¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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sábado, outubro 27, 2007
 
O CALDO ENGROSSA PARA SÃO LANCELLOTTI



Poucas coisas me alegram tanto quanto ver esses monumentos públicos à virtude e à moral de calças na mão. Não é sadismo, não. É a satisfação de ver pelo menos alguém desmascarado neste grande baile de máscaras que a mídia nos mostra. Ontem, autoridades intocáveis, impolutas, acima do bem e do mal. De repente, o tropeço. E a máscara cai. Do dia para a noite, o monumento vira sucata. Aconteceu com o rabino Henry Sobel, aconteceu com Renan Calheiros e agora acontece com o padre Júlio Lancellotti.

Que hoje deve estar se arrancando os últimos fios de cabelo com a prisão de seus supostos extorsionistas. Hermano Freitas, da Folha Online, nos traz novas e nada surpreendentes revelações sobre a obra pia de São Lancellotti. Segundo o repórter, Nelson Bernardo da Costa, o advogado de defesa de Anderson Marcos Batista, o mentor da suposta extorsão - suposta porque ao que tudo indica não houve extorsão alguma - recebeu em 2001 seis mil reais em honorários do padre para a defesa de seu pupilo, condenado por homicídio. O que poderá ser facilmente comprovado, pois os pagamentos dos honorários foram realizados por depósito bancário, em seis parcelas de mil reais. Ou seja, São Lancellotti financiava seu "extorsionista" desde há seis anos, e não três como declarou.

O advogado negou que seu cliente tenha praticado extorsão e afirma que o dinheiro e os presentes foram dados pelo padre a título de "gratificação". Mais ainda: que o valor dos bens recebidos por seu cliente foi de "quase 700 mil reais" e que o relacionamento entre o padre e ex-detento acabou após Batista ter se casado, em outubro de 2006. Ainda de acordo com ele, o sacerdote mantinha relações sexuais com outros meninos. "Eles chegaram a ter relações sexuais dentro da igreja", disse o advogado de Batista. O caso entre o padre e o moço teria iniciado quando este foi internado na Febem por roubo, aos 16 anos. Ora, Batista hoje tem 25 anos e teve cinco carros de luxo. Nove anos e muita grana rolaram desde então.

Batista se revelou mais caro que amante argentina. Até a Mônica custou menos ao senador Renan Calheiros. O delegado André Luis Pimentel, do Setor de Investigações Gerais, pedirá a quebra do sigilo bancário do padre para apurar o valor total da extorsão.

A platéia, em suspense, espera as novas revelações.