¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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sábado, julho 21, 2007
 
EM PÚBLICO, CORAÇÃO SANGRA




A primeira manifestação do governo sobre o desastre da TAM foi o famigerado gesto do assessor especial para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia. A segunda foi a de Lula, que levou mais de 72 horas para dizer qualquer coisa a respeito. “Eu estou com o coração sangrando”, disse.

Já Marco Aurélio afirmou que jamais faria aquele gesto em público. Disto todos sabemos. Não fosse uma janela providencialmente aberta e um cinegrafista curioso, a reação do assessor especial permaneceria oculta à opinião pública. Neste sentido, é de louvar-se a desfaçatez de Marta Suplicy, que ousou dizer em público o que pensa do caos do tráfico aéreo: "relaxem e gozem". Ou o cinismo do ministro da Fazenda, Guido Mantega, que não viu nenhum despropósito em atribuir à "prosperidade do país" o descalabro do tráfico aéreo no Brasil. O que nos faz sentir profunda lástima desses países pobres, como França, Alemanha ou Estados Unidos, onde os aviões saem no horário. Coisa de países sem prosperidade alguma.

Se algo já se pode deduzir desta crise, é a visão elitista dos sedizentes trabalhadores do Partido dos Trabalhadores. Qual a primeira providência de vulto de Lula, uma vez no Planalto? Foi comprar para seu uso exclusivo - com o dinheiro do contribuinte, é claro! - um avião de luxo, ao qual nem um sultão do Burnei se daria o luxo. Para os ministros, que têm jatinhos especiais com aterrissagem privilegiada em qualquer aeroporto, tanto faz como tanto fez que milhares de passageiros sofram nas salas de espera.

Uma elite vinda de baixo tomou o poder no país. Uma vez no poder, abusa do poder como nem mesmo o aristocrata Fernando Henrique Cardoso fez. Em público, o coração sangra. Nos corredores, fodam-se os brasileiros todos.

Pior cego é o que aprendeu a ver.