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¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV
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segunda-feira, julho 23, 2007
SOBRE O APOCALIPSE (leituras de fim de noite) "Não vamos falar de partidos políticos, mas de duas espécies da natureza humana: os que se sentem fortes na alma, e os que se sentem fracos. Jesus, Paulo e o maior dos Joões se sentiam fortes. João de Patmos se sentia fraco, no fundo de seu ser. "Na época de Jesus, os homens fortes em essência haviam perdido o desejo de reinar sobre a terra. Eles desejavam destacar sua força das leis e do poder terrestres e aplicá-la a uma outra forma de vida. Desde então os fracos começaram a erguer a cabeça, a enfatuar-se desmesuradamente e a exprimir seu ódio desenfreado em relação aos 'aparentemente' fortes, aqueles que detinham o poder temporal. "É assim que a religião, a religião cristã em particular, torna-se ambígua. A religião dos fortes ensinava a renúncia e o amor. E a religião dos fracos ensinava: ‘abaixo os fortes e poderosos, e que os pobres sejam glorificados’. Como sempre há no mundo mais fracos do que fortes, é o segundo cristianismo que triunfou e que ainda triunfará. Se os fracos não são governados, eles querem governar, eis tudo. Ora, a regra dos fracos é: abaixo os fortes. "A grande autoridade bíblica campeã deste clamor é o Apocalipse. Os fracos e os pseudohumildes vão varrer todo poder, glória terrestre e riqueza da superfície do globo, pois eles, os verdadeiros fracos, vão reinar. Por um milênio teremos santos pseudohumildes, horrorosos de olhar. Mas é precisamente rumo a isto que a religião tende atualmente: abaixo a vida livre e forte, que os fracos triunfem, que os pseudohumildes reinem. A religião de autoglorificação dos fracos, o reino dos pseudo-humildes. Este é o espírito da sociedade de hoje, tanto religioso como político". Apocalypse, de D. H. Lawrence. Aquele mesmo Lawrence de O Amante de Lady Chatterley. O livro é de 1931. Não por acaso, 14 anos depois da Revolução de 17. |
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