¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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quarta-feira, dezembro 26, 2007
 
ANTROPÓLOGO PROFERE BÍBLICAS BOBAGENS



O antropólogo Roberto da Matta rides again. No Estadão de hoje escreve:

No Natal, no entanto, uma ética de realeza, inaugurada com os Reis Magos, revela a grande estrela que conduz a um menino que veio nos salvar de nós mesmos. O panorama marcado pela reversão tudo diz: os reis magos visitam o menino nascido num estábulo; a aristocracia visível, presenteia uma divindade escondida.

Ora, não existem reis magos na Bíblia. Você pode vasculhá-la do Gênesis ao Apocalipse e não se vê rei mago algum. Há inclusive quem fale em três reis magos. Ora, em momento algum a Bíblia diz que são três os magos. Este mesmo erudito acadêmico, que leciona em uma prestigiosa universidade americana, em outubro passado escrevia outra bobagem em sua coluna:

O amor é ponte porque, num sentido preciso, ele liga virtudes longínquas, como a esperança; com as próximas, como a caridade. Foi por isso que São Paulo apóstolo falou que de nada vale o sino do melhor metal, se no seu som não há amor.

Ora, tampouco há sinos na Bíblia. Os sinos só surgem com os grandes edifícios para o culto, a partir do século V. A primeira referência que temos a sinos ocorre em torno do ano 515, em carta de um diácono de Cartago. Três séculos mais tarde, o papa Estevão II fez edificar, na basílica de São Pedro, um campanário. O ínclito antropólogo deve ter lido alguma tradução espúria da Bíblia – o que pouco o recomenda como intelectual – ou deve ter confundido címbalos com sinos, o que tampouco o recomenda como leitor atento.

Enfim, até Sua Santidade proferiu bobagens, ao falar em reis magos em janeiro passado. Se nem um acadêmico americano, se nem o papa conhecem a Bíblia a fundo, que pode-se esperar desses pobres diabos que vão a missas e cultos com o Livro debaixo do sovaco?