UTOPIANestes dias que precedem o Natal, uma histeria consumista toma conta das cidades. Cá em São Paulo, como em toda metrópole, o fenômeno é exacerbado. Até freqüentar bares se torna inviável. Os bares são tomados pelo que chamo de amadores, essa gente que não vai a restaurantes o ano todo - ou só vai às sextas-feiras - e de repente se reúne em bandos e se põem a gritar histericamente, em mesas de quinze ou vinte pessoas. Nós, os profissionais, viramos místicos e rezamos para que chegue o Natal e essa raça infame volte a seus lares sem graça alguma.
Uma outra fauna emerge nas ruas. Nos meses de dezembro e janeiro, dobra o número de crianças pedintes junto aos faróis. Segundo agentes da Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS), o número de mendigos em cruzamentos em outubro era de 1.974. Em novembro passou para 3.406. E no que vai de dezembro, já são 3.719. Ainda segundo a SMADS, este "trabalho", em dias de movimento normal, rende no mínimo 30 reais por dia. Ou seja, 900 reais por mês.
O salário inicial de uma professora da rede municipal em São Paulo é 615 reais. E há quem ache que a mendicância pode ser erradicada das ruas da cidade.