¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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quarta-feira, novembro 08, 2006
 
MIGUEL ACEVES MEJÍA



Morreu ontem, uma semana antes de completar 91 anos, um dos ídolos de minha infância, o cantor mariachi Miguel Aceves Mejía, el rey del falsete. Na fronteira oeste do Rio Grande do Sul, onde nasci, Aceves Mejía era um dos cantores preferidos da gauchada. É dele aquela canção, "Cucurrucucu paloma", que por décadas foi vista como brega, antes que Caetano Veloso a cantasse em um filme de Almodovar. Suas letras, as copiávamos em cadernos escolares que circulavam entre a peonada lá do campo.

Sempre gostei das canções mariachis, para espanto de meus colegas universitários. Aceves Mejía nunca foi bem visto nos círculos intelectuais. Certo, não era nenhum Mozart, mas o gênero me agradava. Tive a ventura de ver o cantor mexicano, com sua mecha de cabelos brancos encimando a testa, em algum ano da década de 70, se apresentando na Reitoria da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre. Naquela noite, descobri uma insuspeita clientela do cantor: as mais charmosas prostitutas do Portinho invadiram a Reitoria.

Se bem que Aceves Mejía é mais um desses que morrem... mas não morrem. Sua voz continuará encantando os cultores da música mariachi. Há um restaurante aqui em São Paulo, El Mariachi, onde me esbaldo cantando com os charros quando passo por lá. Acho que vou revisitá-lo nestes dias, em memória del rey del falsete.

Voz de la guitarra mia,
al despertar la mañana,
quiere cantar sua alegria
a mi tierra mexicana.

México lindo y querido,
si muero lejos de ti,
que digan que estoy dormido
y que me traigan aqui.

Que digan que estoy dormido
y que me traigan aqui,
México lindo y querido,
si muero lejos de ti.