¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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sábado, abril 09, 2005
 

NA CASA DO GRANDE CANALHA

Sempre considerei um canalha o homem que mente para sua mulher. Claro que é um canalha menor que um comunista, que mente para o mundo todo. Mas da mentira deste decorre a tirania e a justificativa da tirania, a morte de milhoes e o ocultamento da morte de milhoes. Da mentira do primeiro resulta apenas uma mulher enganada. Mas quem engana a mulher com quem divide o leito nao tem escrúpulo algum em enganar o resto do universo.

Estive ontem em La Chascona, em Santiago do Chile, uma das três casas de um destes magnos canalhas, Pablo Neruda. Nao é nenhum Neuschwanstein, mas tampouco é casa para milionário botar defeito. Como o mais vulgar dos burgueses, Neruda deu-a de presente a Matilde Urrutia, sua amante, quando vivia ainda seu segundo casamento. La Chascona porque assim era chamada Matilde, sua teúda e manteúda secreta.

O grande humanista, mais tarde prêmio Nobel de Literatura, nao tinha sequer a coragem de revelar à legítima seu caso com Urrutia. Neruda tem mais duas casas magníficas no Chile, uma em Isla Negra e outra em Valparaíso.

A casa, com formas que lembram um navio, é de um bom gosto extraordinário. Neruda era homem de origem pobre. O que só demonstra como pode ser lucrativo cantar os pobres e defender tiranos como Stalin. E assim viveram muitos dos grandes ícones do século passado.