¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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sexta-feira, março 14, 2008
 
EM CURITIBA



Estou em Curitiba,a caminho de Guarapuava, onde vou fazer duas palestras, a convite do escritor professor Dartagnan Zanela, sobre como ler jornais. Em Curitiba, qual cavalo de volta à querência, rumo direto ao Stuart, um simpático boteco situado junto à praça Osório. Lá se pode comer rãs, testículos de touro, carne de onça, bucho de boi. Uma amiga, certa vez me perguntou:

- E para moças, não tem nada?

Revi Joel, um dos homens de minha vida. Não o via há 18 anos, quando morei aqui. Explico. Joel é o garçom do Stuart. Por homens de minha vida entendo os garçons. À tardinha, com sua voz metálica, anuncia sorteios de perus,coelhos e frangos. De dez em dez minutos, corre uma rifazinha de dez ou doze números. Certa vez, estávamos em quatro ou cinco numa mesa, apostávamos e a sorte não nos sorria. Tomamos então uma atitude radical: compramos todos os números da rifa. Joel veio trazer-nos um peru.

- Nada disso, Joel. Queremos o ritual todo. Sorteia os números e canta o do vencedor.

À noite,tive uma grata surpresa. Procurava um restaurante onde jantar e fui cair num solene tailandês, o Koh Thay (rua Barão do Rio Branco, 438), capitaneado por André Camacho e sua charmosa mulher, Adriana. Estava me resignando a um jantar solitário, quando André veio para minha mesa. De mercador de tapetes persas, que revirou Oriente Médio e Ásia, encantou-se por Curitiba e virou restaurador.

Conversamos longamente sobre viagens, países e restaurantes. O que prometia ser uma janta muito sem graça, tornou-se um papo aprazível em torno a um bom Malbec. Recomendo vivamente. Ao passar em Curitiba, não deixe de conhecer o belíssimo Koh Thai, o viajado e afável André e a Adriana. É mulher que nos dá vontade de evocar aquela atrevida saudação árabe das Mil e uma noites:

- Loado sea el hombre que te tiene por debajo!

Mas não disse. Tive no entanto de confidenciar ao André que gostaria de ter dito. Enfim, uma noite que não prometia nada converteu-se no encontro de um excelente interlocutor.

Em função da ida a Guarapuava, é possível que eu me ausente um ou dois dias do blog. Ou talvez não.