¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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sexta-feira, dezembro 14, 2007
 
VATICANO ESQUECE BÍBLIA



Leio que o Vaticano defendeu hoje o "direito e o dever" da Igreja Católica de evangelizar os não-crentes e acolher os convertidos, especialmente de outras religiões cristãs. A defesa foi feita em um documento do departamento doutrinário e também ensina como os católicos devem lidar com conversões de fiéis vindos de diferentes denominações cristãs.

O documento me parece ocioso. Pelo menos no Ocidente, nunca vi quem negasse o direito de a Igreja Católica evangelizar não-crentes e acolher convertidos. Se isso ocorre no mundo árabe, bom... lá é território do Alá, não do Jeová. O problema é que a Igreja não se contenta em evangelizar não-crentes e acolher convertidos. A Igreja quer mesmo é exterminar outras crenças. Que não venha o papa dizer – como disse em maio passado – que o Evangelho enriqueceu, não destruiu as culturas nativas.

Claro que destruiu. Sempre foi política da Igreja Católica impor seu deus em detrimento de outros deuses de outras culturas. Isso, desde o Gênesis. É a tentativa lógica de expansão de um grupo de poder.

“Mas os seus altares derrubareis, e as suas colunas quebrareis, e os seus aserins cortareis (porque não adorarás a nenhum outro deus; pois o Senhor, cujo nome é Zeloso, é Deus zeloso), para que não faças pacto com os habitantes da terra, a fim de que quando se prostituirem após os seus deuses, e sacrificarem aos seus deuses, tu não sejas convidado por eles, e não comas do seu sacrifício; e não tomes mulheres das suas filhas para os teus filhos, para que quando suas filhas se prostituírem após os seus deuses, não façam que também teus filhos se prostituam após os seus deuses”.

Até aí, nada além da tradição de uma crença fanática e intolerante. Se hoje não se admite que a Igreja derrube altares de outras crenças, nada impede que pregue suas crendices. O que a Igreja não pode é tentar impô-las a Estados laicos, através de legislação. Ora, o Vaticano é useiro e vezeiro nestas tentativas, quando encontra clima para impor-se aos Estados. O divórcio só foi instituído no Brasil porque um dia tivemos um presidente protestante. E o aborto até hoje não é legalizado por influência da Igreja Católica.

Para o Vaticano, "a incorporação de novos membros à Igreja não é a expansão de um grupo de poder, e sim a entrada na rede de amizade com Cristo, que conecta céus e terras, diferentes continentes e eras". Terras, continentes e eras, até que se entende!

Mas que céus, cara-pálida? O Vaticano, quando fala, parte do pressuposto de que toda a humanidade participa de suas fabulações. Ora, não é bem assim.