¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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sexta-feira, junho 15, 2007
 
GENERAL LAMARCA, HERÓI E MÁRTIR



Mais uma vez as nações se curvam ante o Brasil. Um oficial comunista, que roubou armamento do Exército, desertou e matou friamente a coronhadas um companheiro de armas indefeso, foi postumamente promovido a general. Sua viúva terá pensão de R$ 12.152,61 mensais, o equivalente a vencimento de general-de-brigada, além de indenização de R$ 300 mil, a ser dividida por três familiares. Diga-se de passagem, ela já recebia pensão de acordo com a patente de coronel, cargo ao qual seu marido já havia sido promovido por decisão do Superior Tribunal de Justiça. Para o ministro da Justiça, Tarso Genro, também comunista, o benefício foi "juridicamente correto e politicamente adequado".

Terrorista, assassino, assaltante de bancos, seqüestrador, ladrão de armas e desertor, Carlos Lamarca não está na lista dos prisioneiros mortos sob tortura ou custódia do Estado, o que justificaria uma indenização a seus familiares. Tendo optado pela luta armada, morreu em combate contra seus ex-companheiros de caserna nos sertões da Bahia, doente e abandonado pelo tal de povo que pretendia redimir.

A decisão de indenizar Lamarca foi tomada pela Comissão de Anistia do Ministério da Justiça. De uma penada, um colegiado de civis humilha as Forças Armadas e reduz a cacos sua hierarquia. Os generais estão chiando. Ontem, no Rio, disse o general Luiz Cesário da Silveira Filho: "Tudo o que é falta grave que pode ser cometida esse assassino cometeu. E está sendo premiado aí! É lamentável, lamentável! Espero que não vá até o final esse processo. Pode dizer: os generais de Exército, os generais da ativa do Alto Comando do Exército estão indignados. Causou profunda indignação na Força". Leônidas Pires Gonçalves , ex-ministro do Exército, declarou: 'Não me sinto bem tendo como conviva, mesmo morto, um desertor, traidor, ladrão e assassino frio do tenente Mendes, que se ofereceu para defender seus soldados". Ele se referia a Alberto Mendes Júnior, o tenente que participou do cerco a Lamarca e foi morto a coronhadas, indefeso, em 1970.

Tarde piaram os generais. Podem chiar à vontade. O que foi feito é a manifestação de uma vendeta administrativa das esquerdas e não tem mais volta. Talvez um dia nossos lúcidos generais ainda descubram que quem venceu o confronto de 64 não foram os militares, mas as esquerdas. Enquanto os militares foram relegados ao papel de vilões até mesmo pelos livros didáticos do ensino nacional, os velhos comunistas estão posando de heróis, ocupando ministérios e cargos chaves da administração nacional, com obscenas aposentadorias das quais nem mesmo o Imposto de Renda é descontado. Tudo isto neste mesmo país em que aposentados - que nunca mataram ninguém a coronhadas, que nunca roubaram bancos, que nunca seqüestraram embaixadores - morrem sem ver a cor de seus precatórios alimentícios, já transitados em julgado, em fase de execução e sem possibilidade alguma de mais recursos.

Para quando o monumento? Tais heróis da pátria não podem ser renegados ao olvido. Precisamos erigir urgentemente estátuas a Carlos Lamarca, dar seu nome a ruas e escolas, cantar sua biografia em prosa, verso e filmes e tornar obrigatória nas escolas primárias, secundárias e universidades a leitura e o estudo de seus feitos. O capitão escolheu o caminho mais difícil para a glória: desertou, roubou, seqüestrou e matou. Mas a nação, penhorada, soube fazer-lhe justiça.

Mas que se pode esperar de um país que tem um comunista no ministério da Defesa e outro no da Justiça? Os generais podem bater pezinhos indignados. O general Lamarca, para exemplo e preito das gerações futuras, repousa no panteão dos heróis que a pátria incensa.