¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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quarta-feira, dezembro 27, 2006
 
NEOCAROLA DIZ AO QUE VEM



Leio na última Veja um meloso artigo - diabéticos, favor abster-se! - sobre o cristianismo, de autoria de Reinaldo Azevedo. Segundo o articulista, a cultura ocidental se reduz ao cristianismo. A cultura greco-romana existe, é verdade, mas apenas para ser enjolivée pela nova religião. Os massacres cometidos ou ordenados por Jeová são varridos para baixo do largo tapete da História. A condição servil da mulher no Pentateuco se transfigura em defesa e proteção da mulher no cristianismo, como se o Pentateuco não fizesse parte da Bíblia cristã. O sangue derramado pela Igreja nas Cruzadas e na Inquisição, a intolerância monoteística do cristianismo, a perseguição e queima de cátaros, as fogueiras todas da Idade Média, a regulamentação da tortura, a destruição de culturas primitivas, a cobertura de datas pagãs por festividades cristãs, as guerras religiosas, os papas devassos e os papas torturadores, Giordano Bruno, Galileu Galileu, Joana d'Arc, toda esta trajetória sangrenta da Santa Madre, é solenemente ignorada pelo neocarola. Azevedo, em vez de assumir uma postura objetiva, que seria de esperar-se em um jornalismo laico, faz de seu artigo uma profissão de fé. Melhor a Veja tivesse contratado Ratzinger, este pelo menos estaria em seu papel.

A marcha da Igreja na história, para o jornalista, é uma idílica caminhada rumo a um mundo mais humano. Mais de meio século após a morte de Stalin, o realismo socialista ressuscita nas páginas de Veja.