¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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segunda-feira, março 18, 2013
 
IMPOSSÍVEL EXPULSAR
EUROPEUS DA EUROPA



Caro Janer,

Nas últimas semanas li alguns livros que tratam de um tema que você já abordou até a exaustão, que é a capitulação do Ocidente diante do Islamismo. Li o Infiel, da Hirsi Ali, o Os últimos dias da Europa, do Laqueur, e outro, que não sei se você conhece, intitulado Murder in Amsterdam: The Death of Theo van Gogh and the Limits of Tolerance, do comentarista político holandês Ian Buruma. Dos três, o que menos gostei foi o do Buruma, que é um liberal (no sentido europeu, isto é, um esquerdista) moderado, mas que adota um discurso quase envergonhado, como que se desculpando por um problema do qual os europeus tem apenas uma pequena parte, que é a questão da integração dos imigrantes na Europa.

Ele fala o tempo todo do ressentimento que os marroquinos, em especial, mas também turcos e outros imigrantes sentem na Holanda porque os holandeses não os aceitam, isto é, não apadrinham muitas de suas práticas bárbaras em nome do tal multiculturalismo, e de como isso pode ser uma motivação para esses tipos agirem com violência contra uma sociedade a qual, essencialmente, não desejam se integrar. Ou seja, mais do mesmo do discurso de auto-ódio adotado por grande parte dos intelectuais ocidentais.

Mas há algumas partes curiosas no livro, como quando ele fala de alguns esquerdistas até mais fervorosos que ele, como uma amiga feminista que entrevista, que apesar de serem em favor do multiculturalismo, já estão percebendo a gravidade do problema do Islã na Europa. O livro foca na morte do Theo Van Gogh, mas também fala da Hirsi Ali (que alegou que muitas das coisas contidas no livro são inverdades) e do Pim Fortuyn, um político holandês assassinado em 2002 por um eco-terrorista. Mesmo com essas ressalvas, recomendo a leitura.

Além desses livros, também tenho lido muita coisa sobre uma possível reação por parte do Ocidente, principalmente através dos "Partidos pela Liberdade" que têm surgido na Europa, como o Partij voor de vrijheid (Partido pela Liberdade) holandês, liderado por Geert Wilders (que já tem um fatwa contra ele e anda o tempo todo rodeado de seguranças), um dissidente do partido Volkspartij voor Vrijheid en Democratie (Partido Popular pela Liberdade e Democracia) e amigo da Hirsi Ali, o British Freedom Party, que é liderado pelo Paul Weston e que tem esse nome graças ao Partido pela Liberdade holandês, o Die Freiheit na Alemanha, que surgiu logo em seguida ao debate sobre imigração gerado pelo Thilo Sarrazin e mais alguns espalhados pelo continente, mas que são todos partidos minoritários, exceção feita talvez ao do Wilders, que conseguiu números espetaculares nas recentes eleições parlamentares, mas que é um caso muito excepcional, já que é um "partido de um homem só", uma vez que o Wilders é quem decide tudo no partido, o que tem lhe garantido não poucas acusações de ser um autocrata.

Esses partidos são geralmente acusados de populistas e de serem da "extrema-direita", fascistas e outros absurdos, simplesmente porque clamam por maior supervisão e punições mais rigorosas contra as atitudes dos barbudos. Como você sempre escreve, é o ódio ao Ocidente herdado do marxismo.

Pois, a razão desta mensagem é para saber se você, diante dessas centelhas de resistência, acha ainda possível para a Europa evitar o inevitável, ou ao menos postergar a sua própria rendição. Devo ter lido todos seus textos sobre o tema do Islã na Europa postados no blog e seria interessante um comentário sobre uma possível, ainda que provavelmente fútil, reação do Ocidente à barbárie.

Ficarei no aguardo. E parabéns pelos ótimos textos sobre o Papa Paco e sobre a Yoani.

Abraço e até mais!

Thiago Silva


Meu caro Thiago:

A maioria dos imigrantes na Europa, hoje, tem passaporte europeu. Na França, já existe uma quarta geração de filhos de imigrantes, todos eles legitimamente europeus. Impossível mandar de volta a seu país de origem, ou ao país de seus ascendentes, uma pessoa que possui nacionalidade européia. No caso dos muçulmanos, eles não se adaptam ao novo país e querem importar seus costumes e legislação. Que importem costumes, vá lá, desde que não firam as leis locais, como é o caso da ablação de clitóris e infibuação da vagina. Mas eles não desistem. Querem criar um Estado dentro do Estado.

Thilo Sarrazin, ex-diretor do Bundesbank e membro do Partido Socialdemocrata Alemão (SPD), é bastante pessimista em seu livro Deutschland schafft sich ab (A Alemanha se destrói), que se converteu em um caso editorial sem precedentes e vendeu 1,2 milhão de exemplares na Alemanha, em apenas seis meses.

Para Sarrazin, a “Alemanha tem, desde os últimos 40 anos, uma taxa de nascimento de 1,4 criança por mulher; isto significa que a população alemã se torna cada vez menos a cada geração. A Espanha, apesar de anos de retardamento, tem o mesmo problema com os nascimentos. Ao mesmo tempo, a natalidade se distribui na Alemanha de maneira irregular nos distintos níveis de educação. Isto significa que os estratos sociais menos instruídos obtém uma maior média de nascimentos, e por esta razão o potencial da Alemanha se anula ainda mais rapidamente que a população.

Em terceiro lugar, o tipo de imigração que temos não é o adequado para resolver os problemas que nos afetam. Agora necessitamos apenas de trabalhadores qualificados. Se a taxa de nascimento dos imigrantes incultos, procedentes da Turquia e África, segue constantemente em alta, em poucas gerações a Alemanha terá uma maioria de população turca, árabe, africana e muçulmana. A gente que bebia no bar do Titanic tampouco se dava contas de nada: a orquestra tocava, todo mundo estava bem, e nas primeiras horas ninguém notou o problema. Apesar disto, estavam condenados à morte, porque a água continuava entrando na nave”.

Os europeus pouco reproduzem. E os muçulmanos estão usando, conscientemente, o ventre de suas mulheres como arma de conquista. Em breve estarão fazendo prefeitos e deputados e participando da elaboração de leis. Se sem função legislativa já querem impor a sharia, imagina quando tiverem poderes legais para tanto. Expulsos da Península Ibérica pela espada há cinco séculos, estão de volta usando a arma do multiculturalismo, criada aliás pelos próprios europeus.

A meu ver, as antigas esquerdas, não tendo conseguido destruir a Europa com o marxismo, tentam agora entregá-la aos muçulmanos, com novo jargão.