¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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sexta-feira, janeiro 06, 2006
 
Em resposta aos autores de "Sobre Janer"

Gostaria de desfazer uma idéia errada presente no texto. Apesar das acusações de anti-semitismo, me parece muito claro que Janer não se posiciona em momento algum contra os judeus. Faz críticas mais cômicas do que desmoralizadoras contra o judaísmo ou seus livros sagrados, na mesma linha do que faz com o cristianismo ou com o islamismo. No caso cristão, depois do artigo "A cruz e a toga" recebeu sim uns puxões de orelha, mas toda vez que fala contra o Islã, dos leitores do MSM não vem nada senão elogios. Ora, criticar o Islã pode, mas criticar ou mesmo fazer observações curiosas sobre o judaísmo ou cristianismo é comparável a
"escrever um texto rascista"? Ok, o site tem uma linha editorial...

Conhecendo-se um pouquinho de Janer pode-se perceber que sua 'birra' não é contra o judaísmo, mas contra as religiões em geral. Se os autores do texto de resposta acharam curioso mencionar que Janer selecionou somente alguns preceitos 'fora de contexto', acho curioso também mencionar que esses comentaram somente dois preceitos dos citados por Janer. Talvez os não comentados sejam injustificáveis. Não sei, não sou eu o grande conhecedor dos mandamentos judaicos.

Sobre Janer fazer pouco dos costumes judaicos, com a intenção de denegri-los, atento para um fato. Ele não fez mais do que chamá-los de 'estranhos'. E vá lá, são mesmo, mas ainda os respeitamos.

Comentarei um trecho:

"Janer e os ortodoxos - O articulista do Mídia critica os judeus por não apertarem botões aos sábados, e por andarem de capas de chuva 'vagabundas', ao invés de guarda-chuvas. Se sente incomodado por eles não darem mãos a mulheres em público e por andarem de tênis no dia mais santo judaico, o Dia do Perdão, o Yom Kipur (tivesse estudado melhor, saberia que são duas vezes por ano, incluindo o Tisha Be Av, dia que marca as destruições dos Templos em Jerusalém). A primeira e óbvia pergunta seria: o que ele tem a ver com isso? Porque o incomoda tanto? Onde ficou a liberdade de expressão e religiosa da democracia brasileira?"

E onde ficou escrito que esses costumes estranhos o incomodem 'tanto'? Repito, a única impressão que o colunista passou foi a de estranheza, e o mais ofensivo que pode se tirar o texto é a observação de uma semelhança entre os ortodoxos judeus e muçulmanos.

"Mas isso não basta. Senão o jogo de Janer estará feito: retratar o judaísmo como uma religião primitiva e bárbara. Nada mais longe da verdade. O judaísmo é feito de valores. Um destes é o respeito máximo a mulher, que nada tem a ver com seu ciclo menstrual. Um homem, mesmo tendo 100% de certeza de que uma mulher não está menstruada, e ainda que seja sua esposa; mesmo assim, pelas leis mais estritas judaicas, não pode cumprimentá-la em público. E porque? Por questão de recato. Para preservar carinhos e troca de afagos para os momentos íntimos e particulares com a sua amada. Em uma época onde mulheres reclamam que são tratadas como objetos, onde a propaganda abusa da super-exposição sexual da mulher e etc...., o judaísmo trata a mulher como um ser elevado a ser respeitado e admirado. Por isso pede modéstia da parte delas e recato no trato dos homens para com elas."

E aqui faço coro a Janer. Ficou evidente a semelhança com os muçulmanos. Afinal, nenhum islâmico que esteja aberto a discutir vai dizer que a mulher é tratada como inferior ou mesmo sem respeito. Curiosamente, o uso do véu se explica por motivo semelhante a essa prática de não dar a mão.

"Janer se sente incomodado com as pessoas que vivem no seu bairro, seus ritos e costumes? Sinto muito dizer a ele, mas o povo judeu não vai mudar após mais de três mil anos de história por causa dele. E nem deve. Se ele se sente realmente perturbado pelos costumes da vizinhança, fica valendo ainda o velho ditado: "os incomodados que se retirem". A liberdade de um vai até onde começa a do outro. E enquanto os judeus estiverem fazendo o seu, sem atrapalhar os outros, tem todo o direito de continuar. Direito e dever. E quem não gostar, azar. Não se pode agradar a todos."

Acho muitos dos meus vizinhos estranhos, mas não me sinto incomodados com eles, ora.

"Finalizando, o pseudo-intelectual diz na última frase de seu texto, "E depois os judeus se queixam de ser uma raça perseguida". Aqui Cristaldo expõe enfim toda a sua ignorância, e prova o quão falsa é sua suposta erudição. Primeiro que só existe uma raça, a humana. Talvez não para o articulista, que defendeu em uma discussão em um fórum de Internet, que tal e qual cachorros e cavalos, o ser humano também tinha raças. Contrariando médicos, cientistas e especialistas que dizem que as diferenças de pigmentação são quesitos de melanina, Janer tem sua verdade baseada em seu achismo e vai se agarrar a ela. Mas mesmo nos quesitos "janistas", eu quero que ele me prove como é possível se converter de raça? Afinal, existe conversão no judaísmo e milhões de pessoas ao longo da história já se converteram à religião e ao povo judeu. Como seria possível isso numa raça? E mais: ainda na fórmula "janista de ser", como seria possível judaísmo ser uma raça, com judeus brancos, negros, sul-americanos e asiáticos?"

Esse trecho me lembrou do ridículo episódio envolvendo militantes petistas e o senador Bornhausen, que disse, se referindo aos petistas, algo como "Até que enfim estamos livres dessa raça". Não faltaram petistas reclamando, saindo até cartaz com o senador usando uniforme do III Reich. É bem típico dos desonestos se apegar a detalhes sem importância para fazer um estardalhaço.

Finalizando; não precisa ser de esquerda pra reconhecer que o Estado de Israel cometeu muitos erros, em alguns momentos realmente perseguindo os palestinos. A biografia de Ariel Sharon é manchada principalmente no período em que estava atuando no exército. Sem querer determinar mocinhos ou bandidos da história, Israel foi protagonista de muitos massacres. Mas se os autores não aceitarem o fato, nada posso fazer. Eles que pesquisem, eu não chuto cachorro morto.

Bruno Benedini