¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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sábado, outubro 21, 2006
 
SOBRE O COMPOSITOR BOLCHEVIQUE E MEDÍOCRE



De um leitor indignado, recebo estas informações:

Leio seu blog com grande prazer, sempre que posso. Acabo de ler o post sobre a montagem de Olga e resolvi lhe escrever para contar uma coisa sobre o sr. Jorge Antunes que sempre me deixa indignado quando dela me lembro. A música contempôranea, a verdadeira, não a cacofonia desembestada dos Antunes da vida, foi uma das minhas paixões adolescentes. Há mais de 10 anos, na UnB, havia um professor de composição argentino chamado Luis Mucillo, cheguei a ouvir algumas de suas peças, belíssimas de fato.

Se bem me lembro, ele não dispunha de toda a documentação ou títulos suficientes para a posição que ocupava, mas seu saber era notório. Os alunos o adoravam, e suas peças se distinguiam a cada concerto, pela profundidade, pelo lirismo. Isso deixava o sr. Jorge Antunes numa posição desconfortável, some-se a isso as infindáveis picuinhas do meio acadêmico. Eu freqüentava o departamento de música, mas não era músico, e conhecia muita gente lá. Eis o que aconteceu: o sr. Jorge Antunes deu um jeito de "impugnar" o saber notório do compositor argentino e expulsá-lo do departamento.

Luis Mucillo, tinha titulação, mas "européia". Essa titulação, por burocracia, não era reconhecida na UnB. Ele dava seis aulas diferentes ligadas à composição, numa carga horária extraordinária, como professor substituto. O Antunes não dava aula, ficava apenas flanando pelo departamento, e cuidando, pasme, dessa ópera que agora acaba de estrear. Isso sem estar de licença, viajava a Europa e deixava uma aula numa fita cassete (genial!) para os alunos. Ele queria obrigar o Mucillo a assumir mais responsabilidades, caso contrário seu contrato de professor substituto não seria renovado. Era apenas uma armadilha para expulsar o Mucillo, que tinha uma produção sólida e regular, como professor e compositor.

Os alunos fizeram um abaixo-assinado para que ele permanecesse. Acabou sendo expulso. Suas obras são executadas com freqüência em Buenos Aires e têm sido premiadas. O colegiado decidiu, com apenas uma abstenção, justo a de um ex-aluno do Mucillo, a não renovar seu contrato de prof. substituto. Em vez disso, o substituiriam por um co-repetidor, cargo esse ao qual ele poderia concorrer, mas não quis. Parece que o Antunes, socialista e arauto da esquerda, foi, segundo um professor da UnB, que o conhecia desde a época da ditadura, um tremendo cagüeta. Mas isso é boato, crível, mas boato.