¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

Powered by Blogger

 Subscribe in a reader

quarta-feira, maio 08, 2013
 
A MENSTRUAÇÃO NA BÍBLIA


A histeria bichesca dos ativistas homossexuais vai acabar transformando um vigarista em vítima, no caso o pastor e deputado Marco Feliciano, que está com todas as chances de reeleger-se, graças aos GLBTs da vida. Está rolando nas ditas redes sociais um boato de que o pastor quer a liberação (?) para tratar menstruação como se fosse doença. Atribui-se a ele a frase: “O livro de Levítico é bem claro quanto à enfermidade: a mulher deveria ficar separada por causa da sua imundície por sete dias”.

O pastor ainda teria dito que absorventes não são cura, são paliativos, o melhor é realmente deixar as mulheres isoladas e usá-las apenas na época da procriação. O movimento feminista imediatamente reagiu e ameaçou borrifar água no cabelo com chapinha do pastor. Desafetos do pastor alegaram nas redes sociais que não se pode transportar para nossos dias prescrições milenares.

Além de bichas, analfabetas. Se os boateiros querem atribuir a alguém a idéia de menstruação como doença, não é preciso buscar bodes expiatórios. Quem assim pensa são os judeus. Não os judeus de mais de 3.000 atrás, quando foi escrito o Levítico, mas os judeus de hoje, 2013, que deambulam entre nós.

O Levítico considera, de fato, a menstruação uma doença. Levantei o problema em 2006. Vivo em um bairro judeu, infestado de ortodoxos, e aos poucos fui descobrindo os hábitos da comunidade. Judeu não dá a mão para mulher. Não havia percebido isto, pois não notamos quando alguém não dá a mão a alguém. Só notamos quando estão de mãos dadas. Foi uma amiga sabra que me visitava quem me chamou a atenção para o fato.

Em 2005, quando ainda prefeita, Marta Suplicy pagou uma gafe monumental. Num encontro com rabinos, como todo político, foi logo estendendo a mão. Que restou inútil, balançando no ar. Henry Sobel (remember gravatas), mais diplomático, ousou responder ao gesto da pustulenta. Ainda há pouco, republiquei foto de um rabino em um avião, enrolado em plástico, para evitar o contato com as enfermas. A foto rolou pela rede.

Os judeus não gostam de ser acusados de tanto obsoletismo. Internautas foram rápidos em apontar que a explicação pode não ser totalmente correta. "Isso não tem nada a ver com as mulheres," – escreveu um usuário. "Ele é um Cohen," descendente dos sacerdotes sagrados do templo e não estão autorizados a entrar ou voar sobre um cemitério, que os torna impuros”.

O cemitério, no caso, estaria situado em Holon, área metropolitana de Tel-Aviv. Em 2001, a El Al Airlines decidiu não permitir que judeus ultra-ortodoxos se revistam hermeticamente em sacos de plástico quando voando sobre o cemitério de Holon, a fim de evitar a impureza ritual. Segundo a empresa, considerações de segurança de vôo não permitem passageiros a bordo cobertos por sacos plásticos fechados.

Pode ser. Mas a restrição ao contato com as pestilentas está lá atrás, no Levítico, 15:19-24: “E mulher, quando tiver fluxo, e o fluxo da sua carne for de cor sangüínea, sete dias ficará separada na sua impureza; e todo aquele que tocar nela será impuro até a tarde. E tudo sobre o que se deitar na sua impureza será impuro, e tudo sobre o que ela se sentar será impuro. E todo que tocar no seu leito, lavará suas vestes, se banhará em água e será impuro até a tarde. E quem tocar sobre o leito ou sobre o objeto em que ela está sentada, tocando neles, será impuro até a tarde. E se um homem deitar com ela, a sua impureza passará sobre ele, e ficará impuro sete dias; e toda cama em que ele se deitar, se fará impura”.

À concepção judaica da mulher, fez eco o poeta italiano Gabriele d’Annunzio: “Essa chaga sempre aberta, que cheira e fede sem cessar”.

Voltando ao Levítico: “Fala aos filhos de Israel, dizendo: Se uma mulher conceber e tiver um menino, será imunda sete dias; assim como nos dias da impureza da sua enfermidade, será imunda. (...) Mas, se tiver uma menina, então será imunda duas semanas, como na sua impureza”.

No artigo de 2006, considerei os judeu obsoletos e fui acusado de anti-semitismo. Ora, não me parece que considerar obsoletas determinadas práticas possa constituir anti-semitismo. Através de um porta-voz, tive a suprema honra de ser respondido pelos rabinos do Colel Iavne, de Higienópolis:

"Atacar os judeus se utilizando da sua religião, costumes, vestimentas e retirando do contexto afirmações bíblicas não é novidade. O recurso foi usado infinitas vezes por anti-semitas ao longo da história da jornada judaica neste planeta. Janer Cristaldo, ao repetir o ato em seu artigo publicado no Mídia Sem Máscara, e intitulado, "Sobre Maimônides" sequer foi original. De todo modo, merece uma resposta, o que fazemos a seguir. Este artigo foi escrito com a colaboração inestimável das seguintes pessoas: Rav. Avraham Zajac, André Cardon, Sérgio Kalmus, Marcella Becker e sob consulta e aconselhamento de rabinos do Colel Iavne".

A bem da verdade, eu não atacava os judeus. Apenas falava de seus hábitos e transcrevia alguns preceitos de Maimônides, de seu livro Os 613 Mandamentos. (Ou você pensava que eram apenas dez?). Preceitos que aliás nem são do bom rabino, mas da Torá.

Continuavam meus interlocutores: “Um homem, mesmo tendo 100% de certeza de que uma mulher não está menstruada e ainda que seja sua esposa; mesmo assim, pelas leis mais estritas judaicas, não pode cumprimentá-la em público. E porque? (sic!) Por questão de recato. Para preservar carinhos e troca de afagos para os momentos íntimos e particulares com a sua amada”.

De minha parte, não vejo nenhuma falta ao recato em dar a mão a uma mulher. Assim fosse, todos os cristãos deste país seriam despudorados irremediáveis. Mas não é disso que se trata. Em minha Torá, o rabino Meir Matzliah Melamed especifica com rabínicas minúcias as substâncias tóxicas que portam estes seres imundos:

“Os cientistas maravilham-se diante do fato de que os antigos hebreus praticavam o mais alto padrão de higiene sexual reconhecido nos tempos atuais. Tem sido demonstrada também a existência de uma substância tóxica no sangue, na salivas, na transpiração, na urina e em todas as outras exsudações da mulher durante o período da menstruação”.

Para denunciar a estupidez não é preciso criar fatos. Ela sempre está a nosso lado. Soberana, eterna e onipresente.