¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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domingo, março 23, 2008
 
Y REPETIMOS LA SÉTIMA!


Ramón María del Valle-Inclán (1866-1936) foi um dramaturgo, poeta e novelista galego, criador do gênero literário conhecido como esperpento, que teria o grotesco como forma de expressão e buscava deformar sistematicamente a realidade. Este novo estilo teatral teria se originado em um bar situado nas proximidades de Puerta del Sol, cuja característica mais chamativa era a fachada, ornada como espelhos côncavos e convexos que deformavam a imagem dos passantes e serviu de inspiração para Valle-Inclán. A deformação da realidade bem podía ser divertida, como o era para os transeuntes, mas também podia converter-se em um espelho social, em uma deformação exagerada da realidade.

Autor pouco conhecido no Brasil, creio que entre nós só foi traduzida sua novela mais importante, Tirano Banderas. Personagem singularíssimo, em 1892, Valle-Inclán realizou sua primeira viagem à América, mais precisamente ao México. E por que ao México?

- Porque se escribe com equis (x) – disse Valle-Inclán.

Em 1899, em uma briga com um jornalista no Café de la Montaña, foi ferido no braço esquerdo com uma bastonada. A ferida gangrenou e o escritor perdeu o braço. Em 1921, foi convidado para uma nova viagem ao México, desta vez pelo presidente do país, Álvaro Obregón. Que, por sua vez, não tinha o braço direito. Em uma peça de teatro, ambos sentaram-se na primeira fila, lado a lado. Na hora de aplaudir, Valle-Inclán não teve dúvidas:

- Presidente, presteme su mano para que aplaudamos.

Já contei, creio que há mais de ano. Sempre que vou a Madri me hospedo no Hotel Inglés, que fica na Calle de Echegaray. José Echegaray, personagem polêmico de fins do século XIX, era engenheiro, matemático, dramaturgo, político... e recebeu o prêmio Nobel de Literatura em 1904. Valle-Inclán, que vivia na mesma rua, dava como endereço Calle del Viejo Idiota. E consta que mesmo grafando assim o endereço, recebia correspondência.

Enfim, lembrei-me do autor em função da crônica anterior, na qual comentava entrevista de uma sexóloga, que via perversão na compulsão sexual exagerada. Certa ocasião, falando de suas conquistas amorosas, escreveu Don Ramón:

- Hicimos siete homenajes a Venus. Y repetimos la sétima.