¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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sábado, março 08, 2008
 
INSCIÊNCIA DO APEDEUTA
CONTAMINA EDITOR DA FOLHA




Que o Supremo Apedeuta insista em que sua mãe nasceu analfabeta, entende-se. Mais difícil de entender é a ignorância histórica de Cláudio Ângelo, editor de ciência da Folha de São Paulo. Em artigo publicado hoje, sobre o julgamento da ação de inconstitucionalidade contra a Lei de Biossegurança, faz correções de ordem científica tanto ao advogado da igreja, Ives Gandra Martins, quanto à presidente do STF, Ellen Gracie. Para depois sair-se com esta solene bobagem:

“Tudo indica que o bom senso venceu e eles já ganharam a parada. Pela primeira vez na história deste país, sua mais alta corte resolverá que um código moral formulado em uma sociedade de pastores no fim do Império Romano não serve para guiar a feitura das leis no século 21. Demorou”.

Ora, as argumentações dos papistas contra a pesquisa de embriões são as mesmas empunhadas contra o aborto. No fundo, a questão de determinar quando começa a vida. E isto nada tem a ver com o código moral formulado em uma sociedade de pastores no fim do Império Romano. Se a Igreja Católica assumiu esse código, nele não estava previsto inicialmente interdições nem ao aborto nem a pesquisas com embriões.

As sandices se repetem, o cronista sente-se obrigado a repetir-se. A Igreja, durante séculos, admitiu o aborto. Dois de seus campeões, são Tomás e santo Agostinho, eram favoráveis ao aborto. Segundo o aquinata, só haveria aborto pecaminoso quando o feto tivesse alma humana, o que só aconteceria depois de o feto ter uma forma humana reconhecível. Para o Doutor Angélico, como o chamam os católicos, a chegada da alma ao corpo só ocorre no 40º dia de gravidez. A posição de Aquino sobre o assunto foi aceita pela igreja no Concílio de Viena, em 1312. Foi em pleno século XIX, em 1869 mais precisamente, que o Papa Pio IX declarou que o aborto constitui um pecado em qualquer situação e em qualquer momento que se realize.

O que me espanta neste debate é que não vemos, na grande imprensa, um mísero jornalista que contraponha a nosso episcopado analfabeto a doutrina clara dos santos da Igreja. Se os católicos se pretendem contra o aborto, deveriam começar destituindo seus santos da condição de sapiência e santidade.