ÓDIO AMBULANTETarde da noite. Eu descia a Angélica. À minha frente, vinha um desses menores egressos da Febem. Ao passar por um estacionamento com três carros, deu uma cuspida em cada um. Se o febenzinho odeia tanto assim um carro, me pergunto quanto odiará quem está dentro do carro. São todos menores, muitas vezes frágeis e desmilingüidos. Mas todo transeunte procura tomar deles tomar distância nas ruas. Têm carteirinha de 007, com direito a matar.
Febem tornou-se palavra sinônima de crime e ao mesmo tempo impunidade. Para fugir ao desgaste do nome, que já tem trinta anos, o governador Cláudio Lembo pretende trocar o nome para Casa (Centro de Atendimento Socioeducativo ao Adolescente). Como se mudando a mosca, mudasse a realidade sobre a qual ela paira.