¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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segunda-feira, abril 03, 2006
 
AS CONVICÇÕES DE SÃO DALLARI



Que o ex-todo-poderoso ex-ministro Antonio Palocci foi quem exigiu a quebra de sigilo bancário do caseiro Francenildo, isto não mais se discute. Disto foram testemunhas dois assessores do ministério da Justiça, mais o próprio presidente da Caixa Econômica Federal, Jorge Mattoso, que entregou em mãos do ministro o extrato da conta do caseiro. Sabe-se inclusive que Lula tinha ciência do crime cometido pelo ministro uma semana antes de tê-lo demitido. O que resta a esclarecer é a participação do ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos. Palloci e seus asseclas estão hoje indiciados em vários crimes, entre eles o de violação de sigilo bancário. Para escapar de um depoimento na Polícia Federal, o ex-ministro não hesitou em apelar ao vulgar recurso do atestado médico.

Até aqui, nada de novo. Estes fatos já fazem parte da crônica policial do Planalto. O que me causou espécie foi a entrevista concedida ontem ao Estado de São Paulo, por um dos santos tutelares do PT, o jurista Dalmo de Abreu Dallari. O jurista, reputado como uma das reservas éticas das esquerdas - se é que esquerdas têm ética - goza da fama de isenção em seus julgamentos, principalmente por não ter assinado ficha no PT, partido que defende incondicionalmente. Duas semanas após a revelação diária das trapalhadas do ministro nos jornais, o impoluto jurista declara:

- Estou convencido de que não houve participação do ex-ministro mandando obter dados.

É este o santo homem que os petistas respeitam, reverenciam e cultuam? Será que o PT não tem um campeão melhor para trazer à liça? Ao proferir tal despautério, Dalmo de Abreu Dallari demonstra ter perdido inclusive o respeito por si mesmo.