¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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domingo, fevereiro 17, 2008
 
OBSCURANTISMO MARXISTA NA UNIVERSIDADE



De Raphael Piaia, recebi:


Janer,

gostaria que você estivesse na faculdade nas últimas semanas. Ou melhor, acho que não gostaria. Não desejo esse tipo de tortura para ninguém, muito menos a você. Eu estava para te escrever esse e-mail há algum tempo, mas ainda não tive oportunidade. Ele deveria ser grande, mas vou tentar fazê-lo curto pela falta de tempo.

Lembra quando você disse que vomitava todo dia antes de ir para a redação da Folha? Pois é assim que me sinto na faculdade. O esquerdismo entre os professores é patente, não existem dúvidas sobre isso. Salva-se, no máximo, um pelo que pude notar até aqui. Os absurdos já foram vários, mas para citar um que se relaciona ao seu texto, só preciso lembrar de ontem.

Na aula de sociologia, surgiu o assunto índios. E então começa a “professora”, socióloga também formada em teologia: “Antes tudo era bom, não era, meu queridos? Agente vivia em harmonia com a natureza, as cidades não eram entupidas de gente como são agora, o ar era respirável. Deixa eu citar um exemplo de aumento da população em Londres, o êxodo rural e a queda no padrão de vida de tal década para tal década” (...) “Mas era bom, não era? Antes do Brasil ser descoberto, nós vivíamos bem, não vivíamos? Alguém consegue pensar em alguma coisa boa que eles ( europeus) trouxeram para nós?Nada, não é?” Deu para ter um idéia, não, Janer? Eu pensei em várias coisas que os europeus trouxeram, mas estava tão cansado. Desisti de debater com esses professores. No colegial até que ainda era legal, atraia garotas e tudo o mais, só começou a estressar no fim dos estudos. No convívio social, mais legal ainda, não há aquela tropa politicamente correta atrás de você. Se você discute com alguém, discute em pé de igualdade. Não é como na faculdade, onde o professor se arroga de sua autoridade de... mestre-doutor e você de... aluno do contra. E isso foi só um aperitivo, Janer. Já conseguiram opor empresários x proletariado. Já conseguiram comparar o Brasil com Cuba, onde um professor universitário ganha e vive bem com 10 dólares, veja só, pois lá não se paga nada! Escola, luz, saúde, para o espanto da classe, são providos pelo Estado. Aliás, muitas dessas defesas, embasbacando-me, vieram em aulas de economia. E, claro, Nenhum professor esqueceu de falar sobre o “ nosso capitalismo selvagem”.

Nos primeiros dias, desafiei bastante os absurdos. Desafiei sobre o ridículo de defender-se a cultura dos muçulmanos. Desafiei o nada tímido antiamericanismo dos professores. Desafiei os crucifixos no alto das salas ( nesse caso, numa conversa particular com um dos professores) enfim... Resultado? Consegui fama de antipático. Do tipo: “ Quem esse moleque pensa que é, contestando assim nossos divinos doutores?” A Parte atuante da sala deve me ver como um reacionário odioso, uma vez que ficam de boca aberta e olhos brilhando durante os discursos das viúvas de Marx. Os professores, como um rapazinho perigoso, audacioso e arrogante. O resto, a parte mais alienada que não dá bola para nada disso, deve se perguntar o que o Piaia faz se preocupando com essas coisas enquanto poderia passar mais tempo bebendo no barzinho ou “brincando” com as garotas.

Ora, brincar com as garotas é bom, não nego. Mas os professores com sua verborragia conseguem assassinar e sepultar qualquer clima. E eu ainda me mantenho calmo, Janer. Não contestei nada daquilo onde ainda sou leigo. Não contestei, por exemplo, as afirmações de que o Direito Natural é visto e entendido da mesma forma por todas as culturas e pessoas do mundo. Os desafio – os professores uspianos doutores que vieram criticar o capitalismo em universidade paga-, até os corrijo em alguns casos, quando se trata de assuntos culturais, geopolítica e afins. É cansativo, é estressante, é... Eu sei que você e todos sempre advertiram para não esperar nada diferente disso na faculdade, mas mesmo assim. Por enquanto, ainda me sinto como você se sentia antes de ir para a redação da Folha. Mas isso tem mudado. Estou indo para o lado do sarcasmo ou da indiferença como sempre fiz em outros tempos. Ou o da contestação sem circo, como faço, ou tento fazer, socialmente. Não sei. Não existem muitas alternativas.