¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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quarta-feira, outubro 18, 2006
 
SANTA OLGA E A INDIGÊNCIA MENTAL TUPINIQUIM



Estreou sábado passado, no Theatro Municipal de São Paulo, a ópera Olga, de Jorge Antunes. A Olga em questão é a Benario, aquela apparatchik alemã, oficial do Exército Vermelho, que veio ao Brasil em 1935 com Arthur Ernest Ewert e mais uma vintena de agentes comunistas, com a missão de transformar o país em uma republiqueta socialista ao estilo de Moscou. Os anos 30 foram de grande excitação bolchevique, Stalin investia não só no Brasil mas também na China e na Espanha. Como marionete desta equipe vinha o gaúcho Luís Carlos Prestes, disfarçado como marido de Olga.

Não é nem será preciso ir ao teatro para intuir que a ópera será um hagiológio da celerada alemã. É óbvio que um dos momentos culminantes da obra será aquele em que Getúlio Vargas a entrega para a Alemanha hitlerista. Jorge Antunes, inconformado com a série de negativas recebidas das empresas em patrocinar a montagem de sua ópera, organizou uma carreata em Brasília, na tentativa de enfiar a mão no bolso do contribuinte para trazer a público sua ode ao totalitarismo. Em um ímpeto teatral, pretendia organizar um ato público na Universidade de Brasília, onde enterraria a partitura em um cofre que, "quem sabe, poderia ser encontrado daqui a cem anos". Pelo jeito, tanto drama não foi necessário. No Brasil, nunca faltou empresário para patrocinar santorais a quem queria afundar o país.

Judia, Olga acabou morrendo em um campo de concentração. Sua extradição do Brasil e morte na Alemanha lhe conferiram uma aura de santidade e martírio. Quando na verdade nunca passou de uma bandoleira internacional. Getúlio ficou como o vilão da história, embora Luís Carlos Prestes o tenha apoiado mais tarde, em sua candidatura à Presidência da República. Condena-se em Getúlio o gesto de tê-la entregue a Hitler, após um pedido de extradição da Alemanha nazista. O que se esquece é que Olga obedecia as ordens de outro grande assassino de judeus, Stalin.

É espantoso que, 17 anos após a queda do Muro de Berlim, 15 anos após o desmoronamento da União Soviética, ainda se ergam altares a líderes comunistas. O que só demonstra a indigência mental - para não dizer mau-caráter - dos criadores tupiniquins.