger um escritor perseguido. Mas de repudiar a pretensão megalômana de um padre persa, que pretendeu legislar inclusive no estrangeiro. A apostasia, ou crime, segundo os muçulmanos, havia ocorrido em Londres, com a publicação do livro.

Do alto dos minaretes de Teerã, Khomeiny ordenou não só a condenação à morte – como também a execução da sentença – de Rushdie, assim como de todos os implicados na publicação do livro… em território europeu ou onde quer que estes “criminosos” estivessem. Em 1991, o tradutor do livro para o japonês foi assassinado e em 1993 o editor de Rushdie na Noruega foi atacado quando saía de casa.

Permanecerá o Ocidente passivo ante as agressões dos muçulmanos a suas representações diplomáticas? Se não reagir, pode esperar novos cadáveres muito em breve.