MORRO E NÃO APRENDO
Só assisti uma vez na vida os fogos de um réveillon, o de 2000. Não tanto pelos fogos. Um amigo inaugurava seu apartamento no Rio e me intimou a visitá-lo. Não posso negar que foi um espetáculo imponente. Mas não suporto multidões. Quanto cem mil pessoas vão para um lado, eu tomo o lado contrário. Nem precisa ser cem mil. Cinco ou dez mil já bastam.
Mesmo assim, cai na armadilha neste réveillon. Estava em Paris e desta vez fui intimado por minha filha. Fui. Enfrentei meio milhão de pessoas. Por sorte, desta vez os fogos não foram na torre Eiffel, mas nas Tuilleries, o que permitiu à multidão esparramar-se um pouco mais.
Não sei o que os espectadores viram aqui na televisão. As câmeras têm a virtude de tornar grandioso o que não é. O espetáculo foi mixuruca. Dava a impressão que a Mairie estava curta de grana. Tentando chegar aos Champs Elysées, perdi o último metrô. Não bastasse ter enfrentado a massa, tive de atravessar Paris a pé na madrugada.
A gente morre e não aprende. Enfim, a noite era suave e linda, Paris também é linda. O passeio compulsório pode ter sido exaustivo. Mas a cidade merece.