¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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sábado, janeiro 13, 2007
 
SOBRE VOZES E CINTURAS


Faz tempo. Mais precisamente, foi em 1977. Eu e a Baixinha viajávamos pela Alemanha a convite da Internationes. Visitei várias cidades e em cada uma delas um guia me esperava na estação de trens. Em Munique, por ter apanhado um outro trem que não o previsto, me desencontrei do guia. Fui então para o hotel. Estava abrindo as malas, quando fui chamado da portaria. Era minha guia ao telefone. Ouvi a voz da moça e fiquei extasiado. Disse para a Baixinha:

- Tem uma mulher linda me esperando lá embaixo.
- Como é que sabes disso?
- Pela voz. E tem mais: ela tem um rosto lindo e um corpo escultural.

Não deu outra. Desci e lá me esperava uma bávara divina, excepcionalmente bem diagramada, olhos verdes e com um sorriso imenso, a cujos cuidados me entreguei embevecido. Mulher bonita se conhece pela voz. É uma voz tranqüila, serena, sem medos nem inibições. Voz segura de si, de quem se garante. Trinta anos depois, a ciência parece ter chegado à minha descoberta.

Leio no noticiário on-line que segundo Gordon Gallup, da Universidade de Nova York, "o som da voz de uma pessoa revela informações sobre seu status biológico". A pesquisa foi realizada com 149 homens e mulheres que ouviram uma série de vozes gravadas. Constatou-se, entre outras coisas, que as vozes que mais agradaram pertenciam a pessoas que tiveram relações sexuais quando eram mais jovens e tinham maior inclinação a serem infiéis. E descobriu-se também - e aqui é onde quero chegar - que nas mulheres a voz tem relação com a cintura fina e os quadris mais largos. "Nossa pesquisa mostra que a voz pode ser um meio de saber mais sobre a conduta sexual de uma pessoa e sobre suas formas físicas".

Outra intuição que tive há décadas é que pouco importa se os glúteos de uma mulher são grandes ou pequenos. O que importa é a cintura. Uma mulher pode ter um bumbum dos mais pequenos. Mas se ele for se afinando à medida que nosso olhar sobe pelo corpo, está feito o milagre: ela excita mais que qualquer mulher bem fornida e com cintura grossa. Os antigos já sabiam disto. Cantava Luiz Gonzaga:

Vem cá, cintura fina, cintura de pilão
Cintura de menina, vem cá meu coração

Quando eu abraço essa cintura de pilão
Fico frio, arrepiado, quase morro de paixão


Bem entendido, a cintura fina é o prenúncio do que vem logo abaixo. Os estudos confirmam. Ainda no noticiário on-line, leio que uma pesquisa publicada ainda esta semana na revista Proceedings B afirma que mulheres de cintura fina e seios fartos possuem níveis hormonais mais altos, o que aumenta sua fertilidade. Esse seria o motivo da atração dos homens, que inconscientemente escolheriam as mulheres mais propensas a engravidar.

Verdade que jamais me ocorreu procriar, embora a coisa tenha acontecido. O homem contemporâneo já não precisa procriar para a perpetuação. Aliás, é até melhor que não procrie. O homem da caverna precisava. Seja como for, as cinturas finas sempre mexeram com o homem das cavernas que ainda deve existir em cada um de nós.

A ciência avança e confirma minhas intuições.