¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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quinta-feira, fevereiro 22, 2007
 
E-BOOK: PRÓS E CONTRAS


Do leitor e amigo Emílio Calil, recebo a seguinte mensagem:

Saudações, Janer!

Acabei de ler teu artigo "Senador Marciano" e permita-me discordar em parte da sua linha de raciocínio.

É verdade que livros didáticos ou técnicos poderiam muito bem migrar para o universo virtual, facilitando e muito a vida dos estudantes.

Mas outros gêneros como ficção, ensaios ou mesmo clássicos de escritores famosos não têm, como direi, a mesma "graça" de se ler na tela do que no papel. Pode ser um saudosismo, nostalgia ou até mesmo preguiça, mas particularmente gosto de me recostar em um café e folhear as páginas de um livro. Não consigo me ver mudando para uma leitura cem por cento virtual, até porque é muito incômodo ler longos textos no monitor - já baixei dezenas de ebooks, e se li no máximo uns três, foi muito.

Já quanto aos jornais (e mesmo revistas) concordo, pois eu mesmo procuro me manter informado através dos grandes portais de notícias, pois a velocidade da informação é muito maior.

Sei, por exemplo, que a Microsoft está trabalhando arduamente para abolir o papel da vida dos usuários nos próximo cinco anos, se não me engano, oferecendo o máximo de funções possíveis através de PCs e notebooks. Se eles conseguirem reproduzir o mesmo prazer e conforto de um livro real, então aí não há do que reclamar, mesmo.

Grande abraço,

Emílio Calil
Jornalista e Designer


Bom, Calil, gosto não se discute. A propósito, eu também prefiro o livro-papel. E mesmo o jornal-papel. Tendo acesso a todos os jornais via Internet, compro pelo menos dois por dia, para ter o prazer de lê-los no sossego de um bar.

Mas... (sempre tem um mas) o e-book tem um recurso que começa a fazer-me falta no livro-papel. É o search. Se preciso busca por uma palavra, por todas suas ocorrências em um texto, é só clicar no search e tenho todas as palavras que quero. Isso o livro convencional não me dá. Certo, podemos sublinhá-lo. Mas mesmo assim o recurso ao search ganha de longe. Já me ocorreu de, tendo um livro em minha biblioteca, recorrer a sua versão eletrônica para uma pesquisa rápida. Se quero pesquisar as ocorrências da palavra sangue, por exemplo, na Bíblia, levaria semanas folheando a Bíblia em papel. Com a Bíblia eletrônica, tenho todas as ocorrências em poucos minutos.

Por outro lado, digamos que eu tenha uma súbita necessidade, hoje à noite, de buscar um topos em Fédon, do Platão. E digamos que não tenha o livro em minha biblioteca. Ou, mesmo que o tenha, tenha dificuldade em achar aquele momento. Busco o livro nas boas bibliotecas da Internet, baixo-o em segundos, e lá está, em minha telinha, o livro pronto para pesquisa.

Vou mais longe. Digamos que eu viva numa cidadezinha do interior, uma daquelas em que não existem mais livrarias. E quero ler, não só Platão, mas também Voltaire, Rousseau, Bertrand Russel, Campanella, etc. Mesmo que na cidadezinha houvesse uma livraria, é claro que nela não encontraria tais autores. Que fazer? Dois ou três cliques, e tenho estes autores a meu alcance.

Sim, eu sou como traça, viciado em papel. Mas não deixo de valorizar o livro eletrônico.

Abraço e vamos pensar na feijoada.