¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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quinta-feira, abril 28, 2005
 
ÍNDIO NÃO QUER MAIS APITO

Não está sendo bem vista, pela Funai, Igreja Católica, antropólogos e indigenistas, a tomada de quatro policiais federais como reféns pelos índios macuxis na aldeia Flechal, na reserva Raposa Serra do Sol, em Roraima. Quando os índios, insuflados por ONGs e missionários estrangeiros, fazem reféns - até mesmo da Funai - para exigir demarcação de terras, a própria Funai faz que nem viu e fica tudo por isso mesmo. Pois a intenção dos indigenistas é isolar os índios da civilização, mantê-los presos em gaiolas atemporais, para contemplação dos pósteros.

Agora é diferente. Os macuxis são contra a demarcação contínua da reserva indígena Raposa/Serra do Sol, de 1,69 milhão de hectares, o que eliminaria o contato com os brancos que lá vivem e trabalham, que têm o prazo de um ano para entregar suas terras e sair da área. Os índios sabem que perderão escolas, eletricidade, assistência médica e farmacêutica e todas as demais vantagens que o contato com a civilização propicia. Preferem a demarcação por ilhas, o que permitiria a permanência do branco civilizador.

Está finalmente surgindo no país uma consciência entre índios mais pragmáticos de que afastar-se do branco não é bom. Para desespero e perplexidade da Funai, que prefere manter as populações indígenas na era da Pedra Lascada. Por trás disso tudo, ou melhor, embaixo disso tudo, pode estar a maior jazida de ouro do mundo, além de outros minerais como diamantes, cassiterita, nióbio, tântalo e titânio, este último matéria prima estratégica para usinas nucleares, indústria bélica e informática.

A demarcação contínua eliminará do mapa uma faixa com cerca de 100 mil hectares de terra produtiva que circunda a reserva e faz fronteira com Guiana Inglesa, ao Norte do Estado. Esta faixa produz 70% das 160 mil toneladas de arroz industrializadas por ano em Roraima e vendido para o Amazonas, Pará e Rondônia, o que contribui com cerca de 10 % do PIB estadual. A Funai, agora com o apoio da Presidência da República, quer destruir este trabalho todo. Prefere fornecer aos índios uma proteção paternalista, desde que se mantenham afastados do universo não-índio.

Acontece que os índios já experimentaram o bem-estar da civilização branca. E não querem mais apito.