¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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sexta-feira, setembro 08, 2006
 
SAUDADES DA AURORA



Em sueco existe um verbo que me fascina - att längta. Seria traduzido por ter saudades, com uma diferença da nossa saudade. Lusófonos, temos saudades de algo passado. Saudade é filha do tempo e da distância. A palavra sueca tem uma maior abrangência, eu posso sentir saudades do futuro. Se eu digo jag längtar efter sommaren, quero dizer que tenho saudades do verão. Não do verão passado, mas do que está por vir.

Jag längtar efter auroras. Não das que um dia tenha visto, mas da que nunca vi. Falo das auroras boreais. São fluxos de prótons e elétrons vindos do Sol guiados pelo campo magnético da Terra, que se chocam com os átomos e moléculas atmosféricos. O efeito é deslumbrante, luzes enlouquecidas que dançam nas noites boreais. Ou austrais, no hemisfério sul. Sempre sonhei com elas e até hoje não as vi. O problema é que a aurora é imprevisível, não dá pra marcar encontro com ela. Você tem de sentar e esperar, em meio às noites próximas aos pólos.

Assim sendo, só posso me solidarizar com Cao Jinbin, cientista chinês que descobriu que o brilho das auroras boreais não se deve aos ventos solares, mas às subtempestades magnéticas. O próximo passo do pesquisador seria instalar um sistema de controle das auroras, capaz de prever e analisar seus movimentos. Sem ter a mínima idéia do que sejam subtempestades magnéticas, sei pelo menos que agora posso marcar encontro com a aurora. A ciência avança e me consola.