¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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terça-feira, junho 26, 2007
 
EMPRESÁRIO REIVINDICA NOVAS INSTÂNCIAS NA JUSTIÇA



O Brasil tem justiça para todos os gostos. Ministros, senadores e deputados têm foro privilegiado. Índios podem matar, estuprar, seqüestrar e continuam livres como passarinhos na selva. Sem-terra pode invadir, depredar, manter pessoas em cárcere privado e ainda recebe em média 31 mil reais em compensação aos crimes cometidos.

O microempresário Ludovico Ramalho Bruno, pai de um dos pobres meninos ricos que espancaram barbaramente uma empregada doméstica no Rio, quer instituir uma nova instância na Justiça, para julgar os universitários. Em defesa de seu pimpolho, diz Ludovico:

"Eles não são bandidos. Tem que criar outras instâncias para puni-los. Queria dizer à sociedade que nós, pais, não temos culpa nisso. Eles cometeram erro? Cometeram. Mas não vai ser justo manter crianças que estão na faculdade, estão estudando, trabalham, presos. É desnecessário, vai marginalizar lá dentro. Foi uma coisa feia que eles fizeram? Foi. Não justifica o que fizeram. Mas prender, botar preso, juntar eles com outros bandidos... Essas pessoas que têm estudo, que têm caráter, junto com uns caras desses?"

De fato. Se indíos e sem-terra não podem ir para a cadeia, porque iria um universitário? Desde há muito está em curso um movimento para isentar universitários de qualquer responsabilidade penal. Até bem pouco, universitários eram os únicos brasileiros que podiam drogar-se, na paz dos campi, com a leniência de reitores e demais autoridades. Com a recente invasão da Reitoria da USP, ficamos sabendo que também podem invadir prédios administrativos, ocupá-los pelo tempo que bem entenderem e depredá-los, sem temer qualquer punição.

Ludovico Ramalho Bruno acha pouco. Quer mais liberdade de ação para a juventude universitária. Onde se viu universitários não poderem espancar uma reles empregadinha doméstica? Os futuros líderes da nação precisam de mais liberdade para suas inocentes brincadeirinhas de fim de balada. Além do mais, boa parte da culpa é da moça agredida. "Sirley é mais frágil por ser mulher e por isso fica roxa com apenas uma encostada", disse Ludovico.