¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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sábado, agosto 18, 2007
 
PIROU DE VEZ!




No período pós-Ceaucescu, corria uma piada na Romênia. Em Bucareste, nos dias do conducator, um cidadão entra em uma farmácia:
- Bom dia, camarada farmacêutico!
- Bom dia, camarada cliente!
- Camarada farmacêutico, você tem algo para a paranóia?
- Para a paranóia, camarada cliente, só tenho respeito.

A paranóia era - e ainda é - um dos mais típicos sintomas dos países comunistas. As ditaduras, para manter-se, precisam acreditar em si mesmas. A realidade que se lixe. Do alto de seu climatério, o novel editorialista Fidel Castro escreveu ontem no Granma artigo intitulado "O Império e a Ilha Independente", onde afirma que a base naval de Guantánamo, controlada pelos Estados Unidos, representa uma ameaça para o país. Disse ainda que Cuba esperará o fechamento da prisão, após a queda do sistema americano: "Se for preciso esperar que caia o sistema, esperaremos. A espera de Cuba sempre será em alarme de combate".

Com a paranóia, sempre é bom ter respeito. Isto me faz lembrar paranóia análoga, de um velho comunista gaúcho, o advogado Antonio Pinheiro Machado Netto. Em seu livro Berlim: muro da vergonha ou muro da paz? (Porto Alegre, L&PM, 1985), escreveu:

Hoje não se pode mais falar em reunificação da Alemanha, pura e simplesmente, com fundamento tão somente na língua e história comuns. (...) Não se pode, todavia, afastar a hipótese de, num futuro mais ou menos remoto, vir a ocorrer a unificação (como aconteceu no Vietnã). Esta hipótese, porém, só pode ser considerada se na chamada Alemanha Federal - RFA - passar a existir também um regime socialista.

Uma das maiores bobagens veiculadas no Brasil sobre o Muro de Berlim é que ele foi erguido para evitar as fugas de alemães da RDA para a parte oeste de Berlim. Esta asneira é veiculada até por pessoas que gozam de alguma credibilidade no Brasil, e por órgãos de comunicação, que se apresentam como veículos fiéis à verdade.

Todos os epítetos lançados contra o muro - afronta à liberdade, vergonha, etc., etc. - escondem apenas o ressentimento e a frustração dos fazedores de guerra que, naquela linha de fronteira, viam o começo da terceira guerra mundial por que tanto sonham, e para cujo deflagrar tudo fazem, com vistas a salvar o capitalismo da crise irreversível em que está mergulhado.

É natural que na RDA e nos demais países socialistas a tendência seja a diminuição do índice de criminalidade, de vez que as infrações penais que têm origem na miséria, numa vida difícil e atormentada, com dificuldades econômicas e financeiras, tendem a desaparecer por completo nos países socialistas, e muito particularmente na RDA.

Mas, decorridas quatro décadas, essa mesma Alemanha Ocidental - eis a grande verdade - não resolveu problemas vitais do povo alemão que vive na região ocidental. Mais do que isso. Hoje a República Federal da Alemanha - RFA -, como todo mundo capitalista, é um país atormentado por uma crise de vastas proporções, crise política, econômica, social e moral.

A realidade alemã ocidental hoje reflete a crise que avassala o sistema capitalista. Na RFA a situação social também vem se agravando. Progressivamente aumenta a pobreza.
Os sindicatos da RFA estão prevendo que até 1990 cerca de 100 mil pessoas perderão seus empregos, atualmente, por força da automação. Afora, evidentemente, o desemprego resultante da crise do capitalismo que existe na RFA e em todo o ocidente capitalista, e que vai continuar.

Os meios de comunicação de massa do Ocidente já decretaram que nos países socialistas não há liberdade para os cidadãos e que, especialmente, inexiste liberdade de imprensa. Também decretaram que os direitos humanos não são respeitados no mundo socialista.

Daqui cinco anos, na RDA, não haverá mais desconforto habitacional - todas as famílias terão sua casa.