¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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sexta-feira, fevereiro 18, 2005
 
GENTE DO PLANALTO É OUTRA COISA

Autoridades como ministros de Estado e secretários-executivos se hospedam em embaixadas brasileiras no exterior, mas recebem verba pública para pagar despesas - é o que nos conta a Folha de São Paulo. O ministro solicita diárias integrais para viagens ao exterior, que variam de US$ 220 a US$ 460, mas se hospeda nas embaixadas do Brasil em capitais como Londres, Washington, Paris e Buenos Aires. Essas embaixadas, além da pousada, oferecem pensão completa e todos os serviços de transporte na cidade. A diária integral vai integralmente para o pé-de-meia do ministro. Esta falcatrua, nos corredores do Planalto, atende pelo gentil eufemismo de "diárias secas".

Em 2003, flagrados pela imprensa, a ex-ministra da Assistência e Promoção Social Benedita da Silva devolveu R$ 4.816,00 aos cofres públicos depois de uma viagem a Buenos Aires... para orar. O ministro de Esporte, Agnelo Queiroz, devolveu R$ 10.872,00 que recebera para passar 11 dias na República Dominicana, quando as despesas tinham sido pagas pelo Comitê Olímpico Brasileiro.

Este ano, o ministro Patrus Ananias (Desenvolvimento Social devolveu as diárias recebidas em uma viagem feita a Buenos Aires, entre os dias 15 e 17 de junho, quando ficou hospedado na residência oficial da embaixada. O secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Márcio Fortes, que somente no ano passado embolsou R$ 10.382,08 indevidamente, referentes a oito viagens a Buenos Aires, também devolveu o dinheiro.

Os ministros da Fazenda, Antonio Palocci Filho, do Desenvolvimento, Luiz Furlan, do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias, o secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Márcio Fortes, e o secretário do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, Jaques Wagner, que também receberam as diárias secas, juram de pés juntos que vão devolvê-las. Tarso Genro, da Educação, já devolveu.

Para ladrões sem cargo no Planalto, devolução não redime o crime. Vão para a cadeia.