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¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV
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domingo, dezembro 24, 2006
GENTE FINA É OUTRA COISA Há alguns anos, um auditor fiscal paulistano foi para o Canadá, com mulher e dois filhos. Na volta, houve um problema qualquer em seu vôo e a empresa - a já falecida Canadian Airlines - levou a família para um hotel e a embarcou no dia seguinte. Se a história terminasse aqui, tudo ficaria por conta do respeito da empresa ao consumidor. Mas a história ainda não tinha terminado. Uma vez em São Paulo, o auditor foi procurado pela Canadian Airlines. A empresa se desculpava e queria recompensar o cliente pelos transtornos ocorridos no Canadá. Ofereceu então - a ele, sua mulher e dois filhos - mais uma passagem de ida-e-volta, para onde quer que a empresa voasse. Se a história terminasse aqui, já teria um final feliz e tanto. Mas ainda não termina. O auditor fiscal, carcamano de boa cepa, alegou talvez não poder aceitar a cortesia, afinal tinha um terceiro filho e desta vez havia prometido ao menino que não viajava sem ele. Quem não chora não mama: ganhou cinco passagens. Um outro amigo, professor de matemática no Mackenzie, foi à China com sua mulher. Mal chegou em Pequim, quebrou um pé. Permaneceu hospitalizado o tempo todo de sua viagem e voltou ao Brasil. Mas a história também não termina aqui. A empresa pela qual viajou procurou-o para dizer-lhe que lamentava ele não ter podido aproveitar sua viagem. Para compensá-lo de alguma forma, lhe oferecia mais duas passagens de ida-e-volta. Bem entendido, a empresa - cujo nome agora não lembro - nada tinha a ver com o acidente com o pé. No Brasil, é um pouquinho diferente. Milhares de passageiros maltratados e humilhados, aeroportos que mais parecem campos de concentração, gente perdendo desde casamento, audiências e até mesmo transplantes e as recomendações das autoridades são: procure o Procom, processe a empresa. Isso sem falar em policiais armados de metralhadoras vigiando os perigosos passageiros. Quanto à cortesia elementar de a empresa ressarcir espontaneamente o cliente, nem pensar. |
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