¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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domingo, junho 15, 2008
 
O HÍMEN COMPLACENTE DA VELHA EUROPA



Há horas defendo a tese de que a Europa está se rendendo ao Islã. Durante minha última viagem, o grande debate na França girava em torno de uma decisão judicial de um tribunal de Lille, que anulou o casamento de dois jovens muçulmanos franceses, em 2006, porque o noivo descobrira que a noiva não era virgem, como afirmava ser. Como nos bons tempos da Idade Média, o noivo, um engenheiro de 30 anos, abandonou o leito nupcial e anunciou aos convidados, que ainda festejavam, que a noiva tinha mentido sobre o seu passado. Na mesma noite, ela foi largada na porta da casa dos pais. O engenheiro procurou um advogado para anular o casamento. A noiva, uma estudante de enfermagem de 20 anos, confessou ter mentido sobre sua virgindade no tribunal e concordou com a anulação.

Em sua decisão, a corte não fez menção a questões religiosas. Apenas alegou violação de contrato, já que o engenheiro tinha se casado com a jovem depois "que ela se apresentou a ele como solteira e casta". É o que, no Direito das Coisas, se chama de vicío redibitório. Ou seja, o defeito cuja existência nenhuma circunstância pode revelar, senão mediante exames ou testes. É chamado de redibitório pela doutrina posto que confere ao contratante prejudicado o direito de redibir o contrato, devolvendo a coisa e recebendo do vendedor a quantia paga.

Acontece que matrimônio não pertence ao âmbito do Direito das Coisas, nem mulher é mercadoria que se possa devolver porque vem com defeito de fábrica. A decisão do tribunal de Lille recua o direito de um Estado republicano e laico do século XXI para bem mais além da Idade Média. Mais precisamente para a Roma Antiga, quando as ações redibitórias foram criadas pelos edis nos negócios de venda e compra de escravos realizados nas feiras sob sua jurisdição. A justiça francesa deu a uma cidadã francesa o mesmo tratamento que os antigos romanos davam a seus escravos.

Em meio a isso, prospera em plena Gália uma nova indústria, a da reconstituição de hímens. Por coisa de três mil dólares e 30 minutos de cirurgia, qualquer muçulmana que já cedeu às tentações do Ocidente pode recuperar sua virgindade. O importante é que, na noite de núpcias, haja sangue. Sem sangue, os brutos não se satisfazem e devolvem aos pais a mercadoria avariada.

Curiosa filosofia. Primeiro, as mulheres são castradas. Corta-se o clitóris e os grandes lábios da vagina. Que, por sua vez, é costurada. Mas o hímen tem de ficar intacto, para a glória dos machos maometanos.

Que bárbaros cultivem suas práticas bárbaras, entende-se. O que é difícil entender é um tribunal francês que as endosse. É de espantar também que um médico francês seja cúmplice de tais cirurgias absurdas. Mais um pouco, e os bougnoulles passarão a exigir que os planos de saúde cubram os custos de uma himenoplastia. Não estamos longe disso. Rachid Dati, a ministra francesa da Justiça – que é muçulmana – inicialmente apoiou a decisão do tribunal de Lille. Só voltou atrás quando foram feitos apelos ao Parlamento, pedindo sua renúncia.

A bem da verdade, a barbárie não é exclusivamente muçulmana. A Igreja de Roma também exige virgindade antes do casamento. Mas já conformou-se em conviver com Estados laicos e certamente jamais endossará a devolução de uma moça a seus pais, só porque a moça não era virgem. Mas a todo momento o Vaticano lança olhares cúmplices ao Islã. Recentemente, um cardeal pregava mais diálogo entre ambas as religiões.

Costumo afirmar que a mulher é o nó górdio entre o Ocidente e o Islã. Enquanto muçulmanos tratarem a mulher como um ser inferior, diálogo algum é possível. Sem falar que há pessoas presas no mundo árabe por terem se convertido ao catolicismo. No início deste mês, em Tiaret, Argélia, quatro argelinos foram condenados de seis a dois meses de prisão e a multas de 200 mil a 100 mil dinares (de 2.702 a 1.036 euros) por se declararem cristãos ante um juiz. Dois outros jovens, que desmentiram serem conversos, foram absolvidos.

Desde o fim do ano passado, dizem os jornais, multiplicaram-se os processos de argelinos evangélicos. Também foi condenado um sacerdote católico francês por rezar em um bosque com subsaarianos. Enquanto isto, na Europa – e particularmente na Itália – os párocos estão cedendo suas igrejas para que os muçulmanos ergam o traseiro para a lua e orem voltados para Meca.

Em um de seus mais celebrados romances, A Peste, Albert Camus situa o mal em Oran. O autor, propositadamente, não definia com precisão o que seria a peste. Pretendia, com esta indefinição, atacar todo e qualquer totalitarismo, fosse de esquerda ou de direita. Hoje, a peste contamina a Europa. Não é mais o nazismo ou comunismo. Não vem da esquerda nem da direita. Vem do alto. Fanáticos que só conhecem Estados teocráticos querem impor seus bárbaros costumes a Estados laicos. E estão conseguindo. A velha Europa tem hímen complacente e deixa-se violar prazerosamente.

Você tem algum fascínio pela cultura européia e ainda não conhece o velho continente? Viaje logo. Antes que seja tarde.