¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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sábado, junho 09, 2007
 
SOBRE MEU APREÇO PELAS PROSTITUTAS



Não bastassem os cineastas e pessoal de teatro viverem às custas do contribuinte no Brasil, uma outra classe artística está demonstrando uma irrefreável vocação para o parasitismo estatal. A imprensa denunciou, há alguns meses, aqueles meninos da Vila Madalena que, entre uma cerveja e outra, tiveram a brilhante idéia de ter seus turismos na Europa e no mundo financiados pela renúncia fiscal. Tão jovens e tão corruptos. A grita foi geral e parece que desistiram dos benefícios da malsinada lei Rouanet, que se um dia pretendeu subsidiar a cultura, hoje está bancando até festivais de cerveja. Digo parece, pois neste país nada transparente, é difícil saber quando alguém está vivendo do próprio trabalho ou mamando nas generosas tetas do Estado.

De qualquer forma, os escritores parecem ter gostado da idéia. Leio manchete no Estadão de hoje:

ESCRITORES COBRAM INCENTIVO DO MINC

Na linha fina:

Movimento Literatura Urgente entrega a José Castilho série de propostas para democratizar o acesso ao livro

Por democratizar o acesso ao livro, os escritores entendem financiamento estatal para seus delírios literários. Entre as propostas que embasam esta nobre e altruística intenção, está a criação do Fundo Nacional da Literatura, do Livro, Leitura e Bibliotecas e a destinação de 30% dele para ações de fomento à criação. A estimativa é de que o fundo chegue ao montante de R$ 45 milhões por ano. Para os 30% que reivindicam, os escritores propõem caravanas que levariam autores a universidades e escolas, além de bolsas, incentivo à publicação do primeiro livro, apoio a jornadas literárias e ainda um programa de compra direta de livros.

O autor novo é um problema eterno. Não bastasse os autores novos pretenderem financiamento do primeiro livro, querem também turismo, boa restauração e venda forçada de seus livros. Pois bolsas e jornadas literárias não passam de turismo subvencionado. Quando há um encontro literário no mundo, quem mais ganha não é a literatura, mas hotéis e restaurantes. É claro que o escritor não vai pagar isto de seu bolso. Exige ser pago para exibir, ante uma platéia de basbaques, suas masturbações intelectuais.

As notícias de que o muro de Berlim caiu e o socialismo desmoronou não parecem ter chegado ao Brasil. Isso de o Estado subvencionar escritores é coisa de comunista. Subvenciona e ao mesmo tempo controla. É óbvio que um escritor que conteste o poder vigente ou a mentalidade de sua época jamais será convidado para publicar um primeiro livro, participar de encontros literários e muito menos terá sua obra incluída nas leituras obrigatórias dos currículos escolares e universitários.

Os novos candidatos a escritores, antes mesmo de entrar no ofício, já põem suas almas em leilão. Nem se preocupam em que sua literatura venda. O que importa é que o Estado os pague. Tenho mais apreço pelas prostitutas. Se vendem o corpo, pelo menos preservam a alma.