¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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domingo, setembro 17, 2006
 
SÃO PAULO PARA INGLÊS VER



Em sua edição de hoje, o jornal dominical britânico The Observer afirma que São Paulo está "à beira da guerra civil" e "paralisada pelo medo". Ao longo de oito páginas, o repórter Tom Phillips apresenta números da violência na capital paulista e chega a repetir a comparação da situação da cidade com a de áreas em guerra. "No Iraque, 117 soldados britânicos foram mortos desde que o país foi invadido em 2003, enquanto 23 foram mortos desde o início de agosto no Afeganistão. Em São Paulo, no auge da violência de maio, pelo menos 492 pessoas morreram por ferimentos de armas de fogo em pouco mais de uma semana".

No que diz respeito às mortes por semana, o jornal está cheio de razão. Mas estas mortes não são de hoje. Elas ocorrem diariamente há mais de dez anos. Como os mortos, em sua maioria, são pobres diabos da periferia, é como se ninguém tivesse morrido. Mortes anônimas não interessam aos jornais. Mas quando uma advogada mata um coronel, primeira página para o crime.

Quanto à cidade estar paralisada pelo medo, vai ver que o repórter confundiu engarrafamento com medo. Há uma espécie de paralisação em São Paulo, quase todos os fins de tarde, que se agrava nas sextas-feiras ou em vésperas de feriadão. Guerra civil? Medo? O único medo do paulistano nos fins-de-semana é que a fila do restaurante esteja muito longa. Ou que o tempo não esteja bom para a praia.