¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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sexta-feira, agosto 31, 2007
 
EUROPA CRIA CUERVOS



Os suecos tiveram uma sexta-feira agitada hoje. Os muçulmanos fazem a primeira página de seus jornais. No Dagens Nyheter lemos:

SVENSKA FLAGGAN BRÄNDES

DEMONSTRATION MOT MUHAMMEDHUNDAR

Traduzindo: Bandeira sueca é queimada. Demonstração contra os cães de Maomé.

No Aftonbladet:

HÄR BRINNER DOCKAN AV FREDRIK REINFELDT

KONSTNÄREN LARS VILKS MORDHOTAD

Queimado o boneco de Fredrik Reinfeldt. Artista Lars Vilks ameaçado de morte. Reinfeldt é o primeiro-ministro sueco. Lars Vilks é o personagem através do qual o escândalo surge. A história toda começou com os rondellhund, esculturas amadoras de cães, geralmente bem-humoradas, colocadas em rotatórias de tráfego de todo o país como uma forma de expressão da contracultura. Aconteceu que Vilks teve a péssima idéia de desenhar uma imagem de rondellhund em que o cachorro tinha a cabeça de Maomé. A imprensa do país passarou a discutir se as galerias de arte deveriam expor a imagem. E um jornal de Örebro, o Nerikes Allehanda, considerou o debate digno de novas análises e publicou a imagem, juntamente com um artigo discutindo a liberdade de expressão.

Lars Vilks brincou com fogo. O cão, assim como o porco, é um animal maldito para os muçulmanos, a ponto de alguns choferes de táxi muçulmanos nos Estados Unidos se recusarem a transportar passageiros que estejam acompanhados de cães, mesmo que sejam guias de cego. Se publicar imagens de Maomé já é considerado uma ofensa ao Islã, pode-se imaginar o potencial explosivo de retratar o profeta com uma cabeça de cachorro.

O primeiro protesto veio do Irã, que convocou o encarregado de negócios da Suécia em Teerã, na segunda-feira passada, para receber uma queixa oficial sobre a publicação da imagem. Mahmoud Ahmadinejad acusou os "sionistas" de estar por trás do desenho sueco, porque "sua sobrevivência está na guerra". Ainda pediu que os muçulmanos não reagissem, pois "os sionistas ficarão desorientados se houver paz no mundo".

O mesmo não pensaram os muçulmanos na Suécia. Cerca de duzentos deles cercaram hoje a redação do jornal, exigindo desculpas do jornal. "Nós, muçulmanos, também somos örebroenses, nós temos um grande respeito pelo Nerikes Allehanda e queremos que o respeito seja recíproco. Eles precisam ter respeito por nós, que somos uma minoria na sociedade", disse Gamal Lamhawdi, porta-voz do centro de cultura islâmica de Örebro.

Outros grandes jornais suecos já haviam publicado os desenhos de Vilks. A reação centrou-se no jornal de Örebro dado o grande número de muçulmanos que lá vivem. Ulf Johansson, o diretor do jornal, recebeu e-mails ameaçadores e foi obrigado a adotar um guarda-costas. "Alguns diziam que eu queimaria no inferno", ele disse. A polícia reforçou a segurança em torno dos escritórios do jornal.

No distante Paquistão, em Lahore, onde ninguém jamais ouviu falar do Nerikes Allehanda, e certamente muito menos de Örebro, foi queimada a bandeira da Suécia em praça pública. Em Karachi, foi queimado um boneco do primeiro-ministro sueco.

Há dois aspectos na questão. Primeiro, a escultura de Vilks foi uma provocação óbvia, feita por alguém que tinha plena consciência das conseqüências de seu gesto, afinal a vizinha Dinamarca viveu ano passado a crise das caricaturas do profeta. Vilks certamente queria promoção e hoje seu nome circula em todos os jornais do Ocidente. O curioso é que não houve reação dos muçulmanos a esta provocação.

Outro aspecto é noticiar o fato e publicar fotos do pivô da polêmica. Se um jornal quer discutir um fato, é perfeitamente normal que o apresente com fotos. Reagiriam os muçulmanos se o Nerikes Allehanda noticiasse o fato sem fotos? Seja como for, não serão imigrantes fanatizados, recebidos com generosidade pela Suécia, que irão decidir como os suecos devem fazer jornalismo. O que os muçulmanos até hoje não entendem - e isto ficou evidente no caso da Dinamarca - é esta particularidade do Ocidente, a liberdade de imprensa. Nem podem entender, já que a desconhecem em seus países de origem.

É claro que ninguém lê jornais suecos no Irã ou no Paquistão. Esse escândalo todo é obra dos mulás que dirigem as madrassas no Ocidente. No fundo, querem calar a imprensa livre na Europa, de modo que ninguém mais ouse tecer críticas ao obscurantismo islâmico. Já conseguiram grandes avanços. Em vários países europeus, quando árabes cometem estupros, jornal algum notícia a origem do estuprador.

Enquanto isto, os Estados europeus e até mesmo a Igreja Católica estão financiando a construção de mesquitas na Europa. Cria cuervos - dizem os espanhóis - y te picarán los ojos.