¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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quinta-feira, maio 01, 2008
 
AFRODESCENDENTADA NÃO VAI GOSTAR


Há mais de década tenho me manifestado contra essa prática infame de cotas raciais na universidade, que aliás já começa a invadir inclusive o mercado de trabalho. É herança atrasada do racismo ianque, que chega até nós quando já começa a ser abandonada nos Estados Unidos. Luta de classes morta, luta de raças posta - costumo afirmar. Os eternos apparatchiks, não conseguindo mais opor ricos a pobres, apostam agora em uma luta entre brancos e negros. Para isso, é claro, é preciso extinguir o mulato, essa prova evidente de que no Brasil a miscigenização existe.

Parece que as coisas estão mudando. Um grupo de 113 sedizentes intelectuais lançou recente manifesto, afirmando que "as cotas raciais embutidas no interior de cotas para candidatos de escolas públicas, como aplicadas, entre outras, pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), separam os alunos proveniente de famílias com faixas de renda semelhantes em dois grupos “raciais” polares, gerando uma desigualdade “natural” num meio caracterizado pela igualdade social. O seu resultado previsível é oferecer privilégios para candidatos definidos arbitrariamente como “negros” que cursaram escolas públicas de melhor qualidade, em detrimento de seus colegas definidos como “brancos” e de todos os alunos de escolas públicas de pior qualidade".

Antes tarde do que nunca. Mas os 113 sedizentes intelectuais acabaram caíndo em outra armadilha. Pretendem que raças humanas não existem.

"A genética comprovou que as diferenças icônicas das chamadas “raças” humanas são características físicas superficiais, que dependem de parcela ínfima dos 25 mil genes estimados do genoma humano. A cor da pele, uma adaptação evolutiva aos níveis de radiação ultravioleta vigentes em diferentes áreas do mundo, é expressa em menos de 10 genes! Nas palavras do geneticista Sérgio Pena: “O fato assim cientificamente comprovado da inexistência das ‘raças’ deve ser absorvido pela sociedade e incorporado às suas convicções e atitudes morais. Uma postura coerente e desejável seria a construção de uma sociedade desracializada, na qual a singularidade do indivíduo seja valorizada e celebrada. Temos de assimilar a noção de que a única divisão biologicamente coerente da espécie humana é em bilhões de indivíduos, e não em um punhado de ‘raças’.”

Ou seja, em todos os demais seres existem raças. Temos raças de cachorros, de bois, de ovelhas, de cavalos, de galinhas, de dinossauros, de lagartos, enfim, onde há vida há raça. Só não há quando surge o ser humano. Vai ver que é intervenção divina.

Só tem um problema. Agora que ser negro dá lucro, a afrodescendentada não vai gostar dessa ídéia de que raças não existem.