¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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terça-feira, dezembro 19, 2006
 
A MENSAGEM DO MARCELO



No decorrer de meu trabalho neste blog e em mais alguns jornais eletrônicos, tenho recebido não poucos mails, que vão desde o insulto raivoso à mensagem afetuosa, passando por aqueles que começam assim: "desculpe discordar, mas..."

Para começar, confesso que o insulto me deixa quase tão contente quanto a mensagem afetuosa. Quando alguém insulta, é porque não tem mais argumentos e perdeu as estribeiras. Se algum leitor imagina que seus insultos me irritam, está fazendo gol contra. Em verdade constituem música para meus ouvidos. Nem devia confessar isto. De repente, meus irados leitores descobrem que me fazem feliz e são capazes de roubar-me esta felicidade.

Quanto aos leitores que começam se desculpando por discordar, devo alertar que discordar faz parte da vida. Seria um sinal de subserviência mental concordarmos com tudo o que um escritor afirma. Tenho meus autores diletos, mas dificilmente concordo com tudo o que escrevem. Desde jovem, quando lia Platão, ia rabiscando nas margens do texto minhas discordâncias. Dada minha idade e desconhecimento da cultura grega, talvez minhas anotações não tivessem muito fundamento. Mas desde então me arrogava o sagrado direito de discordar. Faço votos que meus leitores continuem discordando de mim. Mas, por favor: para discordar não é preciso pedir desculpas.

Quanto às cartas afetuosas, que elogiam meus textos, é claro que me estimulam a escrever. O pior é que dá vontade de escrever cada vez melhor e isto nem sempre é possível. Recebi ontem uma mensagem que me tocou fundo. É a de um jovem para quem meus textos contribuíram para sua formação. Uma carta assim me faz contente. Não estou escrevendo rumo ao inútil. Mas você não precisa comprar dois livros meus, Marcelo, para dar um de presente a amigos. Baixe um e distribua quantos quiser.


Janer,

Tive contato com você na época que morava em Salvador, no ano de 2003, através de um colega que me enviou uma entrevista para o jornal O Expressionista. De lá pra cá, você é um dos meus autores favoritos que não deixo de ler. Li dois de seus livros e acompanho seu blog regularmente.

Você é realmente muito bom. Sua cultura e erudição são bastante vastas, e mesmo não concordando com tudo o que você escreve, eu reconheço que seus argumentos são bastante sofisticados. Acho que posso dizer que você nestes quase quatro anos contribuiu sensivelmente para minha formação intelectual e para minha visão de mundo.

Estou escrevendo não para ser só mais um fã seu, mas porque não teria outra forma de lhe agradecer. Tinha 19 anos quando lí pela primeira vez um texto seu, e quando olho pra trás e vejo o quanto cresci, posso dizer que você teve sua parcela de contribuição nesse crescimento.

Normalmente quando gosto de um autor compro dois livros. Um para um, outro para dar de presente para alguém que eu ache que conseguirá apreciar a obra. No seu caso, eu não tenho como fazer isso. Não existe edição em papel do seu livro, então, que fique pelo menos o registro do quanto aprecio o seu trabalho.

Um forte abraço, e que você continue realizando um bom trabalho.

Marcelo Tavares